quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

À mover-se...




E foram-se então os dias em que a via em quase tudo, agora já me vejo caminhando, anônimo, feliz anônimo, mudo e mudando, arriscaria "sereno" com a aceitação de ser pequeno, microscópico, um sensível invisível ante às escolhas de outrem, sob trilhos inativos de trem vaguei, um mar de estranhos rostos atravessei a nado, sob holofotes de atenções demasiadas eu vi enfado e sorrisos tão cretinos como aquele cigarro apagado no pudim desprezado, eu nunca, nunca entenderei lábios que não terminam sobremesas e verbalizam "amor" com tanta certeza, agora me perdoe pelo "feliz", por vícios de linguagem é que se diz, anônimo, feliz anônimo, sinônimo de "loser", tanto faz, agora já sem mais nada à perder, cara, eu vou torcer por chãos de tranquilidade sob meus pés ao invés de "morrer de felicidade"...

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

O mar em mim



As lembranças apertam, as ondas me acertam, então o mar, o mais antigo dos ainda remanescentes amigos que de mim tanto ouviu injúrias, que compreendeu meus olhares de fúria e tão honestamente me abraçou em meio às lamúrias, um dia eu quis me deixar submergir, ó fugas, ó rugas, mas mesmo assim, calmamente convenceu-me a prosseguir, era uma manhã de chuva espessa, entre lágrimas e pingos nossa tristeza se fundia, entre prazeres, sorria, quem me maltratou não me viu quase morrer de tédio e marasmos, sarcasmos tais dessa porra de vida!

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Derrotismo versus auto controle


Gélidos olhares de derrota sob o ardor de um sol severo, cada vez menos espero, derretem as calotas no peito e o coração enfim "despolariza", eu tenho uma bucólica estrada em meu caminho e beijos de brisa, um andarilho esquecido, cujos punhos de nada adiantam contra a vontade do invisível, os dedos que quase sentem o calor da vitória sempre voltam à frustração da realidade, vergonha e fúria em meus crédulos olhos de ingenuidade, a beleza do céu me insulta, já me detestei de várias formas e só Deus sabe como lutei pra não desejar mal àquela filha da puta, sábias palavras de Marisa, "Não é fácil"mesmo, o ermo sempre foi o destino deste pobre menino, mas fiz do penar meu lápis de cor em anos acinzentados, ó quão difícil na vida é uma criança sozinha se recompor!