quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Sóbrio e só: um dia após...

A beleza que 
há na tristeza, 
dança da desesperança, 
um velho saco corta o ar, 
o pulso fraco, isolado, desolado, 
aquele ali sou eu de mãos dadas 
com a melancolia frente ao mar 
à cada término de ano, aquele ali sou 
eu, Romeu falido com o olhar perdido 
de volta ao pobre único dia bom ao teu 
lado; e essas deslumbrantes luzes no céu 
que não me despertam o mínimo interesse, 
o barulho me inquieta, vou seguir sem rumo 
em linha reta, eu não pertenço à essa multidão 
de pretensos, eu sou o idiota que detesta festa, 
forçar simpatia me causa dor, prefiro rir daquela 
menininha de vestido novo no escorregador, prefiro 
o reflexo dos fogos de artifício na inocência dos olhos 
dela, eu sou um bendito cronista com a vista turva, estou 
sóbrio e só após à meia-noite, e tanto faz, já não lhe tenho 
mais e mesmo assim sorrio sem motivos aparentes, sereno 
cronista mudo longe de tudo, e eles me apontam como louco, 
mas é só a tristeza que há na beleza, eu tenho fé, um dia alguém 
me fará a fineza de me dizer: "diferente!"

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