quarta-feira, 27 de junho de 2012

A real beleza do raro
















Azul pro verde, degradê,
o reflexo do céu na água,
ver-te faz-me querer ir pro
mar, o doce cheiro de um pomar
com a fragância de um roseiral
confundem-se em espiral na tua
presença, 'té mesmo na ausência,
tua distãncia aflora minha inocência,
e tua proximidade decora as paredes
internas do meu peito com saudade,
coração, o único vão da casa sem mobília,
mas bem poderia ser uma ilha em algum
ponto inalcansável do oceano, e sem planos
de um dia ser habitada, nada, nada, nada
e vazio, tão agradavelmente desértica, como
ela jamais viu, situação geográfica, em relação
à solidão? Simétrica!

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Adoeceu, anoiteceu...

















Adoeceu por ela, na janela
anoiteceu no parapeito, na
visão do céu, o bálsamo para
o peito, era mais um rascunho
de pranto, de tanto que já chorou
por dentro, e por fora, sorridente,
na mente, a saia, o seio, o centro,
a moça, o triste reflexo na poça de
chuva, a curva dos lábios dela repetindo
aquele suave "não", a ilusão de vê-la
vindo em sua direção naquele entardecer
na praia, e foi quando o mar denunciou,
enfim, quem por ela adoeceu, ah, esses
céus de junho, os mais belos do ano, e
sobre tal engano...anoiteceu.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Sem truques, nem planos
















O fim do dia...
um peito sem angústias,
uma vida sem astúcias,
lembro de quando deitava
e agradecia pela beleza das
pequenas coisas explícitas
nos lábios da simplicidade,
um sorriso honesto ao olhar
pela última vez o luar sobre
a cidade, e tão mais macio o
leito, o sono vinha fácil.
Sonhos conturbados tenho
tido, esquecido pela leveza,
mas hei de lembrar, quando
for dela voltar, e o infeliz "agora"
tornar-se passado, feito "antes",
mentalizarei um rio de calma,
de tranquilas águas da alma,
adormecer com a coleção das
mais amáveis imagens das últimas
24 horas, em par com a paz, monogamia,
fim do dia...

sábado, 9 de junho de 2012

Enfeite



















Um prato apenas nesse
fracasso de jantar à dois,
e mais um conto-de-fadas
barato, segue o amor escasso,
também nem te convidei, né,
e por que? Er, porque...porque
...ora, porque eu sei!
Na verdade, na verdade,
minha pobre pretensão era
de apenas um lanche, quiçá
uma chance de pegar na mão,
sou a timidez nas declarações
de um bilhete, eu sou um enfeite
do teu criado-mudo, imóvel, vendo
aquilo tudo que de tão belo trazes
no teu adormecer em todas as fases
da lua, feliz em te ver, mas eu queria,
eu quero viver! Quero não só estar vivo
pra ter a alma escoriada de tanto açoite,
e os fantasmas da desilusão cirandam
meu vazio em forma de lembranças tuas,
és uma honesta flor nua, e eu o vento frio
de um sábado à noite...

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Adiar ou adiós!















Por detrás da antiga árvore
cá sentei-me sozinho, nesse dia
invernal, sou a raiz da última
rosa arrancada do teu jardim,
o cenário do dia feliz, no qual
teus olhos compõem, e não faço
parte, o carmesim do sangue nas
pétalas por conta dos espinhos, e
era eu, então o miserável contraste,
na tênue linha de cor azul perdido
na imensidão de um céu de chuva,
oh, moça, ai de mim que sou assim
tão blue! Na luta desigual, acaso
versus vãs esperanças minhas, e
continuo escrevendo versos sobre
devaneios de amor mútuo, ah, essa
tua sã natureza humana, que meu
sorriso "amarelo" nunca engana,
fiz meu leito, e toda noite deito à
sombra do teu esquecimento, jaz
ao relento, o insano poeta, baby,
quem dera poder renascer no teu
pensar, poeta insano, adiar o fim
da primavera, poeta insano, desmarcar
o costumeiro encontro marcado do meu
pobre coração com a pôrra de outro engano!

domingo, 3 de junho de 2012

O blues do Sem nome
















Sempre que me maltrato
canto alto, ó estranhos olhos
castanhos à mercê dos contratempos,
por onde se perderam à tanto tempo,
que furtivos olhares amantes desistiram
de encontrá-los como antes?
Os dias têm sido tão bonitos, porventura
o céu sobre teus sonhos tornou-se finito?
Faminto de tanto que sinto, e o que não
tenho sentido mais, ou o que pra mim
perdeu o sentido, sim, voraz é a fome,
e veraz, o desamparo, não raro fruto dessas
tais desventuras emocionais, ó miserável
coração do menino sem nome, e canto alto
sempre que me maltrato...