sábado, 11 de janeiro de 2014
Crônica de guardanapo(O lamento da garçonete)
Rádio-tédio por trás do balcão,
Billie(Holiday) geme num chiado de am,
e o reflexo do triste olhar distante na pequena
poça de refrigerante da mesa do canto da lanchonete,
garçonete...entre rostos de gente estranha o dia todo,
uma chuva corrosiva nas estranhas do seu sofrer, um raro
sorriso sincero custa caro, refeição, gratuita só rejeição, e o
pensamento lá onde sua alegria se esconde, à saber, nas curvas
traiçoeiras de lábios que proclamam outros nomes que não o seu,
versinhos de guardanapo:"Sou tudo aquilo que sonhas mas como
saberás se não me olhas, sou a água do céu que te molha, trazendo
frescor ao teu rosto, eu sou o desgosto que carregas, eu sou o amor
que te rega até que tua chave gire na porta, e tu te escondas na casa
afim de que não correspondas às minhas doces brasas...", finda o dia,
lamentos, a simpatia adia a visita ao seu apartamento outra vez, na
geladeira uma bela torta de banana, ela quem fez na esperança de
enfim agradar seu secreto amante no fim de semana, quase um mês,
e ele não se dá à conhecer, se pega chorando na pia da cozinha, pensando
se ele realmente existe, um banho, um livro e um beijo suave de brisa antes que adormeça, a serenidade de um jardim particular na cidade dos sonhos para que outro dia esqueça...
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