sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Esporadicamente bem...

Ei, olá nascer do dia,
sou teu viajante clandestino,
um menino infeliz que desdiz
tudo sobre o lindo céu que me
cobre, mas é que o universo ao
meu redor às vezes pode ser um
tanto perverso nesse mau costume
de ver-me sempre sozinho com meu
velho caderninho de versos, eu tô
pegando carona outra vez em uma
vagarosa nuvem, divertindo a má sorte
com a alma em cortes, as paisagens em
movimento, um vagabundo à bordo do
vento, vendo-a a todo momento, por toda
parte do mundo; cara, eu tô numa bad trip
de alucinógenos causada pela tua falta,
e vai piorando, devo estar pirando, ontem
eu vi teu olhar refletido na guitarra do pôster
do Hendrix, Alanis é o caralho, falo e farejo
teu cheiro no encarte do disco da Janis, pôrra,
girl, quanta saudade do teu beijo, e mais uma
semana sem novidade, lá vem, lá vem nada, 
pois que venha então segunda-feira, e venha
num salto do mais alto prédio, espalhando o tédio
pela calçada, é, aquele ali sou eu vagando às cegas,
cá com meus óculos embaçados, de invernais olhos
nublados de tanto chorar...

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Virgem(Teletema pra quem nunca deu as mão no cinema)

O vento sopra o som da melancolia,
teletema para um pobre rapaz que nunca
deu as mãos no cinema; fui desmascarado
em rede nacional, que eu era o tal virgem
de singulares afetos, sabe, às vezes eu me
sinto como um abandonado entre outros
fetos, não, eu nunca tive uma canção à mim
dedicada, e à cada término de dia sinto muita
falta de outra vez sentir-me mais esperto quando
ela teve por perto, eu nunca tive alguém pra ouvir
junto aquelas músicas de rádio que são peculiares
da madrugada, o silêncio do nada e tudo seria só nosso,
será que um dia eu posso? Anseio por suaves abraços após
pra nos fazer esquecer de finais trágicos, mas eu só tenho
essa caixinha de bombom com a minha vasta coleção de frustração, 
hasta la vista, quanta perda, una mierda, Deus, moçô, tenha dó, tão só,
já trepei, já fodi mas nunca fiz amor...

domingo, 18 de agosto de 2013

Psicodelia de um amante nordestino careta

Ah, a pôrra desse ãlcool
que rejeito por conta do teu beijo
que me inebria, a água fresca que
sacia a sede desse pobre peregrino
em caneca de alumínio, flutuei ao sol
no mar calmo da tua saliva, nossa rede,
máquina do tempo pra nos fazer esquecer
dos contratempos do nosso começo "torto",
um belo par, ela é a morte e eu, o morto,
de volta ao dia em que nos falamos pela
primeira vez, e se bem me lembro era manhã
de domingo, desconhecidos perdidos no mundo
da insensatez, no desespero de não ser infeliz
outro ano inteiro, outro ano em que se renova
nossa carteirinha de assíduos adeptos de sonhos
falsos de "Teveilusões", sem planos nem previsões
de melhoras, mas agora a gente só queria um pouco
daquilo, à saber, amor tranquilo...

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

A menina mais bonita do mundo

No seu lugar... ela tem um sorriso discreto,
nem parece tão esperto, mas é pra lá de bonito
quando se abre que nem o sol saindo detrás de nuvens
de chumbo, o reflexo nas poças de um temporal que acabou
de desabar, assim é ela quando sorri, a menina mais bonita
do mundo...pra mim; ela fala pausadamente, meio sem graça,
e meu olho não disfarça o brilho ao fitar seus lindos lábios se
movendo, falando bobagem, e eu aqui, estúpido amante, esquecendo
do resto do mundo, a perfeita imagem celestial que eu vejo à cada dez
segundos nos buraquinhos da bochecha, e belas coisas bobas afins, 
ouvindo dela o que quer que seja, a minha alma beija a menina mais
bonita do mundo... pra mim.  Semana passada ouvi dizer que o dia mal,
com o dedo em riste,  chamou-a de tola, mas eu sei que ela só deixa pra
chorar antes de adormecer, queria muito ter estado lá, deitado ao lado, 
falar baixinho, uma música talvez, só que eu acho que ela me esqueceu
de vez, ah, vai que não, né, ah, sei lá, só sei que até hoje eu me apaixono
desde que pela primeira vez a vi, a menina mais bonita do mundo...pra mim...
no seu lugar.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Meninos não choravam(Contrariando The Cure)

Queria ter à mão
um ramalhete de flores
mas eu só tenho essas cores
das gotas de suor que escorrem
da testa e esse bilhete que improvisei
de um guardanapo de alguma festa que
não fui convidado, dois dias acordado, e
eis aqui o contraste do papel com o trapo
deste pobre traste, a barba por fazer, como se
tivesse nascido só pra ser vencido, e à cada
esquina da vida alguém pra esquecer, foda-se
se vai chover, mas peço perdão pela camisa
mal-passada, à espera na solidão da tua calçada, 
acho que adormeci, terias passado e eu não vi?
Foste embora? Por Deus, onde você mora agora?
A gente chove chorando na cidade porque já há
muito minha menininha some e consome meu peito
de saudade!

sábado, 10 de agosto de 2013

Distância nossa em quilômetros de canções de amor...



Entre cordas de violão
e prateleiras de biblioteca
um passeio de bicicleta, minha
mente percorre lugares bem
estranhos, onde vejo teu rosto
de todas as formas e tamanhos,
eu nunca ganho, eu nunca ganho!
Ah, como eu queria roubar esse
lindo azul de hoje, levar de volta
na minha máquina do tempo àquele
dia nublado, onde ingenuamente me
senti teu namorado, um conto de amor
que só durou um pobre encontro, trilha
sonora, penso em ti ouvindo Nara, morro
um pouco quando ouço Norah, longe, que
te sinto longe, e me ponho à perguntar a
que distância em canções de amor estamos... 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O canto do prezado desprezível...






Ah, estrelas...
queria porque queria
tê-las só pra enfeitar
o céu da tua boca morena,
pena que me tenhas por mero
chão, pois já te fiz um colchão
de nuvens no meu jardim de apreço,
mas sequer tenho teu endereço, ouça, moça,
olhai pra esse pobre rapaz e as inconstâncias
que a tua distância trás, minh'alma agora
implora por descanso, ali sozinho sentado no
balanço do parque, quase vem o choro, mas
eu tenho um consolo, eu tô assobiando Buarque...

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Babiot Mãos de Lápis de Cor

Caderno de desenho, lugar de onde eu venho...
fui rabiscado por um criador entediado num dia
sem sol, que por alguma razão deu-me vida em
uma casa dividida com pessoas estranhas, de
comum desamor, mas eu tinha tinta na ponta dos
dedos, e mãos de lápis de cor, coloria tudo que tocava,
que nem o dia em que tocava aquela canção do Roberto,
foi quando pela primeira vez me vi de peito aberto, foi ali
que senti o quão belo e triste era amar sem ter com quem
compartilhar; passei à quebrar a cara em minha busca
solitária, tentei doçuras de pinturas afim de agradar amargos
olhos que só me davam desprezo, tentei cartas com letras coloridas
e até versos de palavras doloridas, claro era o pouco caso do mundo
com a minha ingenuidade de tolo amante, chorava em consoantes,
ininteligível e gotas cinzas, me auto-denominei lar de frustração,
e assim nascia a melancolia...nos meus últimos dias na terra a simpatia
ainda me erra algumas vezes, até me ver bem cansado de ser rejeitado,
caio em si e decido voltar pro único lugar onde poderiam me achar bonito,
aquele lugar de onde eu venho chamado caderno de desenho...

domingo, 4 de agosto de 2013

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Azul que vejo, beijos no azulejo


Minto se disser
que ainda não
sinto, ah, doces
lábios teus que vejo
quase todo fim de
noite refletidos no
azulejo, mas é com
pesar que venho à ti,
espelho meu confirmar-te
que já não tenho; meia-noite,
ar cálido, o rosto pálido do
menino que sente ali sentado
no chão do banheiro, em um
batente à beira do abismo de
silêncio profundo, um herói
falido às voltas com o coração
partido, há duas esquinas do
fim do mundo...