quinta-feira, 23 de julho de 2020

Palha+aço



É mais um estranho ano nessa vida, cores divididas em um mundo que cada vez mais acinzenta era tudo que eu queria, mãos, mãos que não me deixassem cair do prédio, braços pra me envolver no alto do topo do tédio e choraria junto na escuridão, sou genuína alma gêmea da solidão, melhor deixar-me cair no mar a ser um esforço pra lembrar, é, não sou lá tão esperto, mas ah, como amo sumir de onde já não mais me queriam por perto, meu nome é "pelo menos", mas pode me chamar "aturado", às voltas com o quarto branco silencioso da introspecção, o grito do azul lá fora no meu peito vem como baque, sou Bjork, sou Buarque, na maioria das vezes esquisito, às vezes até vivaz, em algumas cabeças ainda vaga lembrança, na maioria já nem existo mais, a linda manhã veio à mim insanamente sorrindo com uma navalha, olhos perdidos no espaço, ai de mim que sou menino feito de aço com esse coração "réi"de palha...

terça-feira, 21 de julho de 2020

Gato, estranho gato



Lamentos, lamentos, ó, amor,  quantos corações esta noite não arrasas, mas hoje eu escolhi o isolamento, eu sou um felino graciosamente escapando sobre as casas, nem bebo, nem fumo, mas hoje eu sou boêmio, um descompassado poema andante e sem rumo, ah, os containers e latas de lixo do mundo que revirei à procura de sobras de sonhos, saudosista e um tanto anormal, mas decidi que hoje a saudade não me fará mal, um otário em meio à nostalgias de cenários, um cronista à beira da pista, ora sob o viaduto do Centro, ora sob a ponte do rio Ceará cá com meus anseios expostos e um affair ainda sem rosto, sei lá, talvez eu desista, talvez a minha real aceitação não exista e a alma sempre sedenta de afagos, verdade seja dita, até hoje ninguém descobriu na real o quanto de sentimentos presos trago, eu sou um felino infeliz, maltratado a vagar à beira dos trilhos, sou dispensável, sou amante maltrapilho...

terça-feira, 14 de julho de 2020

O amargo "após"....



Os ventos matutinos de setembro, ainda lembro, acordei multicolorido em um dia cinzento, suave pão de ontem, doce era o amargo do café, fé, sem mais agravantes, fé, dia simples de tão super, versos que fiz na paz da ciclovia, ao longe alguém me assistia ainda que fosse perfeito estranho, bem ali assim o mar e nada me impedia d'um belo banho, linda e livre a vida quando não se atém demais ao porvir, oh, não, ele, não, ele não, como o amor me achou aqui?? Cativou-me, desarmou e me despiu na vergonha, desfalecidos sonhos "nus", me sorriu, deixando sem nada e sumiu, era a solidão disfarçada, escreveu no asfalto a giz que não era muito legal me ver assim tão feliz, tão, tão velozmente de herói à pedinte, o dia seguinte, acordei "desbotado" sob um azul que de tão belo doía, tão bonito e imponente zombava o sol de mim, o céu ironicamente sorria, manhã fria e no estômago apenas borboletas mortas, era eu ma velha casa sem teto nem portas, ainda lembro, os ventos matutinos de setembro...

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Quase quarenta...




Quase quarenta, às voltas com o vazio e ainda pagando o alto preço por ser tão diferente, de questões e situações a vida é feita, basicamente, oh, Deus, por que meu olho tanto se apega, por que a porra do amor acaba e principalmente, por que o baseado sempre apaga??? Felizmente louco, se o plano é abrir mão de sonhos vãos e seguir em frente, ainda que se ande às cegas por aí, e daí, que eu siga a vida sorrindo pela solitária estrada florida, onde ironias e sarcasmos não sejam bem vindos, ó quão cruel é sentir o odor, a ilusória sensação de toque, o amor que escorre entre os dedos de uma mão que tanto anseia calor e há muito tenta, poucos metros que na verdade sempre foram anos luz, quase quarenta...