domingo, 25 de abril de 2010
Tubérculo sem gatinha
Eu tinha...
Nos almoços de domingo,
batatinha amassada feito
purê, macarronada, o "colorê"
da candura de suas mãos gentis
nos legumes, o alumiar dos dois
vagalumes que moravam na doçura
dos teus olhos, o feliz refletir na
latinha de molho de tomate,
queijo ralado pela "flor que
não se bate nem com pétala
de mulher", uma colher de manteiga,
e põe na batedeira, bate, bate
o coração, reclinando-me na
cadeira, o queixo repousado na
mesa, erguido na pureza pra lhe
beijar a face, espalha a rama pelo
chão, batatinha nasce, foi-se a
minha gatinha, uma cozinha
com alimentos na despensa,
pensa, pensa, e sem alento nesse
interim, cinco anos se resumem
mais ou menos assim:
Eu tinha...
Já mais de cinco anos, gira, gira, torno à chorar tua falta, mãe, minha gatinha, a lacuna que deixaste torna-se visível à cada almoço de domingo sem teu amor expresso na comida, sem tua simplicidade ímpar de nada reclamar, "anja de eu", me perdoa pelas lágrimas derramadas no prato....
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Babiô, Entrou o 15º membro do Blogs de Quinta:
ResponderExcluirMarcília de Sousa - http://marciliadesousa.blogspot.com/
Junte-a à lista!
Abraço
Fabio, esse é o texto mais lindo do que eu li seus...
ResponderExcluirmuito bonito e emocionante mesmo, cara...
Abraço
gostei do formato mais "poema" desse!
ResponderExcluire do conteudo muito mais!
Esse foi o texto mais lindo e mais emocionante que eu li nesse ano, juro pra ti.
ResponderExcluir;*
Intenso e tocante.
ResponderExcluir