sábado, 27 de agosto de 2016

Coração nômade






Eu sou o branco dos olhos, o vago olhar do palhaço trajando
seu velho terno amarrotado num parque abandonado, mesmo
sob um céu de verão, ainda assim pertenço ao inverno; eu sou
a última carta guardada de lembrança, o envelope "amarelando"
nas profundezas da cômoda da menina que seguiu  em frente na
vida, sou ex-amor, ex-amigo, carrego sempre comigo um utópico
sentimento cego porque os que bem enxergam não têm o ilusório
benefício da surpresa, eu sou invisível fugindo desesperadamente
do previsível, eu sou a incerteza de "quem deixou a segurança do
seu mundo por amor", eu sou o abrigo encontrado no peito do meu
traidor, sou fã de Cazuza, sou fã de Renato, sou anônimo, sou abstrato,
nem azul, nem castanho, eu sou um estranho com o peito cheio de abrolhos,
sou neutro, eu sou o branco dos olhos...

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