quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O pôr do sol também é para os miseráveis...








Manhã fria, é mais um dia, arte da natureza à mãos livres, sonho, utópico sonho de um amor suburbano neste solo de incerteza que piso, mas eu não preciso perder todo o senso de direção, eu não quero deixar de mencionar o termo "coração", agora uma prece, ah, se desse, ah, se fosse possível uma chuva colorida para me tornar visível, poder enfim sair na fotografia da minha cidade ao sol de um dia lindo, ao som da minha canção predileta do Chico, "Buarquear", deixando pra trás a trouxa repleta de frustração que trago nas costas, agora ouça, encontrei uma moça bem parecida comigo pra compartilhar a solidão da cidade, um gole de felicidade na minha velha garrafa térmica, olhei ao redor, estava falando sozinho, pagando de "sem noção", porra, outra vez alucinação, refiz-me na compostura, um bom vagabundo de volta à sua trilha, arte da tarde, céu de baunilha...



terça-feira, 29 de agosto de 2017

Solitários seres amantes





Ah, esses cortes da alma, a má sorte sempre me tira a calma e limita, dia sim, dia não, ser eu mesmo me irrita, quase fim de outro ano e nos versos viscerais daquele poeta urbano:"Chuva cai lá fora e aumenta o ritmo, sozinho eu sou agora o meu inimigo íntimo", irônico, o destino é irônico, mansa e maliciosamente sorrindo de meus pobres ares platônicos e tu sequer sonhava  sobre o efeito que surtia só em cruzar meu campo de visão, Deus, não me deixes surtar  ou morrer sozinho em uma madrugada qualquer, frente à televisão fora do ar...

domingo, 27 de agosto de 2017

Acorda pra sonhar...







Vindo de lugares mui desertos de rejeição, planando, tranquilamente planando, envolto em ares de maresia, é de manhãzinha, sonho do menino  com coração bobo e asas de inseto, olha lá o arco íris entre as duas pontes, olha o orvalho na grama da Praça verde, onde tantas vezes "blue" quis por demais ver-te, agora estou ladeando o pneu de uma bicicleta ligeira que beira o calçadão, ninguém consegue me ver realmente pra entender minha solidão, linda, a paisagem do bairro e tanta gente fingida pra estragar o cenário, havia pousado sobre a estátua, me sentindo deveras otário por não ser amado, e num desequilíbrio, despertei, havia caído da cama, não tinha mais asas, e quis sentir pena de mim, quando lembrei que a minha casa ficava há poucos minutos dali, e subitamente meu pensar não mais me condena, daqui eu vejo o cais...Praia de Iracema...

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Sobre aquilo que cai...






Sexta-feira, paisagens que meu olho inventa,
sou aquele pobre náufrago que quase nada ostenta, 
perdi meu entusiasmo em um navio tragado pelo mar 
bravio das expectativas, agora, sem alternativas sobrevivo 
na minúscula ilha chamada "marasmo", era uma vez planos
para um fim de semana em marte, planos que ingenuamente
fiz mas nunca fiz parte, agora sou apenas um cão sem dono,
sob um céu de solidão sou o velho parque entregue ao abandono,
um incômodo som de sol bem alto, sorvete-catástrofe, oui, c'est la vie,
o maracujá  derrete no asfalto...

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Ah, sim, nada!



Injusta troca, boas intenções por atuações, beleza de vida fingida por toda parte, paciência é uma arte, esperas são sempre uma droga, o fim do dia, cada um com sua sorte ou devido azar e após o longo inverno vem a estação da monotonia, sem jeito, transborda o peito sem ninguém pra amar, e eu super voto que toda moça deveria almejar ao lado um coração sequelado, alguém que na vida já não teve demais, um ninguém sonhando deixar de ser, que entenda de perdas e danos emocionais, aquele meu amigo lá recebeu um telefonema inesperado numa noite vazia de sábado, aquele outro teve um corpo entregue e sobre aqueles meus doces versos dedicados? Bem, eu ganhei a merda de um "obrigado"...

sábado, 19 de agosto de 2017

Um besourinho...






Sou sempre o primeiro a ler tuas correspondências,
claro, na maioria das vezes são apenas contas à pagar
e nada contra felizes coincidências, mas confesso, detesto
o fato de não me acontecerem, falo de cores pra me enfeitar 
por dentro, lamento entre bilhetes e ramalhetes de flores que nunca
poderei te dar, um mísero ser isento de calor humano que se alimenta
de sentimentos que a desprezada sonhadora inventa, ali sem jeito, sujeito
à enganos, voando com certo receio ao redor da tua caixa do correio, eu,
o inseto do afeto...

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Entristeço






É mais um dia na vida do Charlie Brown, mais um dia de alegria 
tardia, lá vem, lá vem setembro e nada à esperar, agora uma brisa 
e uma canção de Marisa pra amargar", Ainda Lembro", e vou cabisbaixo 
pela cinza cidade sob um céu sem grandes novidades, quase fim de agosto, 
mais um rosto pra apagar da memória, outra história que sequer começou, 
no reflexo da vitrine indaga:"É  assim, Deus previne, o homem estraga?",
ah, possibilidades, tudo pode, mas antes de cada anoitecer, a solidão me fode...

terça-feira, 15 de agosto de 2017

"Otariamente"...





Vãs, esperas vãs que fazem desacreditar no amanhã,
entre desencantos, desdéns e desamores, um desespero
por cores, as ondas na praia, o som das gaivotas, damas
e dramas sempre me fizeram sentir tremendamente idiota,
oh não, outra vez aquele pesadelo das borboletas sem asas,
cabisbaixa silhueta no caminho de volta pra casa, sozinho
como de costume, vago sem achar graça alguma no brilho
das estrelas e na luz dos vagalumes...

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Fadado a não ter





Me encara a noite, ei, cara, confesso certo espanto, que merda 
esse sorriso "amarelo" da cidade, tão falso e superficial quanto, 
cá com meu amor de metal, a velha bicicleta, Norah Jones nos fones
porque eu nunca quis uma vida a dois, assim toda planejada, são rimas 
de uma alma calejada, foda-se minha boa intenção, veja as flores no olhar 
que te trouxe por olhos teus de rejeição, okay, ainda te espero, mas sem porra 
de "felicidade", tão doce e duplamente amargo o querer e de largo, outra vez 
passou a reciprocidade...

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

O fim da solidão





Na incessante espera e busca por algo belo no pobre coração me tornara interiormente feio, "receio" era meu nome do meio, foram incontáveis, ó, incontáveis vezes batendo portas estranhas, mendigando sorrisos, catando restos de alegria no lixo de gente que já teve muito na vida, havia um córrego que corria de sófregos olhos, de águas distraídas e folhas caídas de outros jardins em mim, havia um céu de nostalgia cobrindo mundos desinteressantes, e nesse instante um menino sentia e sentava sob a luz de um poste à beira de uma estrada pra lugar nenhum, afim de escrever sobre coisas belas que nunca pode ter, a não ser através da tela da TV, simplórios sonhos, porém inalcansáveis de alguém pra sorrir junto ao final do dia, lia em voz alta porque ninguém ouvia, não
cria mais em 'porríssima' nenhuma, nem mesmo no tal do carma, quando pela última vez olhou o céu bonito da noite sozinho e gritou:"Agora eu só acredito no poder da minha arma!", chovia, era uma vez poesia...

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Chora, poeta!






"Tempos difíceis para os sonhadores", aquela frase batida do filme, preciso estar firme, eu sou flor singular na avenida que não foi vencida pelo cimento, distantes sonhos concretos e eu não consigo lembrar quando firmei aquele estranho trato com o acaso de viver de abstratos, já são anos sem muita proximidade, sorvete, uma casquinha dividida, aquela penosa espera de simplicidade, braços dados com a desventura, escassez de abraços, reles criatura em sua vida de desfoque, um poeta incolor, quase um fantasma sem peles, nem toques

domingo, 6 de agosto de 2017

Ventos de abandono






Todas minhas expectativas viram história, ah, esses desdéns deveras desgraçados que não saem da minha trajetória, seja como for, sempre à espera da tão distante primavera, ah, quem dera amor, sempre com o rosto nos restos da alegria alheia, um mendigo, um poeta com a estranha maré de melancolia no mundo do globo ocular e ninguém mais quis ir lá, das sombras às sobras, a esperança de pé na cova, a alma em trapos, meu reino por uma roupa nova!

sábado, 5 de agosto de 2017

Os devaneios de quarto num sábado à noite





A espuma sob pés tão fatigados de vagar por terras áridas,
o mar reflete na pupila, mentalizo um odor floral, meio romã,
meio camomila, odores teus, odores teus, ei você, olhos de litoral,
te escreveria, contigo perambularia por intermináveis noites serenas, 
será que não existes ou apenas está aonde não deveria, mas Deus sabe, 
ao amor nunca disse "jamais", olhei ao redor, quanta superficialidade, 
simplicidade, onde estais?

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Antes de um possível começo e triste fim!





A solidão é minha dona, cá estou pedindo carona, 
lugar qualquer que não me faça lembrar, eu só queria estar em paz, 
mesmo sem um par, eu só queria nunca ter estado lá; eu queria gritar 
ao mundo que as pétalas macias da tua pele ferem mais que uma chuva 
corrosiva numa noite de sábado, saibam, esta moça não precisa de objetos 
cortantes para abrir uma cratera e sugar toda primavera interior, ó, que dor,
agora estou aqui de volta ao passado, sóbrio e só, numa tentativa desesperada
de me antecipar para que não chegue à ti aquela primeira carta de amor que escrevi...

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Polaroid ocular





O vento sopra, os anos passam e eu só me fodo, oi, eu sou um desenho mal feito numa parede sendo vencida pelo lodo, a maldição que é ter que crescer, viver se acostumando a não ter, esquecer e perder, entender que uma tórrida chuva de lágrimas não fará crescer sementes de amor em tristes terras mortas de esquecimento e rejeição, ai de mim que tenho coração, ode ao tosco, ódio ao falsamente chamado "perfeito", mas confesso sem jeito essa incessante fome de simplicidade pela cidade, "Viver é foda, morrer é difícil", à sombra de frios edifícios, dessa janela de ônibus eu quis chorar com a calma visão do mar...