domingo, 12 de maio de 2013

Frestas e buracos negros



Oh, eu não sei o que fazer
com esse vazio entre o A e o Z,
um alfabeto é pouco pra descrever
o futuro incerto do amor de um
perdedor; um filho da terra, perdão,
orfão de puta em dias de luta, cá
com meu par de sapatos fajutos
sob viadutos e lugares ermos,
um enfermo amante, uma mecha
escura em um dia primaveril, e ela
nem me viu passar pela brecha na
parede do quarto, a cabeça acima
das nuvens, um pouco menor que
um rato de pelo roto, vagando pelos
esgotos das tuas memórias, sim, sou
a escória da tua alma, batendo palmas
pra mim mesmo, sempre  que recito
minhas misérias ritmadas, ó, moça,
não me tires todo o "nada", que "tudo"
nunca me caiu bem, moro há quase
três semanas dentro de uma caneta,
e em meu peito cabe um planeta, oh,
eu não sei o que faço com tanto espaço!

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