sábado, 27 de julho de 2013

"Biclaração"(Declaração de amor através da caneta bic)



Afim de que fiques, ei, psiu,
planejei um vôo secreto pelo
céu de papel anil à bordo de
uma caneta bic, solitário inverno
naquela folha de caderno pela metade,
a tarde rasgada ao meio, e até hoje
me pergunto por que cê veio, por que
diabos não inventastes um pretexto pra
que esse nosso pequeno drama nunca tivesse
existido, e por que raios tua boca traz-me a libido
de um vampiro, sede, insaciável sede; vede o quão
dispensável eu me sinto, olha a chuva do meus olhos
que molha meu interior e faz do meu peito úmido, ao
menos tenho por consolo o fato de não estares aqui
nesse momento, nesse frio quarto vazio, baby, o céu
da minha boca está nublado sem a tua, e não é à toa
que a borboleta atua, finge com o dia que tudo ao redor
ainda é primavera, ah, quem dera, mil dias atrás que te
vi antes da perda, grande merda, mas só pra constar...
te escrevi.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

A memória mais doce...



Tanto querer,
e o que talvez nunca
haverá de ser; o som
da tua voz pela cidade
é meu canto da saudade,
entretanto, o encanto que
tivemos foi um sonho que
sonhamos cada um no seu
canto, quando a gente se
encontrava fora do alcance
do mundo, ninguém nos achava,
e achávamos graça como ninguém,
João, Maria e os doces, amém, olho
em volta e não te vejo mais, mas fico
com nossa melhor memória, daquilo
que aparentava um belo começo de
história, engulo o choro, lembrando
de você deitada no colo, beijos no olho...

sábado, 20 de julho de 2013

Saudades básicas...

Ensolarada tarde,
borboletas estomacais
talvez nunca mais...
é com pesar que esse desolado
amante com o paletó amarrotado
e sem gravata se põe à lembrar daquele
lindo nariz de batata, era uma vez, mais
de um mês que caí em um buraco, das
covinhas daquele rosto macio, e tão, tão
vazio ali dentro, com desdéns até do vento,
queria poder sair, não, queria ter nascido ali,
solitário e seguro, prisão sem muros, a lembrança
das tuas imperfeições perfeitas traz-me canções à
memória, daquelas que evito ouvir faz tempo, queria
saber que ela não me esquece nesse exato momento,
um triste "olá" do meu fiel amigo relento, escurece na
cidade, o sobrenome da noite é saudade, noite alta, faz-me falta...

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Sinônimos & anônimos

Tolos à noite,
no mínimo dois tristes
por andar em solidão
mal dividida, sem saber
no que vai dar a vida;
são vinte e duas horas,
lamentos nas janelas de
apartamentos mundo afora,
a bucólica vista da cidade
católica, tava escuro, mas
eu juro que vi um anjo de
blusa com listras, a menina
sentimental à chorar no ponto
de ônibus, nuvens de chuva
nas lentes dos óculos, um salto
pro vazio, e eu cá com as minhas
crônicas urbanas de asfalto, um
poeta ingênuo de bicicleta tentando
sarar dos açoites de frustração, cora-
cora-coração, tolos à noite.... 

domingo, 14 de julho de 2013

Efêmero incomum de dois gêneros



Perdoe se soar piegas, mas eu conheço aquele olhar,
um céu lindo e sem mais planos de alguém pra estar,
eu vi um avião no reflexo do olhar do garoto de entregas,
vi dele saltar um vilão em plena manhã de domingo, quem
dera o para-quedas não abrisse, ah, se eu lhes dissesse quem
era...
sim, era ele mesmo, com trajes de melancolia, aquele maldito
sentimento efêmero, amor, o incomum de dois gêneros, e eu sou
só mais um à procura de alguém pra tratar desse assunto, um triste
azul sem tamanho, queria alguém pra ser estranho junto, dividir algo
docemente tolo, queria deixar de ser que nem enfeite de estante, notado
por alguns instantes, e em seguida volta à condição de dispensável, como
eu tô cansado de ser tão amável assim, ó, amiga solidão, chega de usura,
eu quero incendiar a doçura que há em mim!! 

sábado, 13 de julho de 2013

Eu caí...

Aquele adolescente
com uma camisa fluorescente
lhe ofereceu um belo almoço
com música ao vivo, aquele outro
moço bonito te levou à um passeio
pela cidade de automóvel semi-novo
e uma caixa de bombons do lado, olha
eu ali parado na calçada, acho que vai
chover de novo sobre mim, uma nuvem
escura me acompanha nessa manhã de
primavera, volto à minha cratera sozinho,
machuquei-me na queda, meu bem, perdoe,
eu só tenho flores colhidas às escondidas em
algum jardim  alheio, no meio do caminho havia
uma pedra, havia uma pedra no meio do caminho...

quinta-feira, 11 de julho de 2013

A melancolia do fim do dia...

Ei, moça,
onde quer que esteja
ouça em alto e bom
tom o som do lamento
desse meu amigo vento,
que triste sonha junto comigo
há muito, muito tempo, enviando
apelos e trazendo-me lembranças
do cheiro do teu cabelo; sob o sol
da tarde que arde cá estou, sóbrio
e só,  lá vem, lá vem de novo a melancolia
do fim do dia, novamente volto  pra casa
sem asas, e antes de fechar a porta penso
em amor por alguns segundos, de quanto
mais eu prezo, mais desprezo eu tenho no mundo...

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Três e pouco...

Madrugada, três e pouco,
quase, quase louco, me reviro
de uma extremidade à outra da
noite, que jájá será manhã; me sinto
menos esperto aqui olhando pro teto
no âmago do meu abandono, um cão
sem dono e sem sono em busca de alguma
alegria no escuro, procuro mas não acho,
nem mesmo embaixo da cama...eu só consigo
ver quem não me ama no vazio do meu universo
restrito, eu só consigo lhe ver feliz, dançando ao
relento, tento, mas não grito, paro e converso,
quero saber sobre teu dia, você não dá bola, apenas
rodopia, ouço um pingo distante na pia da cozinha, cê
parece muito bem sozinha, sinto gotas vindo após o
meu olhar de apelo, ufa, foi só um pesadelo, despertei
com o peito cheio de "nada", três e pouco, madrugada...

sábado, 6 de julho de 2013

Inocência floral...




O mundo ri do meu andar
desajeitado e da minha falta
de formosura, mas meu coração
não nega a ternura que é esperar
lhe ter de volta ao lado, adorno no
bolso do meu paletó brega, doce
imperfeita, vem e enfeita as janelas
escancaradas da minh'alma triste, ó
tu, serena flor do vaso, eras uma chata
quando pequena, tornou-se adolescente
inocentemente solta, se puderes volta,
se quiseres, caso...

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Volta à fotografia

De volta ao ponto zero,
desejando novamente um
conto de amor sem muitas
dores, tempo para não, mas
bem quero flores para onde
quer que fores; voltei à viver
na cidade de terrenos acidentados, 
sem sons, de bonitos rostos em tons
acinzentados e em preto e branco, no
canto do olho perdi teu canto de vista,
antes mesmo de dar alguma opinião no
que melhor te vista, perdi minha amante
amiga, socorro, estou preso outra vez em
uma foto antiga, desejando novamente um
conto de amor sem muitas dores, quero cores,
quero cores, Deus, EU QUERO CORES!!!