terça-feira, 20 de outubro de 2020

Noites tais pra não ser encontrado...

 


Sob o céu de uma noite sorrindo, não, não eram "versos alcoólicos" e sim melancólicos, o dedo em riste da felicidade na cara do poeta triste, por onde passava as flores iam murchando e a cidade descolorindo, um vencido, desconhecido otário, é claro que tudo estragaria, quem se atreveria a dizer-me o contrário? Sem novidades, ó, lá se vai mais um ano, das pessoas cada vez menos esperava, das pessoas mais e mais me isolava feito náufrago urbano, hoje um coração "perde", já outro sente "dor", às voltas com as intermináveis ilusões, sem orgulho honestamente me declaro "perdedor", mas então a ausência de luzes e vozes, o silêncio da escuridão certas noites encontrei, entre sarcasmos e cinismos do sorriso de canto de lábios da lua, do fim da Beira Mar à beira do abismo eu pedalei....

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Teu olho, o inimigo...

 


Um ingênuo na terra dos astutos, no sol da manhã seguinte era eu um pedinte, amor é para o povo das posses e status, amar, na maior parte do mundo é pra quem tem grana e não para quem ama, sempre perdendo nos estereótipos e nas "melhores ofertas", na terra de trapaceiros e ladrões, o meu coração, cara, ele é uma janela bem aberta; desânimo em injeções, hoje eu enchi minha trouxa com todas as minhas dispensáveis intenções e sumi com os lábios cheios de um sorriso insanamente bobo, eu sou ironia da vida, eu sou minha própria despedida, daqui eu vejo a donzela que mais confiável acha ouvir o conto diretamente da boca do lobo...

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Flores que o mundo enfeia....


Um dia a boa terra, um dia atenção que eleva o coração, um dia embelezando frias calçadas, um dia colorindo parapeitos de janelas solitárias, mas com o passar do tempo vou me transformando num mero rosto do passado, agora dias cinzas sem uma gota sequer de chuva e vai rareando o cuidado, as pétalas vão perdendo a cor, caindo, impera o concreto do egoísmo e dos que teimam em racionalizar o amor, obviamente sem sucesso, começamos vivendo e mais da metade da estrada pra lá é só sobrevivência, domina a ciência, domina o "progresso", viver, cada dia menos me interesso e o que d'antes achei ser só uma fase, hoje amargamente entendi que meu nome é "quase", tentei até que totalmente 
desacreditei, vazios por onde for, vitória da calçada, outra vez nasce o sol e cá morre mais uma flor contrariada...

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

À nós que aqui não pertencemos...


Ó solitário céu bonito de final de semana, foi perdendo nos estereótipos, status e otras cositas más que entendi que a maior beleza da vida não era a humana e que o mundo, cara, ele é dos superficiais;
 o afago das ondas na areia da praia, milhares de grãos agraciados, amplexos azuis ao redor do sol amado, agora imerso no silêncio, sem ombro ou lenço, só chorar um choro engrandecedor, não, não sou merecedor, mas que alívio de um bom banho de mar, abrindo o coração em densas preces sobre mãos que não alcanço, sobre olhos que me esquecem, tolo, sorri pensando em tanta gente "inalcansável", sim, tolo por tanto tempo que me senti dispensável, beleza, forçada beleza, o que realmente não sente, a boca e falsa doçura que engana e eu sou só um vagabundo andarilho sob mais um solitário céu bonito de final de semana...

domingo, 4 de outubro de 2020

"Ciclistartista"


Ainda à espera, ainda à procura, aos afortunados, o topo e tédio, aos sonhadores, vida dura; ciclista, sem adereços, sequer endereços por destino, melancólico e sem rumo na pista, sou menino, em lugar algum me familiarizo, o passado do bairro agora são fantasmas que só eu vejo e internamente lacrimejo pela violenta mudança de cenários, romântico e nostálgico que sempre fui nas minhas solitudes, falo, falo, falo e então me calo, pedalo, pedalo, pedalo e as estações vão levando tudo de mim, doido de vontade de um dia enfim aprender como diz na canção, "A arte de sorrir cada vez que o mundo diz "não"", tem dias que me maravilho, tem dias que sequer quero ser visto, por muitas vezes quase desisto, mas volto a crer na alegria de energias divididas, encontrar? Oxalá, quem dera, ainda à procura, ainda à espera...
 

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

"Something in the way"


"Algo no caminho", ah, não sei, como na canção de Cobain, "Something In The Way", simplesmente não flui, entusiasta do amor que sempre fui, mentira, além, chame "pedinte", chame "necessitado", ao longo dos anos ante portas trancadas é como tenho estado, faminto, sedento ao som da cantiga do vento, descalço, ora por chãos de pedregulhos, ora à beira de estradas, perdidamente sem sorte, sim, era só mais um, oi, olá, meu nome é 'lugar nenhum", até hoje não vieram à mim e assim continuava tudo sentindo e ao mesmo tempo nada, o amor pelo mundo afora entre os que precisam e aqueles que sobejam, era eu da primeira opção, o cara do "não!", a breve sensação de calor me encheu de esperança e entusiamo, mas novamente a velha ilusão, ah, meu Deus, como poderia segurar o inexistente, acontece toda vez que a fé se renova, uma voz convidativa que sempre mente como uma força estranha que muito se diverte em me ver assim tão sozinho, uma duvidosa intervenção, algo no caminho...