quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Como era linda a incompreensão!





Sorrisos escancarados, luzes demais, as cores artificiais no céu inibiram as estrelas, hoje é dia de excessos, hoje é o perfeito inverso da calmaria e sinto-me um tanto insano, hoje é o último dia do ano; como pode um dia tão festivo esvaziar meu peito tanto assim, só consigo pensar que não pertenço, que esse dia não foi feito pra mim, alma perambulante num dia material, alguns enchem a cara e vomitam alegria, mesmo assim não me sinto anormal por não sentir como todo mundo, estranho talvez, bem, não é a primeira vez e no meu universo à parte, me vêm traços da infância, quando eu não sabia quem estava cantando, apenas doava meu corpo à melodia, e caso fosse de dançar, desengonçadamente dançaria, fosse de chorar, nem que escondido, choraria, dias de reações naturais e sinceras aceitações, ó, pra onde foram esses tempos, ainda falta muito pra amanhecer e choro por dentro, lamentando a dor que é ter que crescer...

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Lembrar




A bordo de um ônibus chamado "devaneio", lembrei de quando descobri tua existência até a lembrança de quando te escolhi e à cada ausência tua, encolhi; da janela do bus me vejo ali sentado sozinho em um balanço
de parque, assobiando Buarque, estranhos rostos de vozes vorazes, nesse exato momento um "olá" do meu amigo relento, escureceu na cidade, o sobrenome da noite é "saudade", meu olho para o soco e tinta vermelha para narizes felizes, crônicas urbanas de asfalto, um salto para o vazio de um dia frio, o blues da janela do bus...


quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Àqueles que quase se conformaram com o tal do "impossível"...







Doses de incredulidade pelas noites na cidade, a antiga xícara esquecida pela casa ainda com um restinho de café, incertos olhos que um dia fitaram a lua em um triste transe sem saber que a lua encarava-os de volta com desmedida fé, o ar cálido com cheiro de lavanda, perfumando almas outrora inodoras, criaturas das varandas, "perdedores sonhadores", assim caçoava a noite cruel, e assim conspirava o céu, trazendo o que parecia que nunca viria, bem, até então não vinha, outra vez anoiteceu na cidade, mas agora doses de sincronicidade, o amor entre um plebeu e uma rainha...

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Madrugadas tais






Inquieta madrugada insone, palavras sem vozes, rostos sem nome, poltronas silenciosas e mais nada interessante pra se ver, estúpidos programas, filmes estranhos na tv, ode à melancolia, sob a meia luz de um abajur alguém lia, lá fora o luar realçava o sorriso de quem "vencia", ao passo que delatava o vazio de quem se convencia que outra vez não seria dessa vez; alguns poucos veículos deslizavam no rio calmo do asfalto das duas e pouco da manhã, olhos solitários encaravam o teto, sonhando com beijos de hortelã, mãos formigavam por anos, à espera de atenciosas mãos pra dar, quase utopia, enfim a luz do dia, o sol beijou a praia de maré cheia, um coração anseia por uma novidade que seja, amanheceu, a angústia sumiu pelo azul à perder de vista e a pessoa qualquer enfim adormeceu... 

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

O previlégio de ser incomum





Há algum tempo atrás a sorte me odiou demais e a solidão agora menos me rodeia, mas nunca fez minha cara invejar a vida boa alheia, desejei de todo coração estar só em paz, tudo o que eu mais queria era meu lugarzinho ao sol, por muito, muito tempo vivi como um cactus isolado em pleno canteiro de flores, por longos anos, minhas dores foram só minhas, abraços que curam e mãos pra dar que não tinha, em dias invernais fiz meus próprios carnavais, agora digo, que venham os dias frios, agora eu sou um abençoado lunático acrobático se equilibrando no meio fio...

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Sorrir sem






Planos, planos, planos que não faço, nem faço parte, acho que meu destino é ser aquele "loser" que parte sem ninguém nos finais dos filmes, noite alta, o blues do som da gaita e a gratidão de não sentir mais aquela baita falta, Lucy ali no céu com os diamantes, e eu nasci pra ser um mísero coadjuvante, solidão até aonde a vista alcança, expectativa, desilusão, e tendo superado tudo, calmamente mudo, o coração enfim descansa...

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Outras rimas, outros rumos






Outra vez o fim do dia, com o passar do tempo a frustração se converte em sabedoria, a beleza forçada"enfeiando" à medida que envelhece e a pretensiosa certeza por fim desaparece; meu olhar em par com a rebeldia dos teus cabelos em movimento frente ao mar, teu sorrir despreocupado, despretensioso na veracidade da tua simplicidade elegeu-me o dito amante, com uma estrada de amor à perder de vista sob pés outrora fatigados de desesperanças, renovadas forças para retomar as andanças, e assim fizeste da alegria a protagonista do filme da minha vida e a porra da solidão mera coadjuvante, sem foco, quase que totalmente esquecida...

 

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Triste como meus ídolos...








Eu sou o palhaço "fracasso" em plena segunda feira, eis o abismo de mim e cá estou à beira, ó, dia perverso, treinei, tentei, mas não tive sucesso em mais uma tentativa de esquecer o som da tua voz, vontade, mortal vontade de estar a sós sob a claridade da lua refletida no teu globo ocular, disfarça, acho que vou chorar, pois a vida vai perdendo a graça, o tempo passa e a gente se convence cada vez mais que não vence, rumos, rimas e afins, "Todo dia parece domingo", tristemente cantou aquele menino franzino com o ramalhete de flores no bolso traseiro do jeans...

domingo, 1 de outubro de 2017

De instante em instante some!







A graça dos teus movimentos nos momentos mais desengonçados, meu filme cult, meu chá de camomila, as antigas lentes das minhas pupilas te filmaram indo embora há cerca de 1 hora atrás, o ônibus se afastando, a melancolia se aproximando com a falta da tua gentileza, volta a incerteza, vem cá e pega a minha mão e leve-me pra bem longe da terra dos "não's" porque na terra do Nunca a gente voa e é feliz, penso no formato do teu nariz, meus lábios tremem, Deus, como é linda tua imperfeição, meu doce sonho sem previsão, o teto da noite feito vazio à perder de vista, olho pra cima, quantas rimas sofridas para que enfim sejas minha querida?

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Tão, tão perto!






Assombrado, quanto tempo fui assombrado por amores do passado, por incontáveis vezes incompreendido e frustrado, agora solitariamente calmo e isolado, na boca ao invés de um beijo, um bocejo, um sorriso sem motivo, grato por estar vivo, agora tentando sintonizar o canal da tua frequência mental, elevando o pensamento, visualizando minúsculos cavalos marinhos imaginários rodeando minha cabeça de forma ritmada ao som da flauta doce, ah se fosse você aqui à bailar, realmente, além desses devaneios da minha mente, todos os lamentos que depositei na solidão do oceano me garantiram livre acesso à praia desabitada do teu peito e nem imaginas que estou no sal da tua pele, no respingo d'água no teu cabelo, o céu, o sol, nós dois enfim a sós...
 

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

E que venha a calmaria...






Um dia o infortúnio me nomeu "poeta otário", era uma vez meu último amigo imaginário, Bowie  se foi, meu olho não disfarça a tristeza da qual sou cativo, tanto que ando implorando por uma dor de espinho que seja, só pra me sentir vivo, a solitária busca contra estranhas forças da natureza, ó, cidade cor de chumbo como densas nuvens de incertezas num céu sem novidades, acaso, obscuro acaso nosso de cada dia, adia encantos, odeia reencontros, mas hoje eu tô sentindo um cheiro assim tão bom, ilusão ou não, permanecem os devaneios de uma boa colisão...

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Chuva de mudanças






Tardia sorte e aquela velha utopia, outra vez segunda-feira, sei lá, talvez besteira, meu reino por um amor que curta bike e não me cause um baque de dor, os neuróticos aderem à mediocridade temendo uma proximidade que tire do sério e meu coração caótico ao anoitecer, com a mesma oração de um dia deixar de ser; a cada amanhecer à espera de uma chuva diferente, aquela que milagrosamente nos traz gente nova e a vida então se renova, gente sem preconceitos demasiados pra prestar mais atenção na gente, gente pra saber como a gente realmente é, gente pra ajudar a estar de pé, mas confesso embaraçosamente, o tempo passa e cada vez mais eu odeio...gente.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Tempos de inexistência






Ah, que hoje rasguei o joelho do meu jeans e me senti feliz, vestido como sempre quis, aqui da janela minha visão restrita do mundo, daqui eu vejo ruas já quase sem paisagens, cinza e descolorindo mais e mais, daqui eu vejo gente falsamente sorrindo, no utópico desespero de uma  estranha alegria constante, cara, isso me deixa bem down, mas eu preciso parar de protestar inutilmente no meu coração, pois o orgulho é um pedregulho soterrando o canteiro de rosas de simplicidade que embelezavam a cidade e nos enfeitavam o peito, admito, sempre me senti menor do que todos que professei amar e não me amaram de volta, sou revolta sem revide, estou vivo, grato por todas as coisas boas que eu já li, agora uma casa na árvore, eu sou aquele tipo que nunca sai, por uns tempos encolhi e fui morar num bonsai...

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Ansiedades, vãs ansiedades





Surrado, coração surrado, no meu peito uma roseira, do mar à beira e suaves ondas me beijam os pés fatigados de tanta procura, admito, de tanta solidão beirei a loucura, já falei demais, já briguei demais comigo mesmo, alma maltrapilha de Carlitos agora à cores, cores de Almodóvar, cores em sofríveis contrastes com meus dias em preto e branco, ah, se me notasses, ah, quem dera, "Trago esta rosa(para te dar)", Tim Maia, Primavera, e me olhar outra vez não quis, sei lá, talvez não pode, maldito vazio de espera vã e eu aqui doido para que chegue logo amanhã só pra não ser mais hoje...

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

À estancar





Nunca mais a vi, c'est la vie, ora, vejam só quem prometeu não ser só mais uma frustração, fingiu não ter me visto na estação de trem e saiu mostrando ao mundo que estava super bem,  que eu lhe tive apreço, não duvide, dois pra lá, um pra cá e a estrada da vida então divide, lembro bem quando me vi sorrindo sozinho sob um sol vil com pose de imbecil, metido a feliz, eu disse "xis", o acaso disse "se"  e a ex-querida  disse "Foda-se!", mas talvez o vazio logo acabe, como uma imagem no retrovisor, deixando a dor pra trás, talvez nunca mais, mas sei lá, quem sabe, c'est la vie, nunca mais a vi...
 

sábado, 2 de setembro de 2017

Ingênua espera...





Sob o sol de sábado, grato à Deus pela saúde porque mal nasceu o pobre mundo e logo adoeceu; timidamente olhando pros lados, um louco à vista dos dissimulados que atuam no disputado papel de "perfeitamente normais", quantos cortes na alma e quantos "quases", bem, melhor acreditar que a falta de sorte pode ser só uma fase e eles continuam disfarçando o materialismo com o pretexto da "razão", sim, essa gente me olha como mero demente e preveem pra mim um fim trágico, mas ainda assim eu acredito que o amor um dia poderá ser mágico... 

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O pôr do sol também é para os miseráveis...








Manhã fria, é mais um dia, arte da natureza à mãos livres, sonho, utópico sonho de um amor suburbano neste solo de incerteza que piso, mas eu não preciso perder todo o senso de direção, eu não quero deixar de mencionar o termo "coração", agora uma prece, ah, se desse, ah, se fosse possível uma chuva colorida para me tornar visível, poder enfim sair na fotografia da minha cidade ao sol de um dia lindo, ao som da minha canção predileta do Chico, "Buarquear", deixando pra trás a trouxa repleta de frustração que trago nas costas, agora ouça, encontrei uma moça bem parecida comigo pra compartilhar a solidão da cidade, um gole de felicidade na minha velha garrafa térmica, olhei ao redor, estava falando sozinho, pagando de "sem noção", porra, outra vez alucinação, refiz-me na compostura, um bom vagabundo de volta à sua trilha, arte da tarde, céu de baunilha...



terça-feira, 29 de agosto de 2017

Solitários seres amantes





Ah, esses cortes da alma, a má sorte sempre me tira a calma e limita, dia sim, dia não, ser eu mesmo me irrita, quase fim de outro ano e nos versos viscerais daquele poeta urbano:"Chuva cai lá fora e aumenta o ritmo, sozinho eu sou agora o meu inimigo íntimo", irônico, o destino é irônico, mansa e maliciosamente sorrindo de meus pobres ares platônicos e tu sequer sonhava  sobre o efeito que surtia só em cruzar meu campo de visão, Deus, não me deixes surtar  ou morrer sozinho em uma madrugada qualquer, frente à televisão fora do ar...

domingo, 27 de agosto de 2017

Acorda pra sonhar...







Vindo de lugares mui desertos de rejeição, planando, tranquilamente planando, envolto em ares de maresia, é de manhãzinha, sonho do menino  com coração bobo e asas de inseto, olha lá o arco íris entre as duas pontes, olha o orvalho na grama da Praça verde, onde tantas vezes "blue" quis por demais ver-te, agora estou ladeando o pneu de uma bicicleta ligeira que beira o calçadão, ninguém consegue me ver realmente pra entender minha solidão, linda, a paisagem do bairro e tanta gente fingida pra estragar o cenário, havia pousado sobre a estátua, me sentindo deveras otário por não ser amado, e num desequilíbrio, despertei, havia caído da cama, não tinha mais asas, e quis sentir pena de mim, quando lembrei que a minha casa ficava há poucos minutos dali, e subitamente meu pensar não mais me condena, daqui eu vejo o cais...Praia de Iracema...

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Sobre aquilo que cai...






Sexta-feira, paisagens que meu olho inventa,
sou aquele pobre náufrago que quase nada ostenta, 
perdi meu entusiasmo em um navio tragado pelo mar 
bravio das expectativas, agora, sem alternativas sobrevivo 
na minúscula ilha chamada "marasmo", era uma vez planos
para um fim de semana em marte, planos que ingenuamente
fiz mas nunca fiz parte, agora sou apenas um cão sem dono,
sob um céu de solidão sou o velho parque entregue ao abandono,
um incômodo som de sol bem alto, sorvete-catástrofe, oui, c'est la vie,
o maracujá  derrete no asfalto...

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Ah, sim, nada!



Injusta troca, boas intenções por atuações, beleza de vida fingida por toda parte, paciência é uma arte, esperas são sempre uma droga, o fim do dia, cada um com sua sorte ou devido azar e após o longo inverno vem a estação da monotonia, sem jeito, transborda o peito sem ninguém pra amar, e eu super voto que toda moça deveria almejar ao lado um coração sequelado, alguém que na vida já não teve demais, um ninguém sonhando deixar de ser, que entenda de perdas e danos emocionais, aquele meu amigo lá recebeu um telefonema inesperado numa noite vazia de sábado, aquele outro teve um corpo entregue e sobre aqueles meus doces versos dedicados? Bem, eu ganhei a merda de um "obrigado"...

sábado, 19 de agosto de 2017

Um besourinho...






Sou sempre o primeiro a ler tuas correspondências,
claro, na maioria das vezes são apenas contas à pagar
e nada contra felizes coincidências, mas confesso, detesto
o fato de não me acontecerem, falo de cores pra me enfeitar 
por dentro, lamento entre bilhetes e ramalhetes de flores que nunca
poderei te dar, um mísero ser isento de calor humano que se alimenta
de sentimentos que a desprezada sonhadora inventa, ali sem jeito, sujeito
à enganos, voando com certo receio ao redor da tua caixa do correio, eu,
o inseto do afeto...

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Entristeço






É mais um dia na vida do Charlie Brown, mais um dia de alegria 
tardia, lá vem, lá vem setembro e nada à esperar, agora uma brisa 
e uma canção de Marisa pra amargar", Ainda Lembro", e vou cabisbaixo 
pela cinza cidade sob um céu sem grandes novidades, quase fim de agosto, 
mais um rosto pra apagar da memória, outra história que sequer começou, 
no reflexo da vitrine indaga:"É  assim, Deus previne, o homem estraga?",
ah, possibilidades, tudo pode, mas antes de cada anoitecer, a solidão me fode...

terça-feira, 15 de agosto de 2017

"Otariamente"...





Vãs, esperas vãs que fazem desacreditar no amanhã,
entre desencantos, desdéns e desamores, um desespero
por cores, as ondas na praia, o som das gaivotas, damas
e dramas sempre me fizeram sentir tremendamente idiota,
oh não, outra vez aquele pesadelo das borboletas sem asas,
cabisbaixa silhueta no caminho de volta pra casa, sozinho
como de costume, vago sem achar graça alguma no brilho
das estrelas e na luz dos vagalumes...

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Fadado a não ter





Me encara a noite, ei, cara, confesso certo espanto, que merda 
esse sorriso "amarelo" da cidade, tão falso e superficial quanto, 
cá com meu amor de metal, a velha bicicleta, Norah Jones nos fones
porque eu nunca quis uma vida a dois, assim toda planejada, são rimas 
de uma alma calejada, foda-se minha boa intenção, veja as flores no olhar 
que te trouxe por olhos teus de rejeição, okay, ainda te espero, mas sem porra 
de "felicidade", tão doce e duplamente amargo o querer e de largo, outra vez 
passou a reciprocidade...

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

O fim da solidão





Na incessante espera e busca por algo belo no pobre coração me tornara interiormente feio, "receio" era meu nome do meio, foram incontáveis, ó, incontáveis vezes batendo portas estranhas, mendigando sorrisos, catando restos de alegria no lixo de gente que já teve muito na vida, havia um córrego que corria de sófregos olhos, de águas distraídas e folhas caídas de outros jardins em mim, havia um céu de nostalgia cobrindo mundos desinteressantes, e nesse instante um menino sentia e sentava sob a luz de um poste à beira de uma estrada pra lugar nenhum, afim de escrever sobre coisas belas que nunca pode ter, a não ser através da tela da TV, simplórios sonhos, porém inalcansáveis de alguém pra sorrir junto ao final do dia, lia em voz alta porque ninguém ouvia, não
cria mais em 'porríssima' nenhuma, nem mesmo no tal do carma, quando pela última vez olhou o céu bonito da noite sozinho e gritou:"Agora eu só acredito no poder da minha arma!", chovia, era uma vez poesia...

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Chora, poeta!






"Tempos difíceis para os sonhadores", aquela frase batida do filme, preciso estar firme, eu sou flor singular na avenida que não foi vencida pelo cimento, distantes sonhos concretos e eu não consigo lembrar quando firmei aquele estranho trato com o acaso de viver de abstratos, já são anos sem muita proximidade, sorvete, uma casquinha dividida, aquela penosa espera de simplicidade, braços dados com a desventura, escassez de abraços, reles criatura em sua vida de desfoque, um poeta incolor, quase um fantasma sem peles, nem toques

domingo, 6 de agosto de 2017

Ventos de abandono






Todas minhas expectativas viram história, ah, esses desdéns deveras desgraçados que não saem da minha trajetória, seja como for, sempre à espera da tão distante primavera, ah, quem dera amor, sempre com o rosto nos restos da alegria alheia, um mendigo, um poeta com a estranha maré de melancolia no mundo do globo ocular e ninguém mais quis ir lá, das sombras às sobras, a esperança de pé na cova, a alma em trapos, meu reino por uma roupa nova!

sábado, 5 de agosto de 2017

Os devaneios de quarto num sábado à noite





A espuma sob pés tão fatigados de vagar por terras áridas,
o mar reflete na pupila, mentalizo um odor floral, meio romã,
meio camomila, odores teus, odores teus, ei você, olhos de litoral,
te escreveria, contigo perambularia por intermináveis noites serenas, 
será que não existes ou apenas está aonde não deveria, mas Deus sabe, 
ao amor nunca disse "jamais", olhei ao redor, quanta superficialidade, 
simplicidade, onde estais?

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Antes de um possível começo e triste fim!





A solidão é minha dona, cá estou pedindo carona, 
lugar qualquer que não me faça lembrar, eu só queria estar em paz, 
mesmo sem um par, eu só queria nunca ter estado lá; eu queria gritar 
ao mundo que as pétalas macias da tua pele ferem mais que uma chuva 
corrosiva numa noite de sábado, saibam, esta moça não precisa de objetos 
cortantes para abrir uma cratera e sugar toda primavera interior, ó, que dor,
agora estou aqui de volta ao passado, sóbrio e só, numa tentativa desesperada
de me antecipar para que não chegue à ti aquela primeira carta de amor que escrevi...

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Polaroid ocular





O vento sopra, os anos passam e eu só me fodo, oi, eu sou um desenho mal feito numa parede sendo vencida pelo lodo, a maldição que é ter que crescer, viver se acostumando a não ter, esquecer e perder, entender que uma tórrida chuva de lágrimas não fará crescer sementes de amor em tristes terras mortas de esquecimento e rejeição, ai de mim que tenho coração, ode ao tosco, ódio ao falsamente chamado "perfeito", mas confesso sem jeito essa incessante fome de simplicidade pela cidade, "Viver é foda, morrer é difícil", à sombra de frios edifícios, dessa janela de ônibus eu quis chorar com a calma visão do mar...

domingo, 30 de julho de 2017

O ódio de ser eu mesmo!





O tempo passa e a gente quase que se convence 
completamente que não vence, sonho de um doce romance,
ingênuo como em filme antigo, cai a noite, a solidão me chama, 
ah, como eu gostaria de ser amigo do bendito amor que não me ama,
hoje eu queria muito ser como uma pedra que não se parte na queda,
que em nada se comova, que nem o mar mova, oh, não, outra vez amanheceu,
lá fora o sol zomba da minha estúpida falta de sorte, ai de mim que tenho que ser eu!

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Alguns segundos com um vadio tatuado...







Amanheceu, eu disse "xis", estufei o peito afim de mostrar o coração e fiz aquela selfie com a minha imaginária câmera de última geração, bem aventurados os que se arrependem dos sorrisos que negam, almas nubladas, almas chuvosas e almas raramente ensolaradas, mas hoje eu tenho alma de maresia, tentando ser honesto com a cidade, confesso, tenho cá minha cota de maldade e o mar para sarar feridas e afastar mandingas que impeçam possibilidades de alegria dividida, eu sou um vadio com um interminável vazio no peito, pesadelo de quem muito tentou e nunca pode fazê-lo desaparecer totalmente da mente, algumas vezes já ouvi"Por que não te conheci antes?", talvez eu seja até o sonho ambulante de alguém que um dia me conhecerá, sei lá, será?

quinta-feira, 27 de julho de 2017

The end






Ah, quantos corações de avenidas desertas pela cidade,
status: Em relacionamento sério com a saudade, diário de asfalto, 
vago para esquecer, uma flor à beira da ciclovia me fez lembrar você, 
aquele teu sorriso triste que meu peito insiste em trazer de volta à memória, 
o triste término de mais uma história, a última volta, nosso último passeio 
juntos, a gente tão sem cor e sem assunto, foi assim, João sem Maria na letra 
de Chico, "E agora eu era um louco a perguntar o que é que a vida vai fazer de mim?"

terça-feira, 25 de julho de 2017

Vida de fugas




"Sempre" é a idade da tristeza, "quase" é o amor em estado gasoso e "nunca" é o espaço entre meus lábios e a tua nuca, ah, essa maldita distância que já esteve entre tantos "dois", impedindo a tão sonhada vida a dois, bem que o teleporte já poderia ter sido inventado, mas é que para alguns a sorte é uma moça sem rosto que reside no perfeito lado oposto da cidade, já me desesperei tanto por imediatas curas interiores que acabei me viciando em novas dores, confesso, não é nada divertido, mas todas as minhas tatuagens foram feitas para substituir a dor de um coração partido.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Merda de realidade!





Antes de mais nada aviso que não será divertido, as tristes palavras do introvertido à menina multicolorida, olá, querida, sozinho fui ao teu mundo e voltei em questão de segundos, em questão de instantes "acinzentei" o lado mais bonito da cidade onde moras, desbotando, "enfeiando" tudo lá fora, com receio, quase me aproximei da tua caixa de correio, mas voltei à si e desisti do bilhetinho, precisava parar de me preocupar tanto com a ortografia, precisava desesperadamente parar de olhar tua fotografia, era fim de tarde, lembro quando trouxeste a noite na tua surrada mochila, armou tua rede de uma extremidade à outra da lua e enfeitou minha rua com a tua silhueta, adormeci na tua nuca na esperança de nunca mais acordar, pensava eu estar suspenso no ar, quando na verdade estava caindo, saindo na tua vida num brusco traço de Frida, o chão se aproximando e eu acordando, miserável sonho, olhei por cima do ombro, estava novamente sem asas, olha o panaca como sempre sozinho de volta pra casa...

sábado, 22 de julho de 2017

Conversa comigo mesmo







Cai, cai, primavera, quão solitária é a saudade e bela com suas folhas espalhadas pelo asfalto, devaneios da imaginária amada, você seria "ninguém", eu seria "nenhum", há bastante em comum no vazio do quarto da garota e a garoa de uma manhã triste em São Paulo, um grito histérico de uma janela de apartamento, "Chega de amor genérico", fodam-se as contra indicações, não é mera frescura, eu ainda creio que para mim há cura, eu sou tipo um hipocondríaco com estranhas palpitações no peito, sozinho e sem jeito, sonhando em como poderia ser legal nós dois, mas é que eu ainda nem te conheço, essa é a parte que sempre esqueço, verdade seja dita, viver é um risco, a tímida única lágrima no olho e aquela velha desculpa do cisco...

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Versos sofríveis






O mar mentolado, o céu nublado, as cores do dia se foram, há sempre alguém morrendo de amores, há desespero de novos planos pra deixar alguém para trás, ébrios em prol do esquecimento, lúcidos sofrendo em lamentos, gente doida pra ser lembrada, gente à espera de nada, diferentes mundos, dores semelhantes, "Nada será como antes", lembrando Elis da forma mais infeliz, meu pobre olho assiste e sente, mas nunca vive, tive e perdi, nunca mais te vi, todo tipo de gente, só não existe mais " a gente", a balada do desamor, um blues para corações carentes, há uma roda punk no elevador, a saber, minha conturbada mente, olha quantas moças nas janelas espalhadas pela cidade à espera de amores paupáveis, olha quantos dispensáveis gentis e sentimentos profundos nos vazios bancos de praça pelo mundo...

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Menino-fracasso procura dona moça simplicidade...






Sob o gargalhar da lua o vazio dela transparecendo, 
cruel frio da rua e incertezas, de tristezas bem entendo,
tenho pés calejados, aquela dura busca já de longa data,
estranhamente quem lhe cativa é quem mais te maltrata,
é foda, mas tem nada não, à medida que envelheço, reconheço, 
nasci para esperar, ao menos poder crer que um dia irão desaguar 
e águas de melancolia hão de ser um dia águas de mar, é muito sério,
desabafos e tal, estou cansado pra caralho de ser mendigo sentimental,
hoje eu ateei fogo no meu velho chapéu de prenda e me senti menos só,
tantos lindos rostos pela cidade e não achei simplicidade, mas declarei
em alto e bom som, quero mais "farelos" de coração não, ó!

 

terça-feira, 18 de julho de 2017

A graça da aceitação






Sorrir por uma noite é o limite, ilusões de momento, tormentos na manhã do dia seguinte, certamente o sol virá sarcástico, afim de zombar de quem dedicou o máximo à quem não merecia o mínimo, dói demais perder por motivos banais, sabe, é tão cruel voltar a ser insignificante para quem um dia, ainda que por meros instantes te fez sentir maior,  agora frente ao mar, atira pedrinhas ali tão só, agora já nem importa quão ensolarado fora o dia, permanece aquele lugar isolado, tipo uma ilha no peito chamada "coração", alívio, ó vinde, ilusões de momento, tormentos na manhã do dia seguinte...

domingo, 9 de julho de 2017

Diferentes ângulos






Naquele básico desespero de novas sensações e voltar a ficar bem, a menina virou "chocólatra", o velho sonho de um dia ser alguém para outro alguém, entre tentativas frustradas e desencantos, cada um pro seu canto, agora é percorrer o longo caminho até o recomeço e incontáveis horas de agonia pra se ver livre do paranóico apreço, viver sem é possível, basta se convencer e contentar-se à condição de sonho de ninguém, à distância me enamoras, te salvar e por ti ser salvo, raiou o dia, a quase que plena certeza que ela apenas me repudia, encaro o nada, mal sabe ela, mas daqui me entristeço porque outra vez a perdi de vista, a utopia de um sentimento bobo, a tímida dama triste e o cavaleiro pessimista...

 

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Resta pedalar...






A noite é um veículo em movimento e ela sempre 
se sente ficando pra trás no retrovisor, as cores, as formas, 
os encaixes, poucas normas e vários assuntos, pessoas que ficam
muito bem juntos, à luz do luar e solitária ela indaga em que braços 
caberá, alguns anos já de alegria alguma dividida, a fé afina, a menina 
diminui, na porta do quarto o aviso de "Fui!", partiu#vida de vagar, a coluna 
ereta, a velha bicicleta, olha o céu, sem um corpo junto ao seu, resta pedalar...

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Please, não odeiem os que sonham!






Alto mar, o fim da tarde, e a casa flutuante à deriva, não sabemos mais onde estamos, tão docemente perdidos na vida, de cais nem queríamos saber mais, ríamos, desistindo de chegar à algum lugar, confesso, contigo me sentia bem mais esperto, nossa única meta era estar perto, e então o mar bravio, ondas, cruéis ondas que nos separavam, olhares se distanciavam, tristonho acordei num quarto vazio, foi apenas um estúpido sonho; batalhas pela cidade, amor versus mediocridade, no meu caso o primeiro sempre perde, as estações vão mudando, algo no caminho impede reais aproximações, e eis a noite, lábios se encontram, mãos se dão, do meu mundo eu vejo belíssimos começos e não esqueço como tudo acaba pra mim em questão de segundos, me restam versos de desilusão, mas hoje eu preferi a luz da lua à luz da televisão... 

terça-feira, 4 de julho de 2017

Outra vez virei saudade...








Doces, coisas doces que há muito me faltam, e enquanto isso no mar as ondas bailam numa dança solitária, à moça imaginária mundo afora, Cartola, "As rosas não falam", em algum lugar da cidade aonde tua vista não alcança eu sou a criança de asas amputadas, cá estou cambaleante no topo do prédio em forma de "T", olho pra baixo, caralho, são vinte e cinco andares de puro tédio! Tente lembrar de mim em dias ensolarados, pois quase sempre ficava melancólico quando o céu estava nublado, tente lembrar de mim ao escrever bilhetes, ao tomar sorvetes, com ternura ante ramalhetes, tente lembrar de mim quando não estiver afim de sair ou mesmo quando não tiver pra onde ir numa manhã cinza de domingo, imagine como seria a calma da minha alma ao te ver dormindo, imensamente te agradeço se puderes me achar onde há simplicidade, já parou pra pensar quantas vezes na vida tu virou saudade?

domingo, 2 de julho de 2017

Porra, eu não quero mais ser inivisível!








Escravo da minha mente e de um coração que sempre mente pra mim, assim, de nua e crua sacanagem, legítimo inimigo íntimo, Deus, aqui dentro quase sempre faz muito frio, anos à fio sem amores, mas que seja como cantou Caetano anos atrás, "Trem das cores", "O mel desses olhos luz, mel de cor ímpar", a janela da cor de violeta da tarde entreaberta, anoitecendo, nesse exato momento alguém me esquecendo, eu tô tentando desesperadamente sumir da face da tristeza na velocidade da borboleta ladeando o pneu da minha bicicleta, a cidade escurece, eis um protesto à condição de invisibilidade, eu vou me jogar no mar com bike e tudo, só volto quando ela enfim puder me enxergar!

sábado, 1 de julho de 2017

Acordar...






Permanece a velha solidão em meio à multidão e preciso muito aprender a ter respeito aos acasos, principalmente àqueles que desbancam meras lógicas, noite passada choveu, olha o meu reflexo triste nas poças, que possas sentir o mesmo, quero não ser encontrado por nada que meu peito não identifique por recíproco, graça, sumir do radar da mediocridade, desejo à mim mesmo tranquilidade e tempo para crônicas, a maldita sorte sempre me sorriu de forma irônica, mas começo a entender que estarei à mercê de tudo quanto puder me convencer, continuo aqui do lado 
vazio da calçada do mundo, contemplando a tal da felicidade à distância, morrendo de saudade da infância...

quinta-feira, 29 de junho de 2017

E assim fomos....







Ó triste e dura vida, do mar 
eu vejo o avião que na tela 
se minimiza, despedida, da janela, 
a moça vai sumindo e aqui embaixo 
o menino se inferioriza, sempre às voltas 
com a frustração e até hoje não me coube 
saber porque sempre acaba, hirsuta barba 
do filho da puta favorito da solidão, linda noite 
que à tantos ilude, da quietude do meu mundo 
estranho eu nunca tive a malícia necessária, previsível 
e invisível, de abraços frouxos e esmolas sentimentais vivi, 
me vi sozinho com a lembrança daquele chorinho, ringtone 
do seu telefone, olhando o retrato dela pela última vez, beijei 
e disse "baby, tenha uma boa vida", e com o vento, o tempo voa,, 
na quietude do meu mundo estranho parti sem nunca ter ganho...
 

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Só me cabem os "pelo menos"...







Chuvosa, chorosa a cidade sob um céu 
sem novidades, sem cores de arco íris, nem flores 
pelo caminho, enquanto sigo sozinho e meu olho 
não disfarça a tristeza da qual sou cativo, a vida 
anda tão, tão sem graça, sem rosas, que chego à implorar  
por dores de espinhos só pra me sentir mais vivo, do amanhã 
não se sabe, por isso não me cabe a plena certeza, a solitária busca 
contra estranhas forças da natureza, acaso, obscuro acaso de cada dia, 
adia encantos, adiós, reencontros, as cruéis ilusões revoltam, amores novos 
não chegam, antigos amores nunca mais voltam...

terça-feira, 27 de junho de 2017

A balada do desamor contra sonhos suburbanos





Arte da tarde, um céu de baunilha
sobre nós, os desprezíveis diferentes,
a balada do desamor no radinho de pilha,
um blues para corações partidos e carentes,
quanta sorte em lábios de sorrisos forçados,
os perdidos e seus devidos anos desperdiçados,
por que para alguns a vida tem que ser assim,
Deus, será que algum dia me livrarei de mim?
Mar de ondas, céu de pipas, as nossas iniciais
escritas numa antiga árvore, à favor do amor,
tempo, contra meus punhos cerrados, mármore, 
entra ano, sai ano, sonhos de amores suburbanos...

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Versos anti vulgaridade







Oh, interminável inocência, tantos amores 
que meu olho inventa, essa maldita carência 
sempre afugenta antes mesmo que descubram 
quem eu realmente sou e assim todos os "sãos" 
se vão de mim; olá, meu nome é passado, toda essa multidão 
de palavras e sentimentos descompassados que saem no desespero 
de pôr um fim na solidão fazem de mim apenas um desafortunado
amante tentando em vão, a confusão é minha dona, ah, doce ilusão, 
nessa vida de merda és a única que não me abandona, e na incessante 
busca por um amor frágil, medos de não demonstrar vulnerabilidade, 
lamentos de fim de tarde, doce brisa anti vulgaridade, e como cantou
Marisa, "Não é fácil"...