terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Fugir de onde não dariam por falta...







O abismo me encara e sente vertigem, 
depara-se com um semblante sem ironia ou 
cinismo, genuína tristeza de um peito em ruínas, 
um pedinte, depressão sem ouvintes, sentimento 
em abandono de quem se desfez do meu melhor 
como cão sem dono, um bilhetinho de amor desprezado 
dentro de um livro em um "sebo" qualquer da cidade, 
não sou só saudosismo, e por mais que seja difícil crer, 
por conta do pessimismo, sim, em algum lugar da terra 
eu sou saudade, em algum canto do mundo alguém recorda 
minha imagem como um ser humano profundo ao invés de 
uma ameaça ou louco de pedra, alguém na vida viu alguma 
queda minha e pensou em me dar socorro, sei, de amores não 
morro, admito, eu fui quem bateu à tua porta, então é direito 
meu parar de bater, sair do seu caminho e sumir como me é de 
praxe, é quase utópico achar onde me encaixe, mas eu não mereço, 
nem preciso de esperanças vãs, o lamento final é mera frustração, 
não tem nada a ver com sentir  falta de quem maltrata, o plano era 
deixar pra lá, cabisbaixo vaguei sob a noite alta, a lua tão cruelmente 
linda, quase virgem, em meu rosto não foi encontrado ironia ou cinismo, 
mas dó da solidão que se depara, o abismo me encara e sente vertigem...

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