sábado, 21 de janeiro de 2012

Dorme





















Pra se estar fora do alcance
da incerteza, dos maus acasos,
e tanto descaso com a singeleza
dos meus versos, peço à Deus,
e me despeço do mundo, deito,
no que imagino ser uma cama
de nuvens, céu, o mais longínquo
lugar, onde ninguém, sequer,
conseguiria me imaginar,
jazendo sobre o caos da forte
chuva da madrugada, três e
meia, sonho com um chapéu
novo, por conta do cabelo que
já rareia, que paz eu sinto,
vendo os aviões daqui, só
acordo pra morrer, envelheço
até dormir...

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Quanto falta pro chão?















Saudade,
olhos cheios, peito sem,
a idade avança, e a pele
do indicador nunca
alcança a palma da tua
mão, meu bem, quando
caio ao longo dos anos,
saio da tua vista, sumo
da tua lista, e dos teus
planos, meses à décadas
de queda-livre, saudade,
olhos cheios do que nunca
tive...

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Águas de descanso
















Além da pele, apelos,
aqui jaz uma cidade
sem paz, mas em resposta,
corrégos de tranquilidade
que o fim do dia trás me
fazem descansar quando
a luz se apaga, e já não há
inquietações quando a calidez
da noite me afaga as pálpebras,
fico à sorrir de sua linda palidez
em minha sonolência, simplicidade
maior não existe do que a inocência,
faz sumir de mim o pecado da soberba,
me faz lembrar de ser grato por cair,
levantar e novamente sorrir, refleti no
último copo d'água, antes de dormir...