quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Como era linda a incompreensão!





Sorrisos escancarados, luzes demais, as cores artificiais no céu inibiram as estrelas, hoje é dia de excessos, hoje é o perfeito inverso da calmaria e sinto-me um tanto insano, hoje é o último dia do ano; como pode um dia tão festivo esvaziar meu peito tanto assim, só consigo pensar que não pertenço, que esse dia não foi feito pra mim, alma perambulante num dia material, alguns enchem a cara e vomitam alegria, mesmo assim não me sinto anormal por não sentir como todo mundo, estranho talvez, bem, não é a primeira vez e no meu universo à parte, me vêm traços da infância, quando eu não sabia quem estava cantando, apenas doava meu corpo à melodia, e caso fosse de dançar, desengonçadamente dançaria, fosse de chorar, nem que escondido, choraria, dias de reações naturais e sinceras aceitações, ó, pra onde foram esses tempos, ainda falta muito pra amanhecer e choro por dentro, lamentando a dor que é ter que crescer...

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Lembrar




A bordo de um ônibus chamado "devaneio", lembrei de quando descobri tua existência até a lembrança de quando te escolhi e à cada ausência tua, encolhi; da janela do bus me vejo ali sentado sozinho em um balanço
de parque, assobiando Buarque, estranhos rostos de vozes vorazes, nesse exato momento um "olá" do meu amigo relento, escureceu na cidade, o sobrenome da noite é "saudade", meu olho para o soco e tinta vermelha para narizes felizes, crônicas urbanas de asfalto, um salto para o vazio de um dia frio, o blues da janela do bus...


quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Àqueles que quase se conformaram com o tal do "impossível"...







Doses de incredulidade pelas noites na cidade, a antiga xícara esquecida pela casa ainda com um restinho de café, incertos olhos que um dia fitaram a lua em um triste transe sem saber que a lua encarava-os de volta com desmedida fé, o ar cálido com cheiro de lavanda, perfumando almas outrora inodoras, criaturas das varandas, "perdedores sonhadores", assim caçoava a noite cruel, e assim conspirava o céu, trazendo o que parecia que nunca viria, bem, até então não vinha, outra vez anoiteceu na cidade, mas agora doses de sincronicidade, o amor entre um plebeu e uma rainha...

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Madrugadas tais






Inquieta madrugada insone, palavras sem vozes, rostos sem nome, poltronas silenciosas e mais nada interessante pra se ver, estúpidos programas, filmes estranhos na tv, ode à melancolia, sob a meia luz de um abajur alguém lia, lá fora o luar realçava o sorriso de quem "vencia", ao passo que delatava o vazio de quem se convencia que outra vez não seria dessa vez; alguns poucos veículos deslizavam no rio calmo do asfalto das duas e pouco da manhã, olhos solitários encaravam o teto, sonhando com beijos de hortelã, mãos formigavam por anos, à espera de atenciosas mãos pra dar, quase utopia, enfim a luz do dia, o sol beijou a praia de maré cheia, um coração anseia por uma novidade que seja, amanheceu, a angústia sumiu pelo azul à perder de vista e a pessoa qualquer enfim adormeceu...