sábado, 27 de julho de 2019

Em meio ao caos...



A confusão de sons e vozes, a cidade não estagnava, só crescia, mas quando sobrecarregado, me deixava imergir no sagrado oceano de silêncio, mas num infeliz dia fui lá e ele já não mais existia, outra vez o som daquele sorriso cretino traidor me perseguia, o "progresso" urbano não se importava com quem no asfalto rastejava à procura de refúgio, as pessoas riam e cantavam alto e o topo do tédio sorrateiramente me convidava à um salto, precioso bem em mim que se chama "amor", ah, me fez negar o convite, o alento humano que não tive encontrei na polaroid ocular do firmamento, a beleza até onde a vista alcançava sobre mim me fez prosseguir, foi foda, tempos tão mais velozes, mas naquele dia particular me senti tão bem sozinho no meu caminho em meio à confusão de sons e vozes...

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Pensamos nós, "tardio"....



Honesto azul à perder de vista, a glória da vida, já nem lembro ao certo quando foi, só sei que era um dia perfeitamente ensolarado quando me tornei um homicida e que Deus me perdoe, não, não perdoe, hoje tramei um crime, sei lá, seja como for, acho que vi num filme, asfixiado assim que pretendo matar o que deixou de ser amor em mim, mantido vivo até então pela droga da carência, pois que vá, tire proveito da sorte enquanto pode e lembre amargamente de mim na vossa decadência...

segunda-feira, 15 de julho de 2019

Tempos de não se achar graça em quase nada....



Começo o dia divagando, encarando o teto da cozinha, por questão de instantes te imaginei sozinha, foda-se, muitas vezes a vida é irônica e escrotamente engraçada, de tantos "nadas", se desfazem as paredes e subitamente o espaço ao redor, a representação do meu vazio, calor demais e aqui dentro tão frio e só, cá na minha cadeira em órbita e o coração em quase óbito, descompromissadas com as dores alheias, sim, as pessoas falam vagamente pra gente "não desistir", do meu vácuo distante eu vejo "vômitos de felicidade" e uma vontade básica de deixar de existir...

domingo, 7 de julho de 2019

Vôo solo



O domingo é para solidão, a solidão é para o domingo, mútua e perfeita posse, uma leve brisa de mágoa cruzou minha tarde no mar, sigo as ondas, a cabeça fora d'água, respirar, emergir é preciso e sigo solitariamente sensível em preces para um dia tornar-se menos invisível, só alguns poucos sensitivos me notam agora asfaltos ermos, mais um vôo solo sob um mar suspenso de escuridão, o céu noturno, a solidão é para o domingo, o domingo para a solidão...

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Pela alta noite



Anos e anos de andarilho, recordações ao longo da estrada, hoje eu não passava de um gato sujo e maltrapilho pelos telhados de casas abandonadas, a visão panorâmica do asfalto melancólico e dedos de mãos que se desentrelaçam, tantos términos que presenciei do meu ponto de vista seguro, notas tortas da serenata do vadio cortam o ar do dia já escuro, se caísse dessa altura certamente eu morreria e ninguém daria por falta, asas, só as da imaginação, noite alta e não há mais quem me espere em casa...