domingo, 30 de junho de 2013

Feio(gelatina rejeitada)


Sou uma sombra na água
da poça, uma lágrima num
céu que não para de chover,
quem poderia me ver?
Após o almoço, todo mundo
espera ansiosamente a sobremesa,
eu? Eu sou só um moço sob a mesa,
olhe, sou uma gelatina rejeitada cá
com esse coração mole, dos males
o pior, de que vale tanta oração?
Felicidade, uma fila enorme pra
chegar lá, de olhos vermelhos em
frente ao espelho vivo à perguntar:
"Ei, feio, pra que tentar, por que
cê veio?", antes que esqueça, antes
de sair de casa pus o saco plástico
mais bonito na cabeça, no mundo
de pessoas tão bem desenhadas sou
apenas um rascunho em alguma folha
de papel amassada em algum lixo da
vida, isso, isso, isso, 'té porque minha
vida é um lixo!

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Versos da fria moça no kitinete da minha mente...


Por onde tens andado,
nesse exato momento
quem estaria ao teu lado?
Alguém lhe tem feito sorrir,
alguém a fez chorar ultimamente,
ei, sua demente, quantas pessoas
cê ainda terá de ver partir?
Ai, pôrra, sinto sua falta, mas você
nem precisa mais saber, há um incêndio
na cidade, e eis que é bem aqui no meu
peito, causado pelo teu maldito silêncio,
mais um gole amargo de ânsia por meses
de distância, uma vida de espera, jájá é
primavera novamente, quem sabe daqui
pro próximo ano você não desocupa pra
sempre o infeliz kitinete da minha mente...

sábado, 22 de junho de 2013

Moça, fique com o troco!





O ódio que te tenho!
De onde eu venho?
Nunca mais pude lembrar,
baby, eu quero saquear teus
pensamentos, quero teus olhares
de lamento, eu quero nossos
corpos atados, eu quero lhe
amordaçar com a lembrança
dos meus melhores sorrisos
à ti dedicados, baby, eu te quero
ao lado só pra te mandar embora
e tomara que chova, víbora sagaz,
maldita ladra, devolva, por obséquio
minha paz e morra!

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Sim de simpatia...

Lá vem, lá vem olheiras,
outra roseira desfalece,
alguém te trás na memória
há muito tempo, mais de meio
mundo te esquece nesse exato
momento; oh, quantos corações
quebrados e refeitos ao longo
do caminho, sem sol, sozinho,
quantas estações passadas e
nada de vir o tal dia perfeito,
farelos e pedaços de papel picado
espalhados pelo céu amarelo de
lembranças no decorrer dos anos,
danos e reparos, sorrisos raros de
criança à curar quem nunca mais
se viu, bem, meu jeito tolo enfim
te serviu de consolo, muito, mas
muito depois, quando já não éramos dois...

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Desenho invernal, amor infernal


Sou um fragmento
de um verso que lhe
escreveram há muito
tempo, a folha de caderno
rasgada justamente onde
haveria de te encontrar,
eu sou um sentimento sem
lar, ano após ano ao relento,
sob chuvas e estrelas, sou uma
nuvem de entardecer, sem saber
como foram escurecê-la, e então
tornei-me parte parte de um céu
nublado, fui apenas um sonho de
uma frase inacabada, uma estrada
vazia que virou cenário de poesia,
ei, olá, eu sou um otário sem ninguém
ao lado...

terça-feira, 11 de junho de 2013

12 de junho...

Amanhã é 12 de junho, dia de presente,
dia de gente cerrar os punhos e esmurrar
travesseiros inofensivos, mais do que nunca
amanhã o amor é nocivo; eu só queria poder
ser um peixinho, dormindo o dia inteiro sob
rochas do profundo mar da alma, buscando
calma escondendo-me do mundo...
amanhã eu não desejo disco nem chocolate,
tá bom, um beijo talvez, ah não, eu só quero
ser um cãozinho quietinho, que nem late nem
corre, tudo morre, e eu não preciso do suposto
"amor eterno", imploro apenas pelo fim desse
meu inverno interior, oh, cara, amanhã ela me
encara na escuridão, essa tal de solidão, amanhã
a pôrra daquela moça faz mais falta ainda, e aquela
música maldita me maltrata, jájá são cinco horas de
uma manhã vazia, poesia, rascunho, oh não, 12 de
junho, amanhã...

sábado, 8 de junho de 2013

Uma flor no telhado


 Imerso no imenso
mar suspenso de solidão
há um menino sentado no telhado;
uma borrão, uma bic, versos que
não saem, lágrimas que não caem,
a rua deserta à vista e nada mais,
cinza, cimento, sentimentos à serem
deixados pra trás, são mais trinta dias
de casa vazia chamada coração, 'té que
a alma seja uma extensão do azul mais
bonito do céu, era um menino feito de papel
transformado em flor de origami, mas com
perfume, e à cada escuridão, um frasco cheínho
de vagalumes...

quinta-feira, 6 de junho de 2013

De volta à cratera




Volta a tinta das cartas
que te escrevi à caneta,
novamente o cometa ao
céu, que a gente pensava
que fosse estrela cadente,
a flor de volta à terra,
volta o tempo, tornam os
sorrisos aos labios, voltamos
cada um à nossa devida cratera
em lados opostos da lua, tua cor
favorita, querida, de repente já
não lembro mais, teus "ois",
teus "ais", o som da tua voz,
os nossos nomes, tudo, tudo
esquecemos, outra vez anônimos,
nós nunca nos conhecemos...

domingo, 2 de junho de 2013

Pra onde eu fui?



 Nota do inocente amante desprezado:
"Naquela noite avistei uma estrela
cadente cruzar um céu decadente,
bem que poderia ser um cometa vindo
em minha direção, vai que assim não
atrairia tua atenção, destruir essa parte
do mundo onde me encontro caído,
desejei nunca mais pisar no mesmo
planeta onde você pisa, desejei não
querer mais saber do você precisa,
eu quero ser teu eterno poema triste,
o mais belo que existe, eu quero vagar
pelas linhas tortas de um estranho
caderno até que caia morto à tua porta,
só pra te deixar malefícios de uma alma
culpada, eu tô à beira de uma estrada
rumo à sei-lá-onde, baby, tô longe..."

sábado, 1 de junho de 2013

Órfão...






Mãe, me diz por que eu vim,
me sinto um bêbê deixado em
algum jardim cercado de cães,
eu tenho todas as minhas roupas
amassadas, afogando-me em águas
passadas; mãe...eu tenho um olho
roxo e não acho que algum dia voltará
ao normal, eu tenho uma anomalia no
peito que infelizmente me faz sentir tudo
perfeito...perfeitamente mal.
Mãe, esse mês eu fui abandonado outra vez, 
sei, nada disseste nos dias daquela dor antiga
mas eras meu anjo com uma cantiga silenciosa
nos olhos, e eu então chorei, vi, doía mais em ti
do que em mim, eu não sou bonito pro mundo,
mãe, eu caí, que solo tão duro, que muro tão alto,
mãe, quanta falta de colo!