domingo, 19 de dezembro de 2021

Errante



Anoiteceu na laje, outra vez pus meu traje imaginário de astronauta porque acho que nunca mais voltei à órbita desde a última vez que senti falta, atônito em meio às estrelas, mas livre pela beleza do cenário espacial, pois quando parti ninguém viu, tão down, tão blue andei que implorei aos céus ao menos pela volta à paz do vazio; aquilo lá não são asteroides vagando nos confins, ali são pedacinhos meus, fragmentos de mim, sozinho em algum planetoide lamentando o que na ocasião aparentava simples crueldade da vida, sabedoria do universo imensamente superior ao meu utópico sonho de alegria dividida, mãos pra dar pra mim nem pensar, à Deus mui grato, a dúvida enfim me erra e quanto mais duramente aprendo menor a vontade de voltar à terra...

terça-feira, 30 de novembro de 2021

Morte aos peculiares!

 


Pessoas que amamos, pessoas que não mais e eu sou apenas mais um perdido com um único pedido aos céus: paz!..mas eu não tenho pretensão de ser aquele cara "super" porque esse tipo de gente é quase sempre aparentemente "super normal" e eu não digo que estou necessariamente "mal", sei lá, talvez esteja, ah, vá, que seja, só sei que hoje me defino "super esquisito", sei lá, tua casa de praia cheia de efusivos me inibe e eu gosto mesmo é de estar à toa, longe de aglomerações, uma ou duas pessoas pra falar, 'té mesmo estranhos conhecidos que se encontra pelas esquinas da vida e a gente se abençoa, detesto, repudio ter que parecer "bem" meramente pelo melhor julgamento de gente que sequer me têm respeito, ah, utópica liberdade que esses "lógicos racionais" não dão à nós, inaceitáveis incomuns, hoje eu só quero ser como o Wally, difícil de ser encontrado, longe dos acasos chatos que nos obrigam a estar onde não queremos, na multidão ser só mais um, tanto faz e como há muito cantou Guilherme Arantes, "Meu mundo e nada mais"...

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Hereditariamente desafortunado...



E quão revoltante achar ter encontrado seu lugar ao sol na praia particular no peito de alguém só pra depois sofrer pra desacostumar e lá vamos nós de volta às intermináveis filas dos desprezíveis e dispensáveis, semblantes sofridos, reclames e mudanças desesperadas de gente mal amada, seja muito mal vindo ao meu mundo, lugar esse, lugar esse que jurava ter escapado, Deus sabe como quis amar-te e me iludi achando que iríamos à lua no feriado, mas subitamente me vi sentado sozinho em marte, da janela eu vejo um imenso salão de oportunidades de afeto, mas desde feto minha vida foi esperar lá fora, sonhar e acordar sem, ah, sagrado ataque cardíaco, por que tanto demoras?? 

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Deserto em mim

 


Não de refeição, mas de amor a fome e lá se vai mais um ano, Carpenters nos fones enquanto rastejo em meio às miragens frustrantes desse deserto urbano, ó, dias de sol escaldante e noites de frio cortante, machuca a pele, fere a alma de um cara já há muito sem o lar de um olhar, meu peito, meu Saara particular...

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Pedala o tolo pedala


Solitário pelos cenários vazios das antigas lembranças de
 pessoas que eu apaguei, sem mais esperanças pela noite pedalei sem destino marcado, ninguém à minha espera, nem tampouco afim de ser encontrado; ao longo do asfalto na companhia do vento, à vista de olhares perdidos e sonhos em varais de apartamentos, na mente, entre memórias amargas, saudosismos e quanto faltava pro final do mês, xingando e me lamentando inglês, comigo ninguém ia ou ria, comigo ninguém vinha, okay, massa, fumaça ao invés de vinho, eu sou um rei sem súditos, eu sou o rei da estrada como de praxe, falando sozinho...

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Untitled

Corpos tremeluzentes, chuva de granizo de tantos sorrisos, às vezes a alegria alheia dói, sabe...ando pela cidade, pôrra, não vejo novidades, o céu me traga e estraga os pulmões do dia, tipo um cigarro de quinta categoria pisoteado pelo salto alto da dona felicidade, foda-se, é que nem amor para desafortunados, se não mata, maltrata, amanheço, permaneço aqui deitado porque não sei mais o que faço, a vida é um parque de diversões e eu acho tudo isso um saco, crescer é basicamente isso, cara, perder aquele genuíno brilho dos olhos, as crianças saltam, cantam e trotam e a maioria dos adultos só focam nas merdas que os derrotam!

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

"Pratrásmente"....




Às voltas com as memórias em cenários vazios por outros deixados, sim, eu sou uma criança a brincar num parque de diversões abandonado, brincando sozinho nas cinzas de momentos que alguém há muito incendiou e esqueceu a não ser um idiota como eu, sons de gargalhadas, os cheiros que ainda sinto, atirado pela janela do veículo da vida eu fui por esquecer de por o cinto e quando dei por mim havia sido deixado em lugar nenhum à beira da estrada, nenhuma esperança de carona em algum pensar, oxalá ser lembrado, eu sou o esquecimento vagando na pista, das situações mais felizes sou sempre o único que ainda lembra, sou o passado recente e o distante, eu sou o cronista...

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Meu nome é "vaga memória"...



Pessoas inseridas, pessoas riscadas da história, ao longe achei ter visto a glória vindo em minha direção, então abri os braços pra me deixar acertar, mas infelizmente não passava de um caminhão, tive sonhos destroçados, esperanças esmagadas, hoje eu sou uma borboleta triste em seu voo lento contra o vento sem ter pra onde ir, sem pressa de chegar,  o despertar de um ex amante em seu desatino, ó, Deus, cá meu coração outra vez sem destino, foi num romance da sessão corujão que fantasiei recentemente que tinha chegado a minha vez enquanto as chances e boas oportunidades chegam pra eles na nitidez de uma tv de plasma, novos planos, novos amores em novas histórias e eu agora não passo de um fantasma, apenas a porra de uma vaga memória...

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Alto, bem pertinho da lua...


Em minhas preces nunca faltaram aquele velho "tomara"',  do amor restou lamento, à face do palhaço, torta, ao estranho, portas na cara, portas, estranhas portas que bati até que entendi que meu lugar era mesmo ao relento; já fui "esquisito", "incomum" e até "diferente", sempre sozinho e sorrindo, muitas vezes deixado e quase nunca "bem vindo", às desventuras do coração, muitas fases e sobre quem à mim despreza ou magoa, bem, mentalmente nem termino as frases, não, eu não permito nostalgias de rostos do meu desapontar, apenas cenários vazios pra lembrar e assim tristemente vago às voltas com mais um necessário esquecimento, a lua afetuosamente me observa como um filho desamparado, a mansa brisa me beija o rosto num consolo e eu era apenas um tolo escrevendo toda essa merda "chapado"...

domingo, 1 de agosto de 2021

Insignificante(fora do radar)



E cá estou outra vez entorpecido e quase atônito pela ciranda de memórias, daqui eu vejo gente em seus vãos vislumbres empunhando seus drinks de vitória e desesperos por holofotes, daqui insanamente rio de tanto "sucesso" agradecendo pela sagrada água do pote; ó, quantos protagonistas em suas acirradas disputas por focos de atenção, um dia até fiz parte do cenário, um dia eu fui uma árvore de papelão, eu sou um poeta de bermuda e chinelo, de que valem os versos de um maltrapilho amante, sob um entardecer amarelo brinco de me equilibrar no meio fio e novamente rio desse mundo de tantos "sãos", desinteressante por toda minha vida, mas agora melhor entendendo que todos passam a valer à pena quando vistos com o coração, ah, insensatez, a brisa me soprou aos ouvidos que ainda não foi desta vez, no mar da insignificância flutuei, nada a perder no amor, só a liberdade de saber que a ninguém mal causei, ninguém me amando em excesso ou cegamente, sem planos a serem frustrados, talvez quem me deixou ou despreza de passagem me veja por aí sozinho da janela de algum veículo e despreze ainda mais pela falta de vínculos, sei lá, talvez até tenha dó, outa vez como sempre não tive quem eu queria, mas hoje eu ri na cara da ironia, hoje eu era apenas inverno sonhando tornar-se primavera, tanta gente sobejando amor e aqui só restava a singela fé na espera...

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Lembrete: Não esquece de viver!



Foram tempos de confronto, tonto, a sensação do chão ruindo sob meus pés, o mundo desabando, mas não era bem assim, eram apenas esperanças de um tolo chegando ao fim; ah, quantos lindos dias ensolarados e noites estreladas que não tiveram a menor graça, doloridos tempos ingratos que não dei à natureza o seu devido louvor, a dor era minha e só minha a dor, ferido e amargamente egoísta, escamas obstruindo minha vista do presente diário da vida, céus, até no mar eu gemia enquanto nadava, o pesadelo de ser obrigado a lembrar a todo instante, pesadelo que vivi até o sangramento da alma estancar, cara, como eu quis, como eu implorei pela liberdade do que já não era ou talvez nunca tenha sido amor, clamei pra me reerguer de um fracasso até que pude novamente sentir o frescor...das calmas ondas acarinhando meus pés cansados, abraços de brisa, beijos de sol e sal na pele, assim era um homem reestruturado, sensível e de gratidão renovada, cessando esperas do que não mais viria, assim era um "nada" convertido novamente em "alguém" e agora eventualmente volto há três anos atrás e é inevitável não sorrir, voltar não por nostalgias de momentos ou estúpidas sensações de prazer, mas simplesmente pra lembrar de onde consegui sair, unicamente pra lembrar....de viver.

sábado, 17 de julho de 2021

Filhos & pets...

 


Filhos e pets, pais que não tenho mais, a inocente alegria que já nem imagino, sobre estar só em meio à multidão, arte que mui domino; tudo que se nomeia "feliz" no meu caminho ficou pra trás ou não aconteceu por um triz, tudo de realmente legal já faz um bom tempo passado e a nostalgia baila, cirandando ante meus olhos cansados nesse voo solo num céu sem novidades, tudo tão calmo e tranquilo aqui de cima, tão melhor de lidar, visão panorâmica da cidade, talvez em algum lugar lá embaixo alguém esteja rindo às minhas custas, talvez haja alguém que eu nunca soube que gosta, com certeza alguém que esquece ou fala pelas costas, ah, sei lá, o entusiasmo eu deixei em algum lugar da pista e voo baixinho na minha imaginação de cronista, mais um ano se vai, quatro décadas e a solidão se repete e desse lado menos iluminado da noite sorrio tolamente testemunhando a liberdade de filhos e pets...

sábado, 3 de julho de 2021

Sobre não ter alem de ser...


Frio entardecer, aquele de uma pálida tonalidade laranja prestes a escurecer e foi num desses belos tristes fins de tarde que parei de cutucar antigos cortes, uma velha colcha de retalhos, assim minha alma é e hoje eu escolhi ir na fé ao invés da vã espera da sorte, sorte, tão cruel e friamente sorte pra quem não tem, à nós desprezo ao passo que o crepúsculo gentilmente encara a noite, um beijo, beijo de entardecer frio, daqui eu vejo intenções de fazer acontecer, olhares em quaisquer direções que não a minha, o amor, cara, teoricamente ele não foi feito para bolsos vazios...

terça-feira, 22 de junho de 2021

Terapia do entardecer


Entardecer de maré cheia, entardecer de maré calma, olha quantos felizes, outros tantos em cacos, band aid pra alma, cura natural para muitas tristezas e mágoas, eu sei, sob o pôr do sol dos vencedores cá um vencido saindo da água, então nadei; dias tais que pareço não pertencer à essa cidade, sei lá, na verdade à nenhum lugar, estranho, deslocado, indesejável, cara, pra melancolia não há mesmo imunidade, eu poderia estar me afogando numa crise existencial, eu poderia estar submerso em prantos, mas hoje eu preferi ser diferente no mundo e não desejar tudo e tanto, hoje estou livremente me equilibrando na linha do horizonte, "falando sozinho", pra eles é o que parece, mas aqui há um louco se dando em preces, flutuando, agradecendo, encarando o céu aqui do mar, despojado de posses e status, desprezível, dispensável, ora veja, definitivamente não sou quem tu queres que eu seja, até hoje o tal do amor não me encontrou, mas tudo bem, talvez ano que vem, hoje sou só uma criança maltrapilha com os pés descalços na areia correndo em prol da minha paz interior....

domingo, 13 de junho de 2021

Bailas...

Inevitável ou como há muito tempo atrás cantou o trovador, "fundamental amor", oi, olá, meu nome é "dispensável", fere, ainda que se tratando de mera pele, ah, como fere! Outra vez presumi gentil e sem querer, querendo ela mudou a vida de direção e fingiu que nunca mais me viu, aqui lembrando o rei Davi que após a dura aflição da perda, refrescou-se, alimentou-se e sorriu, fazer o que, né, cá estava eu fitando o interior da velha mochila repleta de tantos "nadas" , foi perambulando sozinho pela cidade como de praxe que Deus devolveu-me o ânimo na simplicidade, agora sob as sagradas águas do chuveiro a cabeça raspada, um frescor além do corpo, coração suavemente alegre ao invés de morto, disse-me o reflexo no espelho, dançar, mesmo sem saber resta dançar, bailas, ó filho da puta, que essa merda de vida é de desacostumar...

terça-feira, 8 de junho de 2021

Lembrete daquilo que preciso urgentemente esquecer....

 


Cruas, rimas cruas, ontem um colírio, hoje um martírio, fotografias tuas; já nem olho mais, mas quando ainda me atrevia, sempre dizia à tua imagem imóvel e muda que nunca soubestes realmente o que pra mim foste, hoje só me resta deixar o povo rir de mim, mas na minha amargura preciso ser meu próprio bobo da corte, sorrindo e falando sozinho, lá fora ó que lindo dia primaveril e aqui dentro um silencioso mundo invernal, mar de sal, honestamente saudade de amar, sob o pálido azul da cálida praia a planejar um afogamento, ah, o entardecer, daqui já vejo os primeiros esboços da lua, um profundo mergulho como batismo, deixar submerso todos os resquícios daquele velho sentimento e o incômodo de qualquer memória tua...

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Quem fui eu, quem eu fui?

 


A noite e seus brilhos naturais quase que imperceptíveis, estrelas semi invisíveis por conta das luzes artificiais da cidade, avança a idade, eu sou aquele livro há muito lido e esquecido na estante, eu sou um sonho ambulante de quem acordou e esqueceu com o que sonhou, ali antes era eu devaneando não tão alto, agora somos só minha bicicleta e eu desacostumando pelo asfalto, uma criança perdida em algum lugar da sagrada esfera sem novas esperanças ou esperas, esta noite olhos e mais olhos me esquecem, fantasmas do passado me saúdam enquanto cenários desaparecem...

segunda-feira, 24 de maio de 2021

O que foi já era o que foi



Sob aquela pintura celeste um ingênuo olhar de esperança da janela do bus no quase anoitecer, sob a mesma pintura celeste, esquecer, hoje pelos asfaltos do entardecer voo solo, a fé no "vermelho" já no ponto de por no carregador e foi nessa árdua tarefa de tentar se levantar que caí em si que quem quer ser salvo não tem lá muita ou nenhuma intenção de salvar; continuei pedalando, ali mais na frente avistei uma ponte inacabada e agora à espera de nada, sorri e saltei, mas pra minha surpresa havia cruzado uma barreira temporal de volta à um passado onde nunca a conheci, o cenário, a história havia mudado e as preces se renovavam para que Deus não me deixasse morrer sozinho, nem tampouco mal acompanhado...

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Infelizmente despertei...

 

São, ora veja, se diz "são" aquele que anseia por perfeição; certo dia de letargia adormeci profundamente em frente à tv, quando despertei, o mundo andava bem estranho, egomaníacos e sexistas raciais estavam em alta, imenso era o vazio da busca sem saber ao certo o que lhes falta e os dias passavam na velocidade das informações, inverteram-se os valores, agora não passávamos de mera imagens de exibição sem emoções, pessoas com seus moldes a bel prazer, estava prestes a escurecer, acordei com a vida reduzida a vídeo viral, despertei, que pena, tristemente despertei na realidade virtual...

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Sob luzes naturais....

 


Arte da tarde, céu de baunilha e o nostálgico andarilho segue sua trilha sobre trilhos inativos, coração fatigado, porém ainda vivo; muito, muito calor no entardecer, me resta vagar pra esquecer, cantarolando no sossego do meu"Buarquear" afim de deixar pra trás a vasta estrada de desenganos e a velha trouxa repleta de frustrações que trago nas costas ao longo dos anos, no prezado momento sem celular, olha lá, olha lá, hipócritas otários escondidos por trás de suas devidas telas, anoitece na cidade, escurece a noite bela e na estúpida era do "politicamente correto" abdico do desespero de notoriedade e sigo pelo calçadão à caminho do mar em busca da paz de um luar deserto...

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Aquele cara com o óculos trincado

 


"Viagens", no mundo tereis "viagens", a alma rústica como os traços de suas velhas tatuagens, bem, poderia ser uma bela metáfora, o mundo bem mais colorido, mas mesmo com a moda de tanta gente tatuada, qual nada, certamente o mundo não está mais bonito; aquele solitário estranho ser sou eu sob uma chuva de verão, aquele único ser vivo "embicicletado" pela ciclovia sem amor após o "não" da noite anterior, no peito uma casa há muito abandonada, no mp3, Billie Holiday, coração, pra que te quero se não tenho o "valor" da futilidade dos status e estereótipos, coração de nada adianta, é, eu sei...

sexta-feira, 30 de abril de 2021

Açoite...


Parafraseando Lennon em alguma calçada do universo, "Imagine" não ter mais o coração partido em seus versos, ah, mas terás, como terás! Escoriações do tempo chamadas "frustrações", a semi utopia daquela companhia que nos cai tão bem mesmo quando sem assunto e se não pudermos voar, que a gente "kaya" junto, cada vez que eu me maltrato, canto mais alto, o infeliz acaso outra vez bateu em mim como ondas de uma furiosa maré, pois é, pois que bata mais, sou frágil e ao mesmo tempo feito dos materiais mais resistentes da terra sem pretensão de guerra...

terça-feira, 20 de abril de 2021

Mar em mim, amar o que há em mim....



Cai, cai, primavera, a saudade é solitária e bela como as folhas amarelas espalhadas pelo asfalto úmido, mas só havia inverno em meu caminho e como tantas coisas que melhor fazemos na vida, à saber, sozinhos, assim foram décadas; pensava eu ter adormecido quando na verdade já havia morrido o amor outra vez entre o incansável e o inalcançável andei, ah, o mar limpo dessa tarde e a nítida visão dos corais, cinza estava eu quando com aquele peixinho azul nadei, ri feito besta, imaginando quanta gente nessa vida já não me esqueceu, anoiteceu e eu "clareei"...

quinta-feira, 15 de abril de 2021

A arte do recomeço...


"Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho", seguindo assim na fé de Jobim, rogando aos céus por renovadas forças
 ante cada incerteza ao longo do caminho, sob a ponte mágoas levadas pelas águas, sim, eu sei, sob a ponte foi quando mais perdido que então me encontrei, dúvidas, dádivas, eu sou meu próprio inferno e paraíso, sai ano, entra ano, "desintoxicar" o peito é preciso, um náufrago urbano e sua garrafa com aquele antigo sentimento afim de alcançar uma nova história e a glória do esquecimento...

domingo, 11 de abril de 2021

Fôlego de vida

 

E tendo uma vez ouvido sobre a existência desse tal "amor" nunca mais pude despertar, nunca mais pude descansar em paz, meu melhor predicado passou a ser "invisível", ah, essa carência que me deixou num estado quase irreversível de dormência, desamor, que assim seja, hoje tornei-me aquela flor que o colibri não beija, chorei, tentei, com a solidão comprei briga,  agora pensando seriamente naquele velho dizer de vazios imbecis que "amor não enche barriga", okay, agora mentalize uma cena nada divertida, a saber, teu leito de morte, será, será mesmo que tu desejaria uma última refeição ou alguém segurando tua mão nos teus últimos suspiros de vida?

sexta-feira, 2 de abril de 2021

...não se chama o agora de "presente" à toa...

 


Ouviu o que a chuva tinha a dizer, depois teve a noite por ouvinte, céu de chumbo pela madrugada, melancolia em espessas gotas, escorre a tristeza pela calçada descendo rua abaixo, doce e triste alusão à ilusão de ótica do amor que nunca fica, a delícia do banho ao relento, alento ao coração do estranho sob a bica, azul e dourado, o celofane do céu agora envolve o sol, um presente reluzente aberto às pressas, tive a noite por ouvinte após ter ouvido o que a chuva me dizia, ah, que bom que não era ouro, mas sim a glória do dia seguinte...

sábado, 27 de março de 2021

Os otários também amam, os otários também dançam...

 


Dancei, doida e livremente, livre e doidamente dancei por mais uma mão que eu não alcancei, mais uma mão que encolheu quando da queda quase me resgatava, lúcido e assobiando à beira do abismo, outrora já nem sabia onde estava; caía com um sorriso de falsa segurança no rosto quase se transformando em choro, era fé que desta vez não me deixariam chegar ao chão, sim, eu sou sensível, sim, eu sou coração e amor não há sem papel de tolo, era um lindo dia de honesto azul que a incerteza acinzentou, modificando o cenário e eis que subitamente choveu, sim, perdi, e daí, livre e doidamente, doida e livremente dancei como um otário...

terça-feira, 23 de março de 2021

Sendo lembrado em alguma janela por aí....


Parara o tempo, ensaio do apocalipse, era eu então a lua quando vencida pelo eclipse, de ninguém eu sou, nem mesmo meu, agora tateando o vazio em busca d'um calor de mãos, ó, mundo de escuridão, dias de breu; vida essa, vida louca, tristes tempos virais, te beijaria se uma máscara não me cobrisse a boca, porra, outra vez esqueci o que eu disse, te beijaria se você me notasse, ah, quem dera você existisse, cá falando sozinho sob uma chuva fina, discretamente chorando, mas as pessoas se ignoram, ninguém imagina, as roupas deixadas pela rua, me despi para uma plena invisibilidade, agora visto apenas em algumas lembranças de olhares distantes pelas janelas da cidade...

quinta-feira, 18 de março de 2021

Enterrado vivo...


Olhos fechados, a boca aberta em minha ira segundo o livro da sabedoria, tão, tão só, praguejando sob o sol, a multidão de vozes, a confusão de sons dos veículos, gritava mas ninguém me ouvia, o caos urbano havia anuviado minha poesia, "leve" agora parecia um sonho distante, breve foi o tempo que a paz me notou tipo um livro empoeirado, esquecido na estante, os anos passam na velocidade do mover das nuvens, é triste, eu sei, a entorpecida sensação que sentei frente ao computador há mais de dez anos atrás e nunca mais levantei...

sexta-feira, 5 de março de 2021

Soul flor...


Implosivo e explosivo, impaciente, porém vivo, ah, tu realmente não sabes por onde estive, de nadas bem entendo, esperei, esperei e nada tive, quantas vezes nada fui para quem achava que fosse "tudo", já que não pude amar-te, restou-me ser arte, nas imaginárias paredes do tempo era eu um grafite absurdo, incompreendido e quase nunca apreciado, meu nome é "lugar nenhum", uma interminável estrada, cujo o amor é um veículo bem lá na frente que nunca consigo chegar perto, à minha esquerda um canteiro, à direita um pomar, um dia eu fui uma flor na calçada, desde sempre beleza no deserto...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Cair em par com a tarde....


Pouco importa se domingo ou primavera, se jogar na deliciosa certeza de braços à espera, ainda que nunca tivesse lido, visto filmes à respeito ou mesmo ouvido falar, de alguma forma saberia que o amor existe, de quebra as canções para incrementar devaneios pra depois fazer de nós mais tristes, amor, um corpo que cai, a ilusão de poder voar sem medo algum da queda, mas lá de cima vejo braços encolhendo, olhos me "desescolhendo", eis então a realidade, tão, tão dura como a calçada em frente ao maior arranha céu da cidade, na descida vejo ainda o topo do tédio, só o chão me espera, pouco importa se domingo ou primavera, agora por obséquio deixa eu terminar de cair, aqui um peito que desilusões coleciona e para cada braço que decepciona nas minhas ingênuas esperanças de pouso....deixar partir...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

O que era verde acinzentou



Cenários inteiros feitos de pecinhas de lego que hoje o tempo desmonta, verde, onde fora verde hoje o concreto toma conta, ó, inóspito mundo meu, aqui às vezes irreconhecível, às vezes apenas desconhecido, anônimo, uma carta de amor sem pseudônimo, um figurante do filme da vida alheia, nada pra mim, sequer uma "fala", pseudo ator sem textos e tantos pretextos para um coração que a cada dia mais se cala, apenas passei ao fundo em algumas cenas, na maioria sequer apareci, tanto amor que eu tinha pra dar e quase ninguém tomou conhecimento, de vaga lembrança a pleno esquecimento em tão pouco tempo, a vida, cara, ela é um filme no qual só me foi dado uma "ponta", o meu peito era um pátio repleto de sonhos e verde, cuja a desilusão do concreto tomou de conta...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Estávamos em par no vazio, a lua e eu...

 


Azul, escuro azul, olho em volta, anoiteceu, quem será que hoje me esqueceu? Ei, olá, escuridão, se puderes não me solta, essa noite eu quero ausência de sons e luzes excessivas, efusividade hoje me nauseia, olha só que lua cheia inexpressiva, entediada, vazia por dentro, nós dois em par ao som de "Azul da cor do mar", volto pra casa sem ninguém a me esperar, apenas sorumbático, mas não tô mal, estranhos prazeres solitários, no chuveiro eu chupo minha laranjinha, Amélie Poulain atira pedrinhas no canal...

sábado, 30 de janeiro de 2021

Quando olhos preferem o "nada" a nós...


Lembranças ao longo do caminho, nostalgias sem rosto, a última face do passado que contemplei foi a própria imagem do desgosto, uma má memória que sequer doía mais, se voltaria aos ilusórios velhos dias? Jamais...ainda há pouco a felicidade me sorriu da janela de um prediozinho à beira do viaduto, chamei-a, mas não podia ouvir minha própria voz, dispensável ou miserável vulto, é osso quando olhos preferem o "nada" a nós...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Aperreio...



"Poder", o brilho amargamente decifrado no fundo dos mais gentis olhos que achei ter encontrado, jurei que ela era intensa, ah, moradas de um peito abrigo, acho que nunca pertenci e talvez nunca pertença, longe e distanciando como a visão de um retrovisor de um veículo em movimento deixando a cidade e assim se vai de mim tudo que se nomeia "possibilidade", o mar como único consolo, quando quis gritar pro mundo que havia enfim achado em alguém a paz do meu lugar, todos olhares estavam voltados para minha velha cara de tolo, agora são, de braços dados com a ilusão, novamente seguindo a vara de pescar imaginária com o coraçãozinho em papel crepom na ponta da linha, só Deus sabe, forças que tentei reunir para dessa humilhante busca desistir, mas a verdade é que eu não tinha...

sábado, 16 de janeiro de 2021

Submerso


reflexo da lua na água do rio na travessia da ponte, ah, o vazio de certas ciclovias, lugares por onde passei e devaneei, lugares que hoje passo e só restam-me nostalgias, hoje esquecendo quem me esquecera e se ainda não, bem, foda-se! Por amor sofri, até sangrei, mas é fato que não morri, admito, às vezes um sorriso triste, disfarça, dói pra quase matar de desgosto, mas essa merda um dia passa, a cidade hoje infestada de viciados, criminosos e alguns otários em alto teor alcoólico, aqui um grato invisível, melancólico, andarilho melancólico....

sábado, 9 de janeiro de 2021

Simples assim

 


Ninguém para ferir, ninguém à esperar, voo solo, a bicicleta cruzou o viaduto em mais uma noite de sábado, nostalgia, ó tu vem lá; fragmentos de sonhos, pedaços que não se encaixam, pedaços de mim que não voltam e só me restava clamar aos céus por paz, anos depois, visões da estrada, traços de paisagens que me fizeram querer viver mais...