quinta-feira, 23 de março de 2017

Mar de travesseiros





Entre rostos inexpressivos e outros depressivos, 
calmo, meu semblante calmo, enquanto o corpo 
flutua no denso mar de conforto, a mente vagueia 
e a cidade atua, chorando disfarçadamente sob um
sol de brilho morto; nem angústias, nem saudades,
entorpecido pela paz de não sentir falta de ninguém,
livre, sim, como nunca estive, grato só por ser parte
do cenário, sei lá, parecia até um mundo imaginário
dos meus mais antigos pensamentos, tão, tão leve e
breves sentimentos, nada intenso, nada de esperas,
mas não se tratava de frieza, era a delícia de uma
liberdade jamais experimentada, onde não havia
mais lance algum de dependências, carências e
desejo de carícias, era estar bem por estar vivo,
sorrir sem nenhum motivo aparente, fui sorrindo,
sorrindo até despertar na penumbra, o quarto na
escuridão antes do amanhecer, e o vazio então se
traduz, reluz o fim da noite em minha armadura
de solidão, demente cavaleiro andante, acordei
com a infeliz certeza da luz da lua que adentra
a janela, mais de 15 anos e ainda não me deparei 
com nenhuma moça que nem ela...
 

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