domingo, 25 de abril de 2010

Tubérculo sem gatinha













Eu tinha...
Nos almoços de domingo,
batatinha amassada feito
purê, macarronada, o "colorê"
da candura de suas mãos gentis
nos legumes, o alumiar dos dois
vagalumes que moravam na doçura
dos teus olhos, o feliz refletir na
latinha de molho de tomate,
queijo ralado pela "flor que
não se bate nem com pétala
de mulher", uma colher de manteiga,
e põe na batedeira, bate, bate
o coração, reclinando-me na
cadeira, o queixo repousado na
mesa, erguido na pureza pra lhe
beijar a face, espalha a rama pelo
chão, batatinha nasce, foi-se a
minha gatinha, uma cozinha
com alimentos na despensa,
pensa, pensa, e sem alento nesse
interim, cinco anos se resumem
mais ou menos assim:
Eu tinha...

Já mais de cinco anos, gira, gira, torno à chorar tua falta, mãe, minha gatinha, a lacuna que deixaste torna-se visível à cada almoço de domingo sem teu amor expresso na comida, sem tua simplicidade ímpar de nada reclamar, "anja de eu", me perdoa pelas lágrimas derramadas no prato....

quinta-feira, 1 de abril de 2010