quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Com a arma engatilhada insanamente dança o carma...






Desqualificadamente andei meia vida sob olhares supostamente mansos, sim, os sonhos simples dos "pé rapados" não vale tanto assim, mente, a boca, a pele que um dia admiraste ironicamente não era tão confiável assim e a vida gargalha, lhe esfregando na cara o preço do vosso pobre julgamento, olhos de lamento e confusão, olhos perdidos em uma descarada "incompreensão", mas os olhos do patife não podem achar pés desencorajados, desclassificados nos recifes, meus cansados pés passeiam pelos corais na maré seca, o fim da tarde e arde a decepção no peito de quem se achava "por cima da carne seca", maior e mais bem sucedido, agora uma piscadela do carma que sussurra "fodido", à esmo, vencido por si mesmo e com as mãos nos bolsos do meu jeans surrado sigo assobiando, "durango", honesto, falho e obviamente subjugado pra caralho...

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Deitado....


Levantar...tem que dias que não passa de preguiça, mas nesse instante me sinto distante e meio que espiritualmente doente, opaco, fraco, um estranho vazio e amarga impressão que ninguém mais sente, algo pesado no ar, a tonalidade pálida dum céu de tarde cálida, sei lá, uma estranha saudade de lugares onde nunca estive, uma falta de algo que na vida nunca tive, ó, quão grande solidão é não ter à quem confessar nossos pecados de ingratidão, disperso, mentalmente à deriva nos mares suspensos do universo, a lembrança da maresia agora tomou conta da praia desabitada do meu peito, bateu-me uma vontade de nadar, hoje uma dura missão me foi dada: levantar...

sábado, 26 de outubro de 2019

Que perambula....




Morrer, morrer a ser quem matou, grato por ter sido traído e não o traidor, monólogos de asfalto, um nostálgico entre tantos festivos, um vencido entre pretensos vencedores, lápis de cores divinais para noites tão cinzas, visões felinas, tateando o nada encontrei uma solidão palpável, densa e tão intensa que nunca mais me soltou desde a primeira vista, versos à beira da pista e pouco importa se espatifou-se quando caiu, com a arma engatilhada insanamente dança o tio karma, tristemente calmo, aleluia, não fui eu quem traiu...

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Substituindo dores...



Agulhas que libertam, o ardor da pele ante as últimas fagulhas de um bonito sentimento que erroneamente chamamos "amor", dói, a alma dói com a ausência de calma e lembranças dos riscos que se correu em vão, agora dão lugar à outros riscos, ainda há pouco chequei o peito, ainda bate, como tantos cabisbaixos e tristes do mundo, trocando a dor por arte, mal percebo o sangue que escorre pelo braço há muito tempo privado de novos abraços, uma nova tattoo na desesperada tentativa de esquecer quem és tu e essa porra de solidão que meus olhos flertam, dói, agulhas que libertam...

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Um brilho....


O quase que imperceptível brilho da lua, as luzes artificiais, os semáforos, os veículos cheios de gente que nunca conhecerei, sequer encontrarei pessoalmente, em meios às sombra da noite pela cidade em algum cantinho eu sou saudade, alma amante de um esquecido andante, sou só mais uma pele substituível, o coração descartável do homem invisível, um brilho à extinguir em tantos olhares de esquecimento, onde fui esperança hoje me chamam "vaga lembrança", no rosto o suor de brilho honesto beirando a avenida e em sã consciência tristemente me pergunto, à que tipo de olhar será que eu presto nessa vida?

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Sentimentalmente...idiota.



Idiota, sentimentalmente idiota, mas diferente de tantos outros, pude me retirar do quarto de rejeição e trancar a porta, sequelado de tanto que a vida apronta, sim, já tinha a trouxa pronta e como todo bom abandonado que se preza, voltei a não ter pra onde ir e o que mais poderia fazer se não rir, rir, mas não tão alto, da vida aqui uma certeza, sempre dói quando a gente ri de tanta tristeza, nos fones uma canção melancólica, a soundtrack das paisagens bucólicas que me acompanharam por todo desafortunado trajeto do viver, vagabundo andarilho beirando trilhos inativos e o destino novamente me põe ante estranhas portas, um tanto humilhante, volto a bater? Haverá alguma resposta? Porventura alguém vai abrir? Dilemas do idiota, sentimentalmente idiota....

sábado, 12 de outubro de 2019

Notas de asfalto




Zona de conforto, um sonho desfeito, era a segurança de um sábado à noite em um quarto morno com afeto, me movia calmamente como um feto, lugar no mundo que fazia-me não querer nenhum outro pra se estar, ali entorpecido por um imerecido amor novo, "lar", assim devaneei e foi quando então acordei...noite de sábado, um ano depois, as avenidas solitárias reconhecem seus antigos andarilhos, pequenos soluços, entre consolos das canções do silêncio e beijos de brisa, hoje quis doer um pouco, mas meu peito sempre suaviza, acostuma-se a não ter como de costume, nunca fui de sonhos tão altos, vagarosamente "embicicletado", notas de asfalto: e lá se vai o sábado, um ano depois, perdedores, sim, juntos éramos dois....

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Incerto inseto



Sou sempre o primeiro a ler tuas correspondências, claro, na maioria das vezes são apenas contas à pagar e nada contra felizes coincidências, mas confesso, detesto o fato de não me acontecerem, falo de cores pra me enfeitar por dentro, lamento entre bilhetes e ramalhetes de flores que nunca poderei te dar, um mísero ser isento de calor humano que se alimenta de sentimentos que a desprezada sonhadora inventa, ali sem jeito, sujeito à enganos, voando com certo receio ao redor da tua caixa do correio, eu, o inseto do afeto, o tempo não para e a esperança, bem, a esperança é o maior sentido da vida, cara...

sábado, 5 de outubro de 2019

Match da solitude....



Nada vezes nada, dispensável e invisível dócil louco sob a insensível ótica da madrugada, há muito declarei-me "sem lar" ainda vivo porque feliz ou infelizmente as pessoas não vivem sem pensar, lembranças vazias? Várias, vagando inconveniente pelas memórias involuntárias e eis que sorrateiro então veio o amanhecer em toda sua calidez, como um sagrado céu de confissões encarei o teto outra vez e bem poderiam ser dois, mas em diferentes extremidades da cidade somos apenas um, ela em sua janela, ela na janela da minh'alma, olhar e cá nossa solidão em comum...