sábado, 27 de junho de 2015

Devaneios do herói sentimentalmente desengonçado




Sou só um herói falido, sentimentalmente desengonçado
à sobrevoar céus tão limpos de tantas e tantas milhas de
pleno nada, nem surpresas, nem esperanças, sério, nada!
Queria uma vez só na vida chegar a tempo de resgatar o
coração mais docemente simples das garras da malvada
solidão, ah, se fosse, "Olha o que eu te trouxe...", dizer
daquela carta de amor há muitos dias atrás escrita, que meu
peito envergonhou na hora de lhe entregar, a graça de ver o
sorriso se iluminar num rosto acostumado com o semblante
de frustração, salvar sendo salvo, alvo por dentro de tanta ternura,
dizer sem receio de não ser bem recebido que eu tô completamente
apaixonado, sentir que nosso encanto é na mesma proporção, um
momento mágico totalmente propício àquela bela canção da Elis que
diz:"Só eu sei quanto amor eu guardei sem saber que era pra você",
abrir os olhos ao despertar e ver que você ainda estará lá...

quarta-feira, 24 de junho de 2015

sábado, 20 de junho de 2015

Tortas, tantas tortas!


O reflexo do algodão espalhado
pelo pleno fundo azul no prédio
espelhado, um céu bonito e sinto-me
mais finito do que de costume; meu olhar
assume grande miséria quando desfalece,
outra moça que me esquece sendo superfeliz
pela cidade, rodopia por aí morrendo de rir
com outro alguém do lado, dando por certo
que o amanhã será infalível, e o homem chamado
sol com cegantes brancos dentes dá risada de nós,
os imprudentes, do lado de cá só a solidão de ter sido
trocado, outra vez lavo o rosto já lavado de lágrimas e
maquiagem de palhaço e vou pela tarde à procura de um
sentimento quase escasso, a dor no peito arde como uma
tatuagem recém-feita e meu estômago de borboletas mortas,
um dia encontrar? Tomara! Tortas e tantas, tantas portas...
na cara.

terça-feira, 16 de junho de 2015

sábado, 13 de junho de 2015

Reles peles




Estava à murmurar sobre o que me desfavorece e o que
meu peito carece nesse mundo que descolore por onde passo,
não me pergunte sobre meu dia, pressionada a tecla "mute",
caminhando à passos silenciosos deparo-me  com um dia azul
ali na frente, só que a má sorte não me solta e querendo não estragar
a alegria alheia, dou meia volta e sigo pela estrada do cenário em preto
e branco, sob a luz de raio de um momento, no pensamento aquele lindo
e tímido sorrir da balconista da padaria, a breve lembrança no desespero
de ao menos não ter o coração inteiramente desprovido de esperança, eu
sou aquele velho poema esquecido no diário empoeirado de linhas tortas,
sou uma criança já há muito desaparecida, dada como morta, o jeans surrado
de joelhos rasgados, a alma maltratada por conta de tanta ilusão barata e olhares
negados, hirsuta, os pêlos da barba deste filho da puta que vos fala...

quarta-feira, 10 de junho de 2015

A moça é bela e a carne é triste

´




Há um sentimento que não chega,
um vazio que não basta, ah, meu ébrio
cupido errante, uma vasta coleção de flechas
erradas e estúpidos amores "desamantes"; dê-me
um pouco mais de desprezo e apenas me trate como
um traste, o meu coração, o meu coração é o ateliê que
abandonaste em meio ao caos das cores, desmancha mundo,
entre ateus e atores, disfarçando misérias à beira do abismo
profundo que é lembrar o quanto era bela aquela moça estranha,
das memórias às entranhas, corrosivo é o som do sorriso que ecoa
na minha mente problemática,mesmo não sendo pra mim, bem, sim,
finjo que é e fantasio incontáveis situações bonitinhas de nós dois por
aí à pé, uns trocados no bolso, rezando que dê pra um só sorvete que é
pra gente dividir, pouco, mas bem pouco para duvidar, o chão de nuvens
planas que é pra depois te levar num passeio de bicicleta em linha reta,
seguindo toda orla sob os olhares curiosos do sol do fim da tarde, arde a
pele da minha carne triste, volto à si vagando só pela avenida, perguntando-me
se ainda existe alguém assim na vida...

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Erva doce versus camomila(Esquecer é fueda!)


Eu quis sorrir....
mas despertei atordoado na penumbra,
nossos lábios quase, quase se encontraram,
é, foi só outro sonho estúpido, ah se fosse!
E me admira uma noite sequer que eu deixo
de lembrar, erva doce versus camomila, odores
teus após banho que fazem do meu ser bem mais
estranho, minha carne um pouco mais miserável,
uma delícia admirável nessa constante memória em
meu olfato, maldita tarefa essa que é tentar te tirar
completamente da mente, veraz e tão voraz quanto,
é fato. O luar intenso das quase cinco da manhã, e eu
aqui acordado e tão só, oh, Deus, daqui há pouco já
tem sol, penso no doce azedo do cheirinho de maracujá
afim de amenizar as angústias do meu nariz insone, esqueço
tua voz,  às vezes até esqueço teu nome, mas a lembrança
dos teus perfumes me faz querer berrar, invento barulhinhos
esquizitos com a boca, não, eu não aguento mais pensar em
ti, habituar-me a não te ter mais é o prólogo de um eterno
inverno, quero muito tentar prosseguir naquela velha fé de
nunca mais ter que lhe ver, pôrra, nesse preciso momento insano
eu só quero viver...ao menos até o fim do ano...