terça-feira, 22 de junho de 2021

Terapia do entardecer


Entardecer de maré cheia, entardecer de maré calma, olha quantos felizes, outros tantos em cacos, band aid pra alma, cura natural para muitas tristezas e mágoas, eu sei, sob o pôr do sol dos vencedores cá um vencido saindo da água, então nadei; dias tais que pareço não pertencer à essa cidade, sei lá, na verdade à nenhum lugar, estranho, deslocado, indesejável, cara, pra melancolia não há mesmo imunidade, eu poderia estar me afogando numa crise existencial, eu poderia estar submerso em prantos, mas hoje eu preferi ser diferente no mundo e não desejar tudo e tanto, hoje estou livremente me equilibrando na linha do horizonte, "falando sozinho", pra eles é o que parece, mas aqui há um louco se dando em preces, flutuando, agradecendo, encarando o céu aqui do mar, despojado de posses e status, desprezível, dispensável, ora veja, definitivamente não sou quem tu queres que eu seja, até hoje o tal do amor não me encontrou, mas tudo bem, talvez ano que vem, hoje sou só uma criança maltrapilha com os pés descalços na areia correndo em prol da minha paz interior....

domingo, 13 de junho de 2021

Bailas...

Inevitável ou como há muito tempo atrás cantou o trovador, "fundamental amor", oi, olá, meu nome é "dispensável", fere, ainda que se tratando de mera pele, ah, como fere! Outra vez presumi gentil e sem querer, querendo ela mudou a vida de direção e fingiu que nunca mais me viu, aqui lembrando o rei Davi que após a dura aflição da perda, refrescou-se, alimentou-se e sorriu, fazer o que, né, cá estava eu fitando o interior da velha mochila repleta de tantos "nadas" , foi perambulando sozinho pela cidade como de praxe que Deus devolveu-me o ânimo na simplicidade, agora sob as sagradas águas do chuveiro a cabeça raspada, um frescor além do corpo, coração suavemente alegre ao invés de morto, disse-me o reflexo no espelho, dançar, mesmo sem saber resta dançar, bailas, ó filho da puta, que essa merda de vida é de desacostumar...

terça-feira, 8 de junho de 2021

Lembrete daquilo que preciso urgentemente esquecer....

 


Cruas, rimas cruas, ontem um colírio, hoje um martírio, fotografias tuas; já nem olho mais, mas quando ainda me atrevia, sempre dizia à tua imagem imóvel e muda que nunca soubestes realmente o que pra mim foste, hoje só me resta deixar o povo rir de mim, mas na minha amargura preciso ser meu próprio bobo da corte, sorrindo e falando sozinho, lá fora ó que lindo dia primaveril e aqui dentro um silencioso mundo invernal, mar de sal, honestamente saudade de amar, sob o pálido azul da cálida praia a planejar um afogamento, ah, o entardecer, daqui já vejo os primeiros esboços da lua, um profundo mergulho como batismo, deixar submerso todos os resquícios daquele velho sentimento e o incômodo de qualquer memória tua...

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Quem fui eu, quem eu fui?

 


A noite e seus brilhos naturais quase que imperceptíveis, estrelas semi invisíveis por conta das luzes artificiais da cidade, avança a idade, eu sou aquele livro há muito lido e esquecido na estante, eu sou um sonho ambulante de quem acordou e esqueceu com o que sonhou, ali antes era eu devaneando não tão alto, agora somos só minha bicicleta e eu desacostumando pelo asfalto, uma criança perdida em algum lugar da sagrada esfera sem novas esperanças ou esperas, esta noite olhos e mais olhos me esquecem, fantasmas do passado me saúdam enquanto cenários desaparecem...