A beleza que
há na tristeza,
dança da desesperança,
um velho saco corta o ar,
o pulso fraco, isolado, desolado,
aquele ali sou eu de mãos dadas
com a melancolia frente ao mar
à cada término de ano, aquele ali sou
eu, Romeu falido com o olhar perdido
de volta ao pobre único dia bom ao teu
lado; e essas deslumbrantes luzes no céu
que não me despertam o mínimo interesse,
o barulho me inquieta, vou seguir sem rumo
em linha reta, eu não pertenço à essa multidão
de pretensos, eu sou o idiota que detesta festa,
forçar simpatia me causa dor, prefiro rir daquela
menininha de vestido novo no escorregador, prefiro
o reflexo dos fogos de artifício na inocência dos olhos
dela, eu sou um bendito cronista com a vista turva, estou
sóbrio e só após à meia-noite, e tanto faz, já não lhe tenho
mais e mesmo assim sorrio sem motivos aparentes, sereno
cronista mudo longe de tudo, e eles me apontam como louco,
mas é só a tristeza que há na beleza, eu tenho fé, um dia alguém
me fará a fineza de me dizer: "diferente!"
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