sábado, 30 de julho de 2016

Um abençoado desmemoriado(Preces e mais preces)







Ares de solidão, uma multidão de rostos 
nada familiares, uma estação de trem e um
lugar qualquer pra tentar ficar bem, e como
havia dito, "Nowhere Man" dos Beatles nos
meus fones porque até teu nome desejo assim
ardentemente esquecer! O som de estranhas vozes
me deixa inquieto, ironicamente não tenho mesmo
um destino certo, cega e desesperadamente quis porque
quis fugir daqui, como se as tuas lembranças não fossem
me seguir assombrando, impregnadas na minha sombra,
poxa, como dói saber que agora chove, mas você não desaparece,
enquanto me esquece em pesadas pálpebras de sono profundo, uma
cena de dois quadros lado a lado mostra ambas as realidades, tua plena
paz e a minha clara infelicidade, ó Deus, eu vou trocar de vagão, quero
deitar na segurança de uma cratera na lua, um frio cômodo em algum
recife de corais na parte mais afastada do oceano que seja, que é pra
ver se engano a mente do incômodo que é qualquer memória tua...

quarta-feira, 27 de julho de 2016

A balada do filho da puta





Diria "escassez", tenho os olhos cheios de fúria e
frustração, quase, quase, daí brusca ilusão outra vez,
sequelas de uma estúpida busca, a solidão me faz pagar
um alto preço, pareço calmo, mas estou à meio palmo de
uma queda livre desse abismo de inoperância que cavei no
decorrer dos anos, por muito, muito tempo fui órfão, amor
de mãe até tive, mas é que eu sou um cara sujeito à enganos,
lábios sussurrantes põem meu coração em contradição, "De boas
intenções o inferno tá cheio", então acho que já ganhei o céu, eu
sou um tipo feio e mentiroso, dizem que minhas palavras têm um
mel duvidoso, dizem que é só doçura fingida, dizem que eu preciso
dar um jeito na minha vida, bem, todo mundo aparenta saber viver
melhor do que eu, um pouco de ironia sem falsa  modéstia, os bem
vestidos me desprezam, a sorte me detesta, roupas e alma rota, é outra
noite de céu desnecessariamente estrelado, o ódio à minha própria pessoa
é de um coração sequelado, meras lógicas, que pena, eles apenas não sabem
dos vazios meus em dias assim, e se ainda não dei cabo de mim...graças à Deus.

domingo, 24 de julho de 2016

Sabe quem passa, sofre quem sente...





Diferentes ângulos do verão, piscininhas de poças,
pazinhas de areia e biscoitos, crianças correndo à beira mar
e sentimentos corroendo o peito daqueles que não têm a quem
amar por conta dos contratempos, imagens vintage de super 8,
e os borrões de recordações vão sendo registrados no caderninho
do tempo,o domingo, um cantinho, "A vida é muito longa quando
se está sozinho", disse aquela canção do Smiths, o amor sob os
diferentes ângulos do verão, os que têm em abastança e aqueles
que nunca verão...

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Era(pra ser)você...





Corvos nos galhos secos, anos sem receber visita, estorvo, codinome parasita, temporada de caça aos tolos, abandonados fomos em plena noite na floresta, resta-me pouquíssimo tempo, hoje eu abri mão do benefício da dúvida e estranhamente me contentei com a idéia de morte certa, insanamente sorrindo sob a luz vermelha que sai dentre as árvores mortas em direção à minha testa, uma pena para os pobres credores, deixarei pendente tanta dívida, mas feliz por não estar implorando pela minha vida, em meio ao caos daquele fim de semana pensei na covardia humana e súbitas mudanças de opiniões em situações extremas, a bondade ante a necessidade não deixa de ser um infeliz estratagema, alguma vez você já se perguntou quem realmente és há poucos segundos do pressionar do gatilho, o que você faria ou se tornaria para fazer desaparecer a angústia e o desespero? Só penso que ao invés de beneficiário poderia ter sido um pouco mais filho, uma vasta coletânea de sorrisos de criança me conforta, mas não importa, se puder ser instrumento que sacia a ira, pôr um fim na guerra, nem que custe a minha existência na terra tá valendo, antes do "click" um último pensamento, a singela imagem dela olhando pra mim da janela, a câmera dá um "zoom", era pra ser você...boom!

quarta-feira, 20 de julho de 2016

De volta à "camalândia"....




Ouça a triste melodia da brisa, ares de Carpenters, diga então
o que acha e pense à respeito do que realmente precisa; cabisbaixa moça,
olhos marejantes por trás das lentes dos velhos óculos, um suspiro irrompe
aquele cálido ambiente, sente muita raiva e desprezo por si mesma e bem menos
esperta em plena biblioteca, imersa em pensamentos, fragmentos da conversa da
noite passada, a honestidade dos sentimentos relatados à mais uma pessoa errada,
dez anos passados sem novidades, novamente "vômitos" em seu diário esquecido
por alguns dias em seu armário por conta da ilusão, poderia ser o tão esperado momento, só que não, como ela quis desta vez não ter razão, olhos gentis, fúria e frustração interna, ataques de ansiedade e ela não consegue parar de sacudir a perna, a quase certeza de que não há quem se importe, assume, bem menos forte do que de costume, segunda feira e ela desejaria de todo o coração poder dormir como se estivesse morta a semana inteira...

domingo, 17 de julho de 2016

Fotografias e músicas que te trazem à memória(Um viciado)






Um colírio para os olhos, um martírio,
fotografias dela, por entre vielas e ciclovias
da minha corrente sanguínea até a linha do
horizonte onde são audíveis os ecos do vazio,
"Um dia frio, um bom lugar pra ler um livro",
e tanto que eu lia, mas é que nunca me livro desse
maldito vício de melancolia; no meu peito pulsa um
estranho desejo de não estar totalmente bem, que é
pra tristeza não perder a validade, não, não é mito,
em cada canto da cidade um desencanto e um esquisito
como eu à procura de amor aonde não existe, senão não
tem graça ouvir música triste, um doloroso e singelo querer,
universo paralelo de gente absorta no passado cá com nosso
desamor próprio declarado, a diversão da autocomiseração,
yes, nós somos um povo faminto pelo "quase", fodam-se as
fases e frases de amor, mais nos apetece a ilusão de ter e perder
que é pra Deus ter "peninha" de nós, alguém aí disse "patético"?
Raquítico, esquelético entusiasmo pra não revelar a verdadeira
identidade do marasmo, e quanto à vós que sois amados, valorizem
e sejam gratos, sábias palavras de um pobre viciado...

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Invernos sentimentais(Primavera, quem dera)





O inferno de invernos sentimentais,
uma vasta coleção de memórias tolas,
parecia invencível, mas agora sou apenas
invisível, tanto que se emociona ao longo
dos anos e ainda assim nunca funciona;
do outro lado da calçada do mundo alheio
eu vejo um sol suave e sem receio, folhas
coloridas nas árvores, a singeleza das aves,
toda essa paisagem ao redor dos bem aventurados
de coração, risos e palmas, do lado de cá o frio me
açoita a alma como uma espécie de abstinência, a
cidade se traduz em saudade em plena a noite alta,
mas que porra, como eu sinto falta!

domingo, 10 de julho de 2016

A saber que o "nunca" também pode ser possível sim...





As luzes da noite passam por mim,
imerso estou em pensamentos, atônito
pela cidade em constante movimento, oi,
eu sou o pobre cronista, não carrego lápis,
nem papel, minha linha de raciocínio vai sendo
escrita no céu enquanto admiro, só tenho mais
uma alternativa contra a falsa expectativa, pena,
não mata, mais maltrata pra caralho, ei, cara, me
encara a lua vil, "Ela Partiu" no autofalante do automóvel
em frente ao bar, diários de asfalto: Meu peito doeu e fui
pedalar, ela lá me esquecendo em seu quarto neon e eu aqui
fugindo da escuridão, as constelações e as ciclovias, esse é o
meu jeito de não ser morto pela maldita solidão!

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Versos desnudos







Vivo pra esquecer...os raios do entardecer
atravessam meus dedos, que eu sou um perdedor,
bem, isso nunca foi segredo, encaro minhas mãos,
e após tanta espera, ainda sem nada, olha a tarde
outra vez indo embora da cidade, a saudade arde
no peito quase que constantemente e o seu rosto
ainda me assombra a mente, os últimos vestígios
de sol, lá vem, lá vem a escuridão outra vez, e já
alguns anos em par com a solidão, nos conhecemos
nem sei quando ou onde, anos tentando dialogar mas
ela nunca responde; olho pra trás, minha vida é uma
zona e a estrada de sonhos ingênuos desmorona à
medida que fujo de onde me sinto dispensável, eu
sou um tolo prendendo o choro porque até hoje não
conheci amor sincero, mas não me desespero não, pela
ciclovia eu vejo ao longe um simpático casalzinho de
bicicleta, parecem um só amor, e eu poderia dizer "Please,
não morra!", mas de tanta perda, eu apenas os observo
desaparecer na esquina e digo à mim mesmo"Foda-se
essa porra!".

sexta-feira, 1 de julho de 2016

E essa passagem da minha vida eu chamo de "Sendo um perfeito merda!"






Insone às quatro e pouco da manhã, salvo eu fui de um surto pela visão do céu perfeitamente estrelado lá fora, das varandas dos meus olhos expostos a ciranda de estranhos rostos tristemente dançando em minha memória, tantas faces de rejeição ao meu pobre coração pedinte, poderia ter sido amado por ser bom ouvinte, poderia ter sido "descolado" se tivesse grana e posses mas minha hirsuta barba e minhas tatuagens só me dão essa desprezível imagem de um filho da puta, me pego achando graça toda vez que me olham como uma espécie de "ameaça", não, cara, eles realmente nem imaginam sob quantos dias dignamente ensolarados e quantas noites absurdamente enluaradas de lindas eu vaguei tão só e nem sei quantas ainda andarei e lógico que não interessa, daqui avisto uma vasta multidão acotovelando-se aos tropeços à procura da felicidade e continuo caminhando sem pressa, sendo maldito e conformado, um dia eu achei que alguém realmente gostasse de mim, nós dois  num jardim com odor de lavanda, deitados numa toalha de piquenique implorando que fique, canta um canário enquanto lábios aproximam-se, mas quando dei por mim não existia mais "tu", pena, apenas um sonho triste, um otário e efeitos especiais da tela azul...