terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Cair em par com a tarde....


Pouco importa se domingo ou primavera, se jogar na deliciosa certeza de braços à espera, ainda que nunca tivesse lido, visto filmes à respeito ou mesmo ouvido falar, de alguma forma saberia que o amor existe, de quebra as canções para incrementar devaneios pra depois fazer de nós mais tristes, amor, um corpo que cai, a ilusão de poder voar sem medo algum da queda, mas lá de cima vejo braços encolhendo, olhos me "desescolhendo", eis então a realidade, tão, tão dura como a calçada em frente ao maior arranha céu da cidade, na descida vejo ainda o topo do tédio, só o chão me espera, pouco importa se domingo ou primavera, agora por obséquio deixa eu terminar de cair, aqui um peito que desilusões coleciona e para cada braço que decepciona nas minhas ingênuas esperanças de pouso....deixar partir...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

O que era verde acinzentou



Cenários inteiros feitos de pecinhas de lego que hoje o tempo desmonta, verde, onde fora verde hoje o concreto toma conta, ó, inóspito mundo meu, aqui às vezes irreconhecível, às vezes apenas desconhecido, anônimo, uma carta de amor sem pseudônimo, um figurante do filme da vida alheia, nada pra mim, sequer uma "fala", pseudo ator sem textos e tantos pretextos para um coração que a cada dia mais se cala, apenas passei ao fundo em algumas cenas, na maioria sequer apareci, tanto amor que eu tinha pra dar e quase ninguém tomou conhecimento, de vaga lembrança a pleno esquecimento em tão pouco tempo, a vida, cara, ela é um filme no qual só me foi dado uma "ponta", o meu peito era um pátio repleto de sonhos e verde, cuja a desilusão do concreto tomou de conta...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Estávamos em par no vazio, a lua e eu...

 


Azul, escuro azul, olho em volta, anoiteceu, quem será que hoje me esqueceu? Ei, olá, escuridão, se puderes não me solta, essa noite eu quero ausência de sons e luzes excessivas, efusividade hoje me nauseia, olha só que lua cheia inexpressiva, entediada, vazia por dentro, nós dois em par ao som de "Azul da cor do mar", volto pra casa sem ninguém a me esperar, apenas sorumbático, mas não tô mal, estranhos prazeres solitários, no chuveiro eu chupo minha laranjinha, Amélie Poulain atira pedrinhas no canal...