sábado, 29 de março de 2014

Sombras, sobras...

Pela cidade,
noite; peles pálidas
de lábios solitários à
moverem-se vagarosamente,
ih, fodeu, gente falando só sob
luzes de eletricidade ao som de
tristes trilhas sonoras de quem
perdeu, invisíveis estrelas perdidas
em um céu nublado, vai chover, vai
chorar, vai desabar o temporal de um
coração cheio de tanto nada, já há muito
sem ter com quem desabafar, hoje sangrará
até estancar mas certo é que alguém finalmente
ficará bem, tipo, entre sorrisos e soluços, ouço
ao longe o canto calmo da brisa de liberdade,
sombras, sobras, pela cidade, saudade...

quinta-feira, 27 de março de 2014

Flores contrariadas








Expectativa: Gentileza.
Realidade: Frieza! Um filme
pouco assistido, nossas vidas
divididas em dois quadros de
um romance falido, há tempos
vago pela névoa da tua vaga
lembrança, cada vez mais o
esquecimento me traga, e essas
flores dispensáveis que te trago
enquanto provas as novidades
de outro amor, um novo, seja lá
quem for, só sei que nada sou e
nada fui pra ti, um reles cara bacana
indo intencionalmente em direção à
casca de banana. Minha infeliz visão
de raio x que me permite ver as cartas
que te escrevi envelhecendo nas profundezas
empoeiradas da tua velha cômoda prestes à
ser jogada fora, é, agora sou uma espécie de
doença, uma desavença, uma afronta ao teu
bem estar, continuo caindo regularmente nas
armadilhas que a má sorte apronta, um fiel cão
à porta de uma casa abandonada, sem dono,
faminto e sem sono nessa insana espera de nada...

domingo, 23 de março de 2014

Sorvete e depressão(à sombra de um bonsai)

Dia, ensolarado dia,
e aqui dentro o sol não
sai; tomando sorvete à
sombra de um bonsai, imerso
em dolorosa nostalgia, pobres
versos do menino que encolheu
desde aquele dia em que ela não
o escolheu. Serão três dias de jornada
de volta pra casa, serão décadas de maus
pensamentos até que enfim me livre de vez
da solidão da tua perda, mas ainda sonho em
ser outra vez teu zero à esquerda, aquele doce
amante no qual cê não tem prazer de falar à respeito,
pouco importa, deixa, o mundo lá fora te cansa, mas
a gente encosta um no outro e dança, sei lá, descansa
se quiseres, serei teu leito, teu protetor sem jeito, devaneio
de um feio, desafortunado coração, dia, ensolarado dia, sorvete
e depressão...

quinta-feira, 20 de março de 2014

Certa crônica de veneziana



O caos da chuva lá fora 
inunda a cidade inteira, terça-feira, 
já passam das 22 horas, há uma 
menina de coração inquieto ali na
esquina, obrigada pela angústia
à estar na rua em uma noite sem
lua, abrigada sob a marquise de 
um  prédio abandonado, Toddy 
ao tédio, daria a paz do meu achocolatado
pela graça de estar ao lado dela, uma
piada estúpida, uma bobagem qualquer 
que lhe esboce um tímido sorriso que seja,
o perfume da terra chamado mormaço,
ora veja, mais de mil amigos virtuais
e na hora mais vazia sequer um abraço...

sábado, 15 de março de 2014

terça-feira, 11 de março de 2014

Alma em degradê



Blue de melancolia,
quase um ano feito, 
uma anomalia no peito 
e a transição do azul pro 
cinza, o degradê indica que 
vai chover pela quinta vez 
no mês no céu da minh'alma 
nublada; lá fora, um sorriso 
calmo nos lábios e as paredes 
internas úmidas, a solidão de 
um quarto frio, uma cama desfeita 
no meio da escuridão, o vazio do meu 
inverno particular porque ninguém quer 
ir lá. Anjos de neve malfeitos entre árvores 
de galhos secos, tênue, leve como se pudesse 
ser arrancado a qualquer momento da casa 
pelo teto, tão fodido nesse mundo bonito de 
vocês, outro mês se vai e ela não sai de mim, 
mas também não mora mais aqui, estando e 
não estando, testando, um, dois, três, outro mês, 
e ela me pôs uma placa de aluguel, nuvem de chumbo, 
razão das variações de cores do ensolarado céu de cobre 
sobre dias mais ou menos bons, no resto da cidade é verão, 
eu ia sorrir mas achei melhor não...

sexta-feira, 7 de março de 2014

Notas em uma geladeira em órbita...

Sorriso amarelo da cor do singelo 
bilhetinho, palavras doridas e não lidas, 
desobedecendo as margens, projetando
imagens tuas na lua, um grito escrito para
alcançar a calma da tua alma sem a minha,
menininha, bobona, dona das borboletas que 
brincam no meu estômago, letras em negrito 
no teu nome à cada fim de verso, meu universo 
em crise sem os buracos negros das tuas covinhas, 
onde tantas vezes me deixei cair, de onde nunca quis 
sair, fora de órbita com a tua distância, morto de saudade 
das tuas implicâncias, tanta coisa estranha que a gente sente 
falta, mas tudo que me lembra você faz do incomum essencial, 
és a flor selvagem que faz do brutamontes sentimental, singelo
lembrete no bilhete amarelo como meu sorriso, outra vez noite 
alta, à teu respeito...falta.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Pra onde vão as cinzas?

Ah, nostalgia, 
esses sagrados 
lugares ermos da
cidade, onde a minha 
amiga saudade rodopia 
e sempre baila sozinha 
com seu vestido cor de 
foto antiga; lentamente,
por muitas vezes dançando 
chorando, eu, ela e a estrada 
no meio do nada que aparece
ao meu redor quando estou 
desoladamente só, sentindo-me 
desprezado como um vagabundo 
viajante cá com meu rosto barbado 
e umas poucas moedas no bolso, uma 
pilha de esperanças e sonhos frustrados, 
pessoas para serem deixadas pra trás nas 
minhas lembranças, o velho isqueiro à mão, 
purifica, esquecer tudo que não fica, atear 
fogo no coração!

domingo, 2 de março de 2014

Deixa...


Insatisfação,
um poeminha triste
na folha parda que
embala o pão, me sinto
só porque sinto dó de mim,
a náusea que a minha doçura
te causa, faz frio, veja a brisa
lenta que consola este pobre
rei do vazio, beija meu rosto
corado de vergonha e alivia a
infeliz lembrança das tuas "esmolas",
tua saliva escorrendo pela minha coroa
de cartolina, "louco", "estúpido" e os piores
predicados que recebo enquanto percebo a
menina se distanciando naquele veículo adiante,
por um breve instante ela me olha e sorri, feliz
por estar partindo daqui, longe, muito longe do
meu modo singular de tratá-la, indago aos céus
em minha sofrida oração, onde estarei eu no dia
da tua insatisfação?