quinta-feira, 27 de junho de 2019

Letargia de cada entardecer



O crepúsculo energiza a cidade, esfaqueia-me a lembrança do olhar da menina, cá estou "blue" sob o céu tangerina, foi mais um dia que não movi um músculo em prol desta porra de felicidade, entre o trágico e o letárgico, entre sombras e sobras escapei na memória da alegria de um distante passado, a mansa brisa, o fim do dia cálido e quem diria que eu morreria assim, mas é claro que você não me convidaria pro seu pôr-do-sol "perfeitamente adequado", interiormente tenho andado tão, tão pálido...

terça-feira, 25 de junho de 2019

Estranhas portas, um estranho às portas



Estranhas portas, ó, estranhas portas que bati em meio às tormentas do peito caótico, que dias tão belos para se vagar de olhos úmidos, que bom que ninguém mais me reconhece, pelas memórias alheias, de tantas andanças, ontem eu tinha um nome, hoje me chamo "vaga lembrança", de vislumbres sobrevivi pelas calçadas do tédio interminável, entre dias que não quis me mover e dias que quis não acordar era eu como um sol soterrado, por entre escombros alguns fios de luz escapavam e quase fui notado, ode ao poeta morto, troquei poesias por meras cortesias...

domingo, 23 de junho de 2019

Da minha janela dominical...




Na solidão dominical, inóspito, infinito inóspito, meu coração, agora uma canção de amor fracassado que pessimamente cantarolo e sou personagem nato, fato, sou só mais um desses tantos "zeros" desenhando cenários com seus affairs imaginários aí então o peito se ilude, ontem voava, agora volto a perder altitude e os anos vão me convencendo que meu lugar é mesmo no chão, nos velhos dias jurei ter visto em minha direção sorrisos de bocas enamoradas, devaneios, meros devaneios de um feio, a visão da lua da minha janelinha e eu era apenas um gordo estúpido a escrever pelas madrugadas...

segunda-feira, 17 de junho de 2019

À pairar...



Uma projeção astral, era eu o espírito das avenidas vazias de domingo, um vento vadio à soprar sob luzes artificiais e viadutos, ilusória, alegria ilusória, o curto prazo do sorrir nos meus pobres lábios na velocidade do desabrochar de uma flor em stop motion como nas cenas de cinema e agora não passava de uma memoria, recentemente me recompus de um reles "amor teatral", hoje raramente só te reencontrava nas névoas de alguma viagem astral...

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Quem sou eu?





Cá estou vendo o sol novamente partir no horizonte com sua trouxa nas costas como um caroneiro viajante, ah, que solitária vista, a cada entardecer o desacostumar,  tantos momentos à "desmemoriar", anseios, percepções, visões únicas do cronista; pensava ser coisa de filme ou meramente de canções de amor, sei lá, mas eu juro que te ouvi nitidamente chamar-me em sonho, sabe-se lá o que/se isso significa, eu sou um grão de areia do aterro, eu sou uma árvore no Benfica, me cabem somente os registros das vistas, já não sou amado, voltei a ser platônico amante, eu sou um cronista...

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Achei que era....



Canção e lição pra vida, ah, insensatez, sinais que inventei, até pensei que era, mas tudo não passava de "Era uma vez...", o sal do mar, o sal das lágrimas e a alma ainda insossa, ouça a cantiga do vento no dia super azul e tente não me apontar tanto assim por ser tão crédulo, palavras de quem já se equilibrou à beira do precipício, me diz como não veria indícios de novos tempos numa mínima mudança de ares, ei, cara, eventualmente me encara o abismo, daqui eu vejo gente com genuíno amor no caminho e lábios cheios de cinismos, entre danças estranhas e estranhas andanças achei ter visto o sol em certos olhares, não sei, vai que não é só minha impressão, mas parece até que meus olhos nunca mais verão o verão, estúpido confesso, ontem podia jurar que era, mas não passava do velho inverno disfarçado de primavera...

domingo, 2 de junho de 2019

Perspectivas, expectativas....



Ironia...sequência de dias azuis e noites estreladas, nem se desconfia; pela cidade haviam corações com toda certeza do mundo que a felicidade havia enfim chegado, haviam olhares perdidos sob os mesmos dias ensolarados sem conseguir perceber, tamanha agruga, assim era o efeito da desilusão no peito, inalando ares sem doçura, uma cena dividida em dois quadros, pessoas com medo de sentir novamente e gente super confiante no amor que se tinha no caminho, meu indicador propositalmente se enfia no espinho da rosa, me acostumo com a dor ao som daquela triste bossa e alguém já não conseguia viver sem, tudo tão bonito e leve, sem sinal algum de fracasso no horizonte, nem se desconfia...ironia.