quarta-feira, 24 de junho de 2020

Marasmo, sarcasmo do dia mal...


Dias assim, dias que nem, ó, ensolarado dia belo que reflete no prédio espelhado, ó, maldito tédio que meu olhar em transe denuncia na desesperança do inesperado, o tempo passa em stop motion e a gente se convence que não vence, resta ao coração convir com a canção que "um nasce pra sofrer enquanto o outro ri", contrastes, conflitos, a alma maltrapilha de Carlitos agora a cores, cores de Frida, cores sofridas após anos e anos em preto e branco, nunca mais a vi, c'est la vie, já nem é pra tanto, era uma vez espera vã, virou "desdém" e eu aqui doido pra que chegue logo o amanhã só pra não ser mais hoje, dias assim, dias que nem...

terça-feira, 16 de junho de 2020

Arcaico lugar....



Reverbera, reverbera, adeus, primavera, nas paredes já com musgo e trepadeiras empoeiradas ecoam antigos sorrisos, estilhaços de alegria, os cacos de sonhos, os cacos de vidros, o tempo que se chama "hoje", tristeza disfarçada de felicidade fingida em seus devidos filtros, abandono, eu sou um cão sem dono sobrevoando a cidade em minha nuvenzinha cinza, depredadas janelas oculares em um lindo dia de sol, nostalgias e sequelas deixadas por quem partiu pra não mais voltar, anos e anos de "não's" e "se's", o meu coração é uma casa abandonada sem placa de "aluga-se", nas paredes maltratadas do peito reverberam velhos sorrisos aos comandos do "xis", envelhecidas fotografias, vagas lembranças de quando meu coração quase foi um lar feliz...

quarta-feira, 10 de junho de 2020

À "otariar"...



Ah, vida de se acostumar, a luz dos olhos que me cativa, por fim é a que sempre me engana, desacostumar-se, esquecer, deixar pra lá, bolsos e mãos vazias como minhas noites de fins de semana, no teu roseiral era eu um cacto, diamante bruto como todos os brutos que amam, mas é que ela só queria uma droga de status, nada, nada flui, reles peles, usado e descartável, ai de mim, Deus meu, que sou assim, "sentimentalmente desengonçado", otário, um herói falido do "partido coração", não, 'pera, é o contrário, anos depois aqui a sobrevoar por tão limpo céu sem novidades, milhas e milhas de pleno "nada", cá sem novas esperanças e sorrisos novos na cidade, sério, nada...

quinta-feira, 4 de junho de 2020

E tendo passado o nosso bem, um dia o mal idem....



Ah, quantos sonhos o tempo não desfaz, no fundo dos olhos centelhas de inocência, um pouco mais de vinte anos atrás, adolescência, tão cedo sofremos, medo, sim, era medo que sentia a cada feliz momento que diante de mim subitamente desaparecia, ó doce e tola utopia de alegrias intermináveis, "me passando" em nome do amor sob os olhares atentos de toda cidade, pensava, um calor de mãos que nunca sumisse, abraços e beijos sem validade, o vento amistosa e calmamente me alertava e eu, imbecil nato, obviamente sempre ignorava, ilusão, causa mor da rebeldia, "foda-se!" pichado em letras bem grandes no peito, aviso à sabedoria, frutos a colher, pelos belos pomares e verdes plantações da vida eu não passava de um "espantalho", passados quase quarenta anos, hoje detestando toda e qualquer esfuziante alegria por ter aprendido que a "down" que bate após dói pra caralho!

segunda-feira, 1 de junho de 2020

O nada...



Espera, ainda à espera, encontrado, oxalá tivesse sido, quem dera, devaneios de uma boa colisão, essa noite adormeci com os olhos perdidos no espaço e tive um pesadelo que morria sozinho em frente à televisão, acordei num realidade sem abraços; trégua, um mal sem previsão, a terra agora repleta de vazio e saudade, quem diria que sentiríamos tanta falta assim de pegar na mão, o lamento do vento no silêncio da estrada, um misto de sentimentos, mas ninguém viu a flor que venceu o concreto no fino desabrochar naquela calçada, nós agora vivíamos num mundo sem abraços e restrita visão, eu sou um inóspito planetinha diferente há muito, muito tempo à espera de uma boa colisão...