domingo, 30 de agosto de 2015

Despertar de um mentecapto



Falta pouco para o meio-dia,
estou enfim acordado, meio
atordoado por mais uma manhã
perdida, mas sinto o princípio de
uma alegria vã, acho que pelo mero 
fato de estar vivo, um tanto "sem sal", 
incontáveis dias sem sol e já alguns meses 
que convivo apenas comigo mesmo, o meu
peito é o típico lugar ermo, uma avenida num
domingo e assim vai indo a vida, sem grandes 
mudanças, sem mais novidades, olho em volta, 
é a cidade onde eu nasci, sinto a nostalgia de uma 
distância, mas como de praxe nem foi eu que esqueci, 
era Radiohead tocando nos meus headphones mas eu 
tive que trocar por um chorinho, é, vou sozinho mesmo,
prefiro a leveza de não ter em quem  pensar do que o peso 
de um desprezo, a palidez da tez sob um honesto dia azul,
incontáveis dias sem sol, dó, ré, mi, fa, e a rua ainda me 
parece estranha, tô quase chegando, a visão do mar me 
ganha, me faz querer assobiar...

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

terça-feira, 18 de agosto de 2015

O sonho da casa flutuante



Alto mar, uma casa flutuante, um jardim, um quintal, que tal?
De amores sofri bastante, hoje te inseri no meu sonho da casa
na árvore, modesta, até feínha por fora mas com chão de mármore,
paredes claras, cores suaves, a nossa cara; afago teus cabelos negros
em um demorado cafuné, né, e meus dedos deslizam entre teus dedos,
dadas as mãos à vista da calmaria, o oceano, nossos pés na água fria do
fim da tarde e a casa lá, à deriva...não sabemos mais onde estamos, tão
docemente perdidos, de cais nem querendo saber mais, desistimos de chegar
à algum lugar, nossa meta era simplesmente estar perto, confesso, contigo me
sentia bem mais esperto, então eis que as ondas se enfureceram, partiram nosso
lar em dois, a maré fez de nós náufragos, desesperadamente prefiro te ver pela
última vez até do que viver, enfim bati em algo sólido, imaginei uma ilha, filha, quanto
tempo não te via, acordei na cama vazia...


quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Mundo de safira


Safira contra duras paredes
de jade, através das grades
do portão que dá acesso à rua
inocentes olhares infantis encontram
olhares vis do mundo lá fora, mora numa
casa com o desejo imenso de ser de lugar
nenhum; pintas pretas no corpo, sorvete de
flocos, um ser feliz sem precisar de uma espécie
de foco, ser feliz porque se não for assim não tem
sentido, mesmo não tendo bom senso, penso muito
e sinto a maldade ao redor, e ela nunca soube o que
é estar só, abana a cauda ou se esconde sob a cama,
não importa quem não gosta, recompensa quem a ama
com genuína lealdade, através das grades do portão inocentes
olhares infantis não temem a insensível e malvada cidade...

sábado, 8 de agosto de 2015

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

A meta era sermos bobos juntos



Paisagens ficando pra trás,
veículos em movimento, e a
estrada é o passado persistente
em uma angustiada mente; um par
e planos desfeitos, teu sorrir não me
diz mais respeito mas não posso dizer
que não me importo, verdade seja dita,
dói pra caralho rever aquela tua selfie com
um pouco de mousse na pontinha do nariz,
confesso, tenho ouvido Elis demais e até quem
não me conhece percebe que estou remoendo,
esta noite a lua está mais cheia do que nunca e
eu tô pouco ligando praquilo, ah, intranquilo, a
última visão da tua nuca, o fim da rua e você desaparecendo...