sábado, 24 de setembro de 2016

O meu amor é estrábico




Eu vejo o sábado passar como quem perdeu
o último ônibus do dia, a sensação de perda e
falta de rumo nesse mundo de malandros, sacanas
e afins; ai de mim, ingênuo e ultrapassado "amante
à moda antiga", poxa, como eu queria me livrar desse
vazio sem fim, perdoa por assim dizer, um fracassado,
olhando pro meu interior, a dor da doçura que é sempre
sonhar só e então olhar ao redor e ter a gritante impressão
que todos parecem ter a manha de não se deixar levar, "mais
que anormal eu devo ser  pra ver você em todo lugar", e quantas
canções feitas sob encomenda pra infelizes, choro porque quase
sempre me enamoro por meras "atrizes", eu sou um estranho para
cada canto da cidade, constantemente eu vejo olhos mudando de cor
entre beijos intermináveis, reciprocidade certamente me é um sentimento
esporádico, bem melhor do que admitir "utopia", as coisas nunca foram do
jeito que eu realmente via, o meu amor, o meu amor é escrotamente estrábico!

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Eu




Só ando só, eventualmente converso
comigo mesmo sob o sol, todo dia a alegria
me erra, nada à ver com nada, pensei:" Por
onde andarão os sãos da terra? Hoje eu me
declaro viciado em tristeza, a alma maltrapilha,
dada a incerteza de mais da metade da vida feita
de amores vãos, para cada poesia o seu devido desdém,
o mundo é uma grande ilha, anos e anos mandando sinais
de fumaça para ninguém, às vezes eu penso que seremos
náufragos até o fim, célebre frase que nunca deixaremos de
ouvir"A vida é assim", o infortúnio me nomeou "poeta otário",
fui abandonado pelo último amigo imaginário, Bowie se foi...

sábado, 17 de setembro de 2016

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Um rolé com Cazuza




Meados de noventa, amores de escola
que eu não consegui, "o nosso amor a
gente inventa", trazia essa canção à mente
e mentalmente chamava-a "querida", "todo
o amor que houver nessa vida", e assim cantou
o menino Agenor sobre a utopia dos meus sentimentos,
eu tão calado com hálito de mentos em algum canto da
sala de aula, anônimo, antônimo de "descolado", lembrei,
uma professorinha até me chamou de "sonso", algumas vezes
de "cínico" e eu era só muito tímido, popular nunca fui, até hoje
muitas não sabem o que realmente flui no silêncio dos meus delírios,
desde os tempos que sentava na carteira atrás dela, pensando em lírios,
de rejeições bem entendo e a cada fim de angústia acabo agradecendo,
"Obrigado por ter se mandado", felicidade sempre foi não sofrer mais,
"solidão, que nada", aprendi, o que acabou, acabou, penei pra caralho, mas
depois sorri por conta do desnecessário, bem,"faz parte do meu show", até
me acostumei à ver gente partir, peço licença  à Elis, pois tudo que eu mais
preciso agora é "dormir pro dia nascer feliz"...

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Feriados e fins de semana(Repudio muito tudo isso!)



Céu de nuvens vãs, meninas são astutas e
meninos são filhos da puta; ao longe o mar,
e de lá, enquanto nado, vejo uma cidade que
se transforma, perdão, deforma, meus braços
se movem e a mente divaga, "Não há vagas",
constantemente leio esse anúncio em corações
escancarados e fechados ao mesmo tempo, muita
gente se diverte enquanto descarta olhares de encanto
e cartas de amor vindas de universos tristes de quartos
trancados, aos que duramente esperam e mais ainda aos
que se desesperam pela falta de novidades a cada nova
manhã, meninas são astutas e meninos são filhos da puta,
e todos sorriem sob um céu de nuvens vãs...

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Dúvidas, dívidas e dádivas







Fim de noite, um ponto de ônibus, cálida e fria a madrugada se aproxima, traz consigo a lembrança da incompatibilidade de sentimentos e toda sorte de pensamentos incertos, afim de tirar calma daquele único ser num raio de quilômetros, ninguém por perto, o transporte demora e essa maldita incerteza sem a mínima pretensão de ir embora; em alguma parte da cidade ela adormece, esquecendo da sua pobre existência, os versos dedicados nada dizem, ainda que super delicados, a gélida bela moça ignora o abismo que a sua falta deixou com a repentina ausência e apenas vira pro outro lado da cama na beleza do sono tranquilo, os grilos cantam e não espantam os males que a solidão causa naquele rapaz à espera do ônibus, incontáveis são os dias de inquietação na sua vida, nunca teve uma dor realmente dividida, sempre superou tudo sozinho, com a benevolência de um mar gratuito e uma praia vazia pra estar, as ciclovias de domingo à noite o bem entendem, finalmente ele conseguiu chegar, tudo o que ansiava era estar em casa pra poder sofrer em paz, a saudade quase fez ele esquecer da janta, mas com muito esforço se alimenta e já sente alguma melhora, agora vem aquele receio de dormir e sonhar com ela, só que o medo da insônia o aterroriza mais ainda, enfim os olhos pesam e uma estranha paz invade aquele quarto de frustração, como uma louca necessidade de liberdade, um sono pesado sem sonho, o corpo desfalece, enquanto algo renasce dentro daquele menino simplório, e eis o dia seguinte, a luz do sol novamente o interessa, desperta sem muita pressa, o colibri esperto veio à janela pra celebrar junto a volta do seu amor próprio, amanheceu, advinha quem enfim afortunadamente esqueceu?