domingo, 23 de setembro de 2018

Notas de um dia instável....





Em algum lugar no firmamento, no fundo de uma gaveta sentimentos adormecidos, cartas que não tive coragem de enviar, derrotismos, a rejeição que nunca soube lidar, agora um cortante dia ensolarado vem como alegria inalcançável, aquele maldito dia de humor instável, as cores refletidas no mar calmo são perfeitos contrastes com a revolta cinza no vazio do meu mundo desabitado, o universo e eu, consenso, um rejeitado ridicularizado por esmolas de atenção à um coração intenso, sozinho na era dos amores estereotipados, silhuetas felizes na praia me davam a certeza de um esquecido, no fundo da gaveta sentimentos adormecidos, cartas que não me atrevi a mandar e a solidão vai se tornando vício, enquanto encaro o nada, a ascensão de uma trepadeira em stop motion embelezando o muro de uma casa abandonada...

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Inimigo íntimo





Translúcido o vidro da janela, lá fora o céu chora e aqui dentro há um azedume de inquietação, o meu peito é uma casa em escombros após tempos e tempos de assombros, tanto a fazer, ah, a graça do esquecimento e só então reerguer; cá estou soterrado numa casa abandonada, detestável e vil o sentimento, eu sei, mas alguém tem que pagar pelos danos da alma e toda bagunça deixada, amar em paz, Deus sabe o quanto quis, agora não mais, lá fora o céu desaba por uma história que acaba, ó, triste dia chuvoso, a cidade cinza, melancolia e umidade e aqui dentro apenas mais um filho da puta rancoroso...

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Quantos recomeços!






Olhos invernais, olhos invernais, nublara o céu da boca, a alma entristeceu e o sol lá fora já não me interessava mais, ó mundo de "sãos", pretensos vencedores não podem demonstrar dores e aqui aquela vontade básica de sumir, sei lá, ser tragado pela televisão, letargia de sofá após o "não", aquela "adolescentice", estava quase pra não suportar, mas eis que então mansamente o mar,  o olhar perdido de um vencido na doce valsa das ondas de uma maré cheia porque eu ainda acredito que um dia essa porra de amor não mais me aperreia!

domingo, 16 de setembro de 2018

Não é tédio, é apenas silêncio, mentira, é pura amargura!






"Fracasso", disse a noite sobre meu jeito quase escasso de gostar, o ponteiro gira, o tempo conspira para que envelheçamos juntos, a solidão e eu, pedalei, por sobre fios telefônicos e pelos poros da pele de um amor imaginário pedalei, um otário à devanear uma enorme distância da estrada dos "se's", o mais perto que pudesse chegar do fim do arco íris, estou mudo e mudando, um cachorro, ah, só eu sei o quanto esperei lá fora, tô vendo através de tudo porque não acho graça em nada por agora, mas não paro de pedalar, um dia, um belo dia a má sorte me esquece e quem me rejeitou há de lembrar...

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

A única companhia





Há uma noite impecavelmente estrelada e uma lua tão cheia quanto o meu peito de tanto nada, um quarto vazio, os meus lamentos sob a ponte ninguém viu e eis que então ela juntou-se à mim...pelejamos, pedalamos pela avenida das desolações, insanidade, insanidade, cara, pensei que não sobreviveria, meus olhos já há muito não a viam, mas a merda do coração ainda sentia, agora feito por dentro de frágeis cristais e corrosiva era a saudade, escandalosamente ria a cidade ao longo da noite elusiva, restávamos só ela e eu, as canções, os livros que a gente lia, ah, melancolia....

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Encontrastes um contraste....





O feio e a flor, encontrastes um contraste, a inocência de pétalas regadas de atenção e a rejeição de um coração de terras áridas abandonadas, o velho menino infeliz desdiz tudo sobre o lindo céu que cobre, um vagabundo caroneiro numa vagarosa nuvem, as paisagens em movimento na janela do transporte imaginário, um otário à bordo do vento, lugar nenhum, lugar nenhum, bad trip já passou, os olhos tanto nublaram que choveram, chorando, sob a pálica árvore, a cálida tarde, o tempo esfria, o peito arde, imerso no mar branco das paredes do quarto encara o nada, observado pelo teto e já há muito sem tato, as terras áridas abandonadas do coração de um feio contrastam com as pétalas regadas de tanta atenção da flor, há muito, muito tempo sem amor e ainda sem saber para que aqui veio...

sábado, 1 de setembro de 2018

Sob efeito da noite







Sob efeito da noite, luzes psicodélicas e melancólicas de postes e automóveis ao longo da avenida da desolação, o frio corre pelas ciclovias das minhas veias sanguíneas, um dia, uma declaração e então o rosto do meu amor volta ao estado gasoso, virou nuvem e agora não passa de um temporal em mim, mal-me-quer, mal-me-beija, okay, assim seja, nada pretendo, de vazios bem entendo, mas minto se disser que não sinto, preso e doendo sem nenhum bom ouvinte, sofro até a última gota de chuva, ansiando horrores pela luz da glória da manhã seguinte...