terça-feira, 28 de março de 2017

Controversa beleza







Olá, me nome é "anônimo", sobrenome "platônico",
sonho distante por trás de algum olhar triste mundo
afora, no conforto do teu lar de atenções absurdas,
outra vez não me viste observá-la na janela do lado
de fora, e chovia...tórrida e constantemente, e ainda
assim não me tornava visível, continuava não existindo,
ao passo que te embriagavas de lisonjas e amores falsos,
na paz dessa minha" translucidez", dancei de pés descalços
em poças da chuva da madrugada, ao som da silenciosa
canção da gratidão, maravilhoso era não ter sobre os ombros
o peso da idolatria, agora todo "linda" te feria, à medida que
amadurecias, ah, esses lábios enganosos de meros flertes,
baby, quem na verdade se importaria se amanhã chegasse
teu fim, quem lembraria da primeira vez que te viram sorrir,
quem seria capaz de associar o som da tua voz com a ternura
de um momento, na velocidade do vento morrerias em tantos
pensamentos e a beleza te trai com o passar dos anos, enganos,
teu peito se enche de vazio e medo, uma silhueta na chuva que
adoraria existir pra ti te carrega na memória em segredo...

quinta-feira, 23 de março de 2017

Mar de travesseiros





Entre rostos inexpressivos e outros depressivos, 
calmo, meu semblante calmo, enquanto o corpo 
flutua no denso mar de conforto, a mente vagueia 
e a cidade atua, chorando disfarçadamente sob um
sol de brilho morto; nem angústias, nem saudades,
entorpecido pela paz de não sentir falta de ninguém,
livre, sim, como nunca estive, grato só por ser parte
do cenário, sei lá, parecia até um mundo imaginário
dos meus mais antigos pensamentos, tão, tão leve e
breves sentimentos, nada intenso, nada de esperas,
mas não se tratava de frieza, era a delícia de uma
liberdade jamais experimentada, onde não havia
mais lance algum de dependências, carências e
desejo de carícias, era estar bem por estar vivo,
sorrir sem nenhum motivo aparente, fui sorrindo,
sorrindo até despertar na penumbra, o quarto na
escuridão antes do amanhecer, e o vazio então se
traduz, reluz o fim da noite em minha armadura
de solidão, demente cavaleiro andante, acordei
com a infeliz certeza da luz da lua que adentra
a janela, mais de 15 anos e ainda não me deparei 
com nenhuma moça que nem ela...
 

domingo, 19 de março de 2017

Glamour barato!





Plásticos, sorrisos plásticos,
supostos vencedores, se dizem 
"práticos", vendedores de imagens 
de "inabaláveis" pra tornar os dias 
ainda mais vazios, a água escurece ao 
cair da tarde, no meu penar, lancei-me 
ao mar; daqui eu vejo mãos se dando, 
pessoas tirando suas fotografias de alegrias 
intermináveis, gargalhadas ensurdecedoras,
a lua é uma mãe super protetora de órfãos de 
amor como eu, e numa piscadela, me assegura 
que ela hoje veio cheia pra mim também, amor 
em intenções e esplendor, ignorando classes e  
posses, fortalecendo meu triste ser contra olhares 
tendenciosos, iluminando a areia do aterro, guiando 
os passos de quem nasceu pra errar e quem nasceu 
de um erro, horizonte amarelo, do mar à beira, voltando 
pra casa já ao anoitecer, gratidões à ressaltar, rostos pra 
esquecer, sepultar na mente, infelizmente, mas o mundo é 
tão, tão grande, e é tanta gente que nem dá pra se deter muito 
com quem não nos acrescenta, plásticos, sorrisos plásticos, supostos 
vencedores, entre cores e dores que tive, ah, é mais um dia que meu 
coração se aguenta, sobrevive...

quinta-feira, 16 de março de 2017

Chão do conformismo...





Ah, pobre pedinte alma minha, cadê aquele respeito 
e amor próprio que eu tinha?, como dói saber que
eles possuem de sobra o que não tenho nem metade 
de sua parte, esperar-te, eu sou um desamparado cão 
a ladrar em frente à portas trancadas de estranhos
corações sem disposição, um invisível contra a má sorte 
invencível, um avião sumindo na imensa nuvem cinza, 
a partida de um navio, agora encaro o vazio através da 
janela, vai chover, vai chover, porra, por onde andaria ela,
meu peito carregado de uma infeliz certeza, a tristeza que 
é reconhecer estar numa guerra somente pra perder...

segunda-feira, 13 de março de 2017

sábado, 11 de março de 2017

Sobre andanças...






Mendiguei, atenções, amores, considerações,
sim, eu mendiguei, vagando por extensas ruas de rejeições, 
faminto assim de bem querer, congelando em intermináveis 
dias invernais às portas de casas mornas, desejava ver canduras
desaparecerem, mas não encontrava em mim a frieza do desapego, 
no aconchego nunca viam minhas esperanças perecerem, ah, que 
nas profundezas dos meus abismos de vazio indagava como alguém 
podia enfeitar e enfeiar meu mundo assim tão rapidamente, colorir 
a vida e borrar friamente com desdéns, preces, tantas preces que elevei 
aos céus afim de ser abençoado com a mente de um desmemoriado, diz-se 
por aí, "Você é o que tem", mas caso não possua nada, por que não somamos
nossos "nadas" e nos amamos, passar despercebido pelas lentes dos fingidos, 
invisíveis amantes invencíveis, sabe, bem poderíamos, e depois de tantos anos 
ainda pedia todo dia pra ser salvo pelo amor simples, falar sobre tudo que eu
passei até chegar à ela, relatar minhas andanças, em meio à grande nuvem de 
chumbo o sol timidamente sorriu, agora aquela canção dos Beatles, sim, sou
eu mesmo, "The Fool on the Hill"...

quinta-feira, 9 de março de 2017

Grito!






Terras ermas, milhas e milhas de distância,
suspiros e saudades de infância, ilha, aquele 
pedacinho de chão afastado no oceano chamado 
"coração", isolando-se cada vez mais com o passar 
dos anos; involuntárias vozes que ouço e torço para 
que desapareçam do meu redor, entre a multidão de 
estranhos rostos me sinto irremediavelmente só, sufocado 
por ouvir tanta merda alheia e sorrisos forçados, ah, vida 
de marasmo, daqui eu vejo o tédio disfarçado de entusiasmo 
e berro no silêncio da minha mente problemática, intranquilo 
sob um sol pálido, as pedras suavizam com o beijo cálido das ondas, 
olha o marzão, e em meio a tantos "ais" me veio Vinícius de Moraes, 
"Sei lá, a vida tem sempre razão, bem, deixa estar, verdade seja dita, 
por muito tempo a minha têm sido maldita, apenas de se acostumar...

segunda-feira, 6 de março de 2017

Noites de asfalto





Asfalto à noite, a tranquilidade das águas
escuras do rio sob a ponte simbolizam teu
calmo sorriso em alguma parte da cidade,
distante e inalcançável estou do teu pensar,
entre vazios e veículos, imaginando por onde
andas, juro que vi teu rosto num vaso de flor
na sacada de uma varanda qualquer, depois
 te vi por outros lugares na avenida, querida,
simplicidade é meu maior sonho de consumo,
o que não me acostumo é com teus constantes
sumiços, mas tudo bem, eu sei que meu olhos
de admirar não são como os dos que chamam
o supérfluo de "belo", singelos são meus encantos
envolto na cantiga do vento, as paisagens urbanas
passam por mim na partida do fim-de-semana, noite
de domingo, muitos confundem romantismo com
fanatismos baratos e vãs obsessões, e tudo que eu 
queria eram mãos pra dar numa boa colisão de corações...

sexta-feira, 3 de março de 2017

A dura arte de deixar ir...






"Bem-me-quer, mal-me-ame", um edifício tosco,
desenho de criança a giz de cera em chão fosco, 
no topo um moço com olheiras e tinta no corpo 
que um dia encolhera; vencido têm sido pela dependência 
de um sentimento inconstante, quase um sonho distante, 
pelos quatro cantos do quarto escuro da alma um cômodo 
sem calma, sob devaneios de um dia renascer na paisagem 
de uma tela, morrer de vez na lembrança dela,"Bem-me-quer, 
mal-me-ame", "despetalando" a noite no desespero de um sorriso 
que seja, minha boca beija tua 3x4 que trago na memória, eu sei, 
ter de esquecê-la é muito sofrimento...mas é preciso...

quarta-feira, 1 de março de 2017

Versos cinzentos





Olhos vermelhos, reflexo de tão grande tristeza, 
dores e incertezas que me deste pelas flores, cores 
para onde fores, enquanto meu universo desbota,
descasca em paredes de reboco, um louco à envelhecer
a cada lembrança tua na mente, um velho à enlouquecer
diariamente, vagando por terras áridas de infinito desamor,
água, água, orvalhos de manhãs envoltas em névoas de mágoas
e ela continuava agindo como se eu não existisse, desimportâncias
de tudo que meus olhos disseram, declararam, divertiram por algum
tempo e já eram, ó, sede de simplicidade pela cidade fútil, estúpido e 
falho, e ainda assim no meu desamparo professo, meu raro amor não 
é para esquisitonas de merda, nem esnobes do caralho!