segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Dúvidas, dívidas e dádivas







Fim de noite, um ponto de ônibus, cálida e fria a madrugada se aproxima, traz consigo a lembrança da incompatibilidade de sentimentos e toda sorte de pensamentos incertos, afim de tirar calma daquele único ser num raio de quilômetros, ninguém por perto, o transporte demora e essa maldita incerteza sem a mínima pretensão de ir embora; em alguma parte da cidade ela adormece, esquecendo da sua pobre existência, os versos dedicados nada dizem, ainda que super delicados, a gélida bela moça ignora o abismo que a sua falta deixou com a repentina ausência e apenas vira pro outro lado da cama na beleza do sono tranquilo, os grilos cantam e não espantam os males que a solidão causa naquele rapaz à espera do ônibus, incontáveis são os dias de inquietação na sua vida, nunca teve uma dor realmente dividida, sempre superou tudo sozinho, com a benevolência de um mar gratuito e uma praia vazia pra estar, as ciclovias de domingo à noite o bem entendem, finalmente ele conseguiu chegar, tudo o que ansiava era estar em casa pra poder sofrer em paz, a saudade quase fez ele esquecer da janta, mas com muito esforço se alimenta e já sente alguma melhora, agora vem aquele receio de dormir e sonhar com ela, só que o medo da insônia o aterroriza mais ainda, enfim os olhos pesam e uma estranha paz invade aquele quarto de frustração, como uma louca necessidade de liberdade, um sono pesado sem sonho, o corpo desfalece, enquanto algo renasce dentro daquele menino simplório, e eis o dia seguinte, a luz do sol novamente o interessa, desperta sem muita pressa, o colibri esperto veio à janela pra celebrar junto a volta do seu amor próprio, amanheceu, advinha quem enfim afortunadamente esqueceu?

Nenhum comentário:

Postar um comentário