segunda-feira, 9 de maio de 2016

Praticando a invisibilidade




Eu na vida, uma criança de colo
esquecida num shopping, tive a
leve impressão que alguém havia
me visto, e após a adolescência a
inocência não se foi como previsto;
termino sem, mesmo morrendo um
pouco a cada dia, perdido na confusão
de tanta merda que eu penso, desaparecendo
com a certeza cada vez mais nítida que não
pertenço à lugar nenhum, que pena, apenas
comum, adentrando tantas casas no decorrer
dos anos e não encontro um lar, de repente
ninguém me parece familiar, eu sou aquele
personagem em uma letra qualquer do Radiohead,
algo no caminho me impede de ter reais aproximações
e comparações são inevitáveis, aqueles sorrisos não
são para mim, sorte e abraços alheios desde os tempos
de recreios da escola, coletando "esmolas" de amor,
a ironia no senso de humor do sol chega à ser cortante,
abrilhanta gente radiante, delata a solidão de inconstantes
como eu, olho ao redor, todos parecem falar de um jeito
estranho, tudo parece cada vez mais incompreensível,
um vazio sem tamanho, um holofote sobre um sensível
invisível...

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