terça-feira, 20 de junho de 2017

Desperdício










Oi, olá, meu nome é "fracasso", 
mas pode me chamar de "fiasco"...
tenho pele e lábios que nem o menino 
dos teus sonhos, só que ele não tem história, 
não andou meio quarteirão da solidão que já trilhei, 
não sabe o que eu sei sobre estar só, sobre encontrar 
consolo na imensidão da noite, confesso ao universo, 
nunca mais pude despertar, essa carência desmedida 
me deixou num estado de dormência quase irreversível 
que meu melhor predicado é "invisível"; ah, se soubesses, 
se ao menos sonhasse com todas as conversas imaginárias 
que já tivemos, ser platônico dói, mas eu nem ligo, mentira, 
ligo até demais, te olho assim, singularmente, o tempo passa 
e vou aprendendo à duras penas que o aparentemente apreciável 
oculta fissuras, que nem estátuas vistas de longe, com a aproximação, 
o sol de verão expõe as falhas, a valsa triste do vento com as folhas caídas, 
e vai "enfeiando", aquilo que fora belo somente aos olhos será sepultado 
em covas de nostalgia, incontroláveis"vícios" de amor um dia se traduzirão 
em meros "desperdícios", e por nada ter, amor à minha pessoa só de verdade, 
sonhos tais de reciprocidade, de insignificante sou qualquer sinônimo, quem, 
mas quem mesmo, meu Deus, haverá de amar um poeta anônimo?

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