sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Doido doído, pobre esnobe...

Doido doído, fim de festa, 
o frio e o vazio entreolham-se,
a má sorte encara o rapaz descolorido
conhecido como incapaz, portas e tortas 
na cara mais sorvetinho na testa; sorriso 
bobo, assim, meio louco quando perde e 
nada pede, coração deformado e conformado!
Pobre esnobe sob a luz dos holofotes da tv ao
final de cada dia, a simpatia outra vez adia o 
encontro com ela, virou o rosto pra gentileza
e deu de cara com o desgosto, chora sob a mesa
sem sobremesa, pobre moça insossa em seus lamentos
pelos cantos na falta de superficiais encantos, rejeição
de pessoas especiais, ignorados e ignorantes, água e
vinho, doido doído, pobre esnobe, ambos sozinhos.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

domingo, 26 de janeiro de 2014

Sempre fica melhor quando simplifica....

À cada queda,
à cada perda...
sobrevivendo às
indiferenças pelo
caminho, a diferença
 entre flores artificiais
sob chuvas de granizo
e flores nascidas à beira
de rios, imbecil, rio sozinho;
o que eu desejo, o que eu
preciso, o que eu não vejo,
o que invejo, o que eu não
tenho ou nunca tive, lugares
onde nunca estive, nem estarei,
sei, um dia os "nadas" cessam
e viram coisas que interessam,
ao menos algo, um dia o álcool
se converte em perfume e onde
havia incêndio haverá uma ciranda
de vagalumes, um dia a dor vira dó
e nasce uma canção, um dia a pedra
chamada "frustração" é removida
e a gente sai da caverna de miséria,
a coisa séria fica serena, a coisa pequena
passa a significar, feliz até por encontrar 
uma reles moeda, e assim a gente simplifica 
e melhor fica, à cada perda, à cada queda...

sábado, 25 de janeiro de 2014

Sonhei que havia deixado pra lá...

Águas tranquilas nas lágrimas da tarde,
chove no mar, e eu fui lá pra passar despercebido,
afogar os maus pensamentos, deixar afundar os lamentos
das memórias que ainda restam de ti, sim, eu fui lá pra chorar
escondido; leve, eu sou um recém-nascido a flutuar na piscina
da minha mente vazia, sou um golfinho surfando sozinho em ondas
cinzentas, a menina dos olhos senta pra brincar em paz, sou um desprezível
artista em par com a natureza, sou o travesso menino invisível à um palmo do
topo da árvore mais frondosa da cidade, as gotas nas folhas, as bolhas no céu,
por toda parte é oceano, mais de dez anos que não a vejo, mas não deixei de
ser seu, invejo animais irracionais sem precisar esquecer ninguém, é, até que vou
bem, tô ouvindo um som estranho, é a água do chuveiro, acordei de um sonho bom,
 e o sol se foi, adormeci no chão do banheiro...

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Melancopsicodelia

Restos de um ramalhete,
o estrago de um coração 
de flores pisoteadas, trago 
um lenço no bolso, o esboço 
de um bilhete de amor pra 
nunca ser entregue e mais 
nada; o mar suspenso de um 
céu de incertezas e brilhantes 
estrelas marinhas, o pesadelo 
de não tê-la, foste um dia minha? 
A psicodelia da minha melancolia
na solidão de um coletivo há poucos 
minutos da meia-noite, um bocejo ao
invés de um beijo nos lábios, e talvez 
até esteja sendo visto através, me sinto
um fantsma em um estranho ônibus de 
pessoas sem rosto em pleno mês de agosto, 
sem sorte, cortes, açoites, me sinto como 
absinto escorrendo pela goela da bela noite...

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Os beija-flores

Calma chuva 
perfumada sobre 
a terra morta do meu
peito maltratado, lares 
desfeitos pelo mundo, 
fim da ternura, sou só
mais um fruto de desventura;
pomares e jardins que um dia
houveram em mim, quanta, mas 
quanta saudade da idade da inocência, 
falta, uma fogueira alta, uma casa abandonada 
incendiando, mas meu socorro está chegando, 
amores vãos se vão e eu fico, ó, paz de espírito,
vinde à mim num exército de beija-flores com água no bico...

sábado, 18 de janeiro de 2014

Maldito esquecer(Conto com o tempo)

Conto com o tempo,
um conto e contratempos,
a dor em meio ao pecado que
é desamar um coração desarmado, 
eis a oração dos mal amados dessa
noite, dar meia volta no sentir, chorar
afim de um dia poder voltar à sorrir, 
uma cicatriz a mais, uma avenida de 
lembranças para ser deixada pra trás;
conto com o tempo, nem angústias, nem
astúcias, era uma vez nós dois, mas depois
a cratera se reduz à minúcia, um jeito no
peito perfurado, atenção e band-aids até
que se ache graça novamente no céu estrelado
sobre a praça, pra fazer as pazes com o vento
conto com o tempo...

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Sombras, sobras e língua de sogra

Acordo à bordo
de um elevador que atravessou o térreo,
e nem sei bem por que estive naquele prédio,
eu tô nas profundezas do tédio e não vejo graça
alguma no carnaval que passa na avenida, a cidade
se diverte ainda, e meus confetes já são de cinzas;
é engraçado sorrir sem aparentes motivos, não tenho
parentes, meu santuário é o sanatório invisível onde vivo,
ninguém me visita, ninguém me irrita, sou pouco aceitável
por não ser lá tão sociável e pelas mãos vazias, um terno
surrado, um rosto suado, sujo, mas de alma "potável", caso
precise, desinteressante vagabundo com sua antiga valise de
rimas pelo mundo, tenho o pulso intacto e um bom pacto de
amar o mar, maltrate, maltrate, maltrate-me, atira-me das alturas,
ponha minha cabeça na guilhotina da tua rotina, sem colo, tortura
que for, no solo onde derramar meu sangue brotará uma flor...

sábado, 11 de janeiro de 2014

Crônica de guardanapo(O lamento da garçonete)



Rádio-tédio por trás do balcão, 
Billie(Holiday) geme num chiado de am, 
e o reflexo do triste olhar distante na pequena 
poça de refrigerante da mesa do canto da lanchonete, 
garçonete...entre rostos de gente estranha o dia todo, 
uma chuva corrosiva nas estranhas do seu sofrer, um raro 
sorriso sincero custa caro, refeição, gratuita só rejeição, e o 
pensamento lá onde sua alegria se esconde, à saber, nas curvas 
traiçoeiras de lábios que proclamam outros nomes que não o seu, 
versinhos de guardanapo:"Sou tudo aquilo que sonhas mas como 
saberás se não me olhas, sou a água do céu que te molha, trazendo 
frescor ao teu rosto, eu sou o desgosto que carregas, eu sou o amor  
que te rega até que tua chave gire na porta, e tu te escondas na casa 
afim de que não correspondas às minhas doces brasas...", finda o dia, 
lamentos, a simpatia adia a visita ao seu apartamento outra vez,  na 
geladeira uma bela torta de banana, ela quem  fez na esperança de 
enfim agradar seu secreto amante no fim de semana, quase um mês,  
e ele não se dá à conhecer, se pega chorando na pia da cozinha, pensando 
se ele realmente existe, um banho, um livro e um beijo suave de brisa antes que adormeça, a serenidade de um jardim particular na cidade dos sonhos para que outro dia esqueça...

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Seres de sexta...

Rimas de calçada, 
versos do asfalto, 
a inocência das cores 
vivas na face rosada 
e úmida, as lágrimas 
da criança sobre uma 
ave morta na caixinha
de sapato, a beleza de 
uma dor dividida no fim 
da vida e a flor da simplicidade 
sobrevive aos rigores da cidade, 
brota no peito do bonito ser que 
se importa, o concreto, o contraste, 
o cheiro de pizza na avenida, o desespero 
de prazeres e alegrias no fim do dia, os
restaurantes cheios de fantasmas sem cores, 
as pessoas passando através umas das outras 
na solitária noite dos amores medíocres, dívidas, 
dúvidas, um salto para o nada, versos de asfalto, 
rimas de calçada...

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Dia do louco

Quantos lúcidos sonhos e orgasmos múltiplos
pela noite na cidade, e tudo que eu trago é um
vago olhar e uma alma em espasmos, estou morrendo
com calma por dentro e sorrindo, estou ouvindo um doce
som ao longe, e parece muito com a primeira vez que ouvi
tua voz chamar meu nome ao telefone, as músicas, nuances
de antigos filmes de romance, mãos que ingenuamente se dão
nos primeiros encontros, e eu sou apenas o herói de um conto
triste, termino sozinho no final, a luz da lua reflete no veículo que
desliza calmamente pela madrugada, não sei quem está no volante,
nem como cheguei aqui, clímax, amantes perdem a fala, eu? Eu
tô sorrindo esquecido na calma do porta-malas...

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Fábulas e fobias

Eis o fato: 
tento, lamento, 
mas não consigo
lembrar quando 
me tornei um rato; 
uma pena, a cena é 
triste sob a tua cama, 
"namorada em coma", 
mas ela apenas me esquece 
enquanto adormece, o doce 
movimento dos olhos em calmos 
acordes enquanto sonhas, eu sou 
o estranho anjo à velar teu sono
sussurrando uma cantiga antiga, 
temendo que acordes, afim de que 
não te assustes, súbito terror, morrer 
pisoteado por quem anseio ter ao lado, 
eis um repentino devaneio de amor, ser 
menino outra vez e seu...

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Sóbrio e só: um dia após...

A beleza que 
há na tristeza, 
dança da desesperança, 
um velho saco corta o ar, 
o pulso fraco, isolado, desolado, 
aquele ali sou eu de mãos dadas 
com a melancolia frente ao mar 
à cada término de ano, aquele ali sou 
eu, Romeu falido com o olhar perdido 
de volta ao pobre único dia bom ao teu 
lado; e essas deslumbrantes luzes no céu 
que não me despertam o mínimo interesse, 
o barulho me inquieta, vou seguir sem rumo 
em linha reta, eu não pertenço à essa multidão 
de pretensos, eu sou o idiota que detesta festa, 
forçar simpatia me causa dor, prefiro rir daquela 
menininha de vestido novo no escorregador, prefiro 
o reflexo dos fogos de artifício na inocência dos olhos 
dela, eu sou um bendito cronista com a vista turva, estou 
sóbrio e só após à meia-noite, e tanto faz, já não lhe tenho 
mais e mesmo assim sorrio sem motivos aparentes, sereno 
cronista mudo longe de tudo, e eles me apontam como louco, 
mas é só a tristeza que há na beleza, eu tenho fé, um dia alguém 
me fará a fineza de me dizer: "diferente!"