segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Sombras, sobras e língua de sogra

Acordo à bordo
de um elevador que atravessou o térreo,
e nem sei bem por que estive naquele prédio,
eu tô nas profundezas do tédio e não vejo graça
alguma no carnaval que passa na avenida, a cidade
se diverte ainda, e meus confetes já são de cinzas;
é engraçado sorrir sem aparentes motivos, não tenho
parentes, meu santuário é o sanatório invisível onde vivo,
ninguém me visita, ninguém me irrita, sou pouco aceitável
por não ser lá tão sociável e pelas mãos vazias, um terno
surrado, um rosto suado, sujo, mas de alma "potável", caso
precise, desinteressante vagabundo com sua antiga valise de
rimas pelo mundo, tenho o pulso intacto e um bom pacto de
amar o mar, maltrate, maltrate, maltrate-me, atira-me das alturas,
ponha minha cabeça na guilhotina da tua rotina, sem colo, tortura
que for, no solo onde derramar meu sangue brotará uma flor...

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