quinta-feira, 1 de junho de 2017

Chorar é massa...






Ó, escrota dos meus tristes devaneios, teu ser, teus seios, 
porra, que vontade de ti, um desejo enorme que sejas meu cais 
e nunca mais precise voltar, desse lado da vida tá bem escuro, 
deixa esse mundo seguro pra lá e vem comigo para o mar! 
Olha que lindo céu sem tamanho, olha o lado mais estranho do sol 
sobre esquecidos e desaparecidos, olha a minha rara cara de deleite 
na fotografia, até que fiquei bonitinho no anúncio da caixinha de leite, 
vai que em algum canto de olho eu ainda não seja saudade, sou náufrago 
urbano, estou em alguma parte da cidade escrevendo bilhetinhos de amor 
e pondo em garrafas vazias pra enviar pelo mar do esquecimento, cartas 
pra ninguém, ninguém pra esperar, sem novidade ou lembrança dividida, 
eu sou uma ilha ambulante em plena avenida, um rio desesperado pra correr 
atrás dos meus olhos estancados, tempão já sem chorar, aquele velho barco 
de profundos sentimentos há anos atracado...

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