quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020
Troco ideia com o silêncio...
E então o findar do dia, outra vez o cenário escurecendo, de vazios bem entendo às voltas com o tédio em meu caminho de marasmos, agora o sarcasmo da lua sobre minha alma nua, céu de veludo, vagando pela praia despido e mudo, não, não é um happy ending ao som de gaivotas, não há novas esperanças, nem tampouco a espera de uma volta, tempo corre, tempo voa e a velha prece ecoa pelas paredes do quarto abandonado do peito, o sonho utópico desde os tempos de escola sobre aquelas moças legais que a gente só encontra em filmes e livros, será, será, meu Deus que um dia de mim mesmo me livro?
domingo, 9 de fevereiro de 2020
Mar e monotonia
Máscaras, eu vi máscaras de alegria, ode à monotonia, na boca ao invés de um beijo, um bocejo, miragens, miragens, não, não era coração, tudo não passava de reles imagens e segue a dura busca, às voltas com o vazio sem tamanho, pela cidade de alma maquiada só me cabe ser estranho, belezas de vida fingida por toda parte, boas intenções por atuações, injusta troca, paciência é uma arte, esperas são sempre uma droga, permanece a fé nas pessoas raras, há muito tempo transborda o peito sem ninguém pra amar, tanta, tanta gente "cara" e eu escolhi não pagar, puta que pariu, sábias palavras de Gil, "Gente estúpida, gente hipócrita", outra vez preferi o mar...
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020
A ciência da resiliência
Manhã fria, lá fora o asfalto úmido e aqui neste quarto, olhos, ó dia, perdão, mas é que infelizmente hoje não consigo dizer "prazer em vê-lo", um vento violento havia posto abaixo a casa de amor erguida na paz da minha mente, emergi de um pesadelo, como demorou pra sair dos escombros de um sonho que desmoronou, mas entre danças e andanças de solidão pela cidade, quão perfumada é a serenidade quando chega, vida de (des)acostumar, agora às aves e às árvores atenciosamente, sincero azul do céu contra o desespero por trás de sorrisos amarelos e a vergonha que restou pelo que pretensiosamente chamei de "meu", de toda beleza da rosa que colhi, só restara a lembrança da dor de espinhos, o sol, o sal do mar que antes feria a pele voltara a trazer alegria, estava enfim bem novamente sozinho...
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020
Silêncio audível, coração mudo
Incertos chãos, incertos chãos de contratempos e débeis acasos, ardis no peito por tristemente ter caído em si que naquele olhar não encontrei o devido respeito e como de praxe e sem mistério, em vista de tantos critérios, por último sempre o velho coração, ah, os "nãos" que o silêncio grita e me deixa à deriva no mar suspenso do lindo céu de estrelas, tão belas noites de sonhos vãos, num mundo onde me sinto estúpido, quase, quase sempre ausente, estranhas portas que bati sem ter resposta, ninguém ao lado, a noite por maior testemunha, era agora o mar meu mais fiel confidente e o tempo, meu advogado, palavras minhas que já não tinham força, nem peso, palavras minhas que não adiantavam, não sei, acho que ontem senti olhos tristes me fitando à distância, enquanto do alto de algum viaduto me perdia na tranquilidade da cidade já bem tarde, cá com a minha sacola de insignificâncias....
terça-feira, 28 de janeiro de 2020
Pela estrada afora...
Invernais, olhos invernais, eu sou a chuva espessa que em algum peito desabou, o acorde triste que o violonista sonhou, sedentos, em minhas perambulanças no decorrer dos anos ó quantos sedentos e quantos laços desfeitos, cá pranteando com meus sonhos imperfeitos e o mundo cada vez mais se abstendo dos meus abraços sob noites meigas e como um dia infeliz cantou Elis, "No mundo deserto de almas negras", ao redor o vasto nada e tantos de nós falando sozinho à beira da estrada, gente traída, gente deixada, gente esquecida, cujas feridas expostas ardem sob o sol castigante da realidade, as mãos nos bolsos do jeans surrado, a barba esbranquiçada, o tempo implacável passando tão rápido na nitidez de amargas memórias, sonhos desfeitos por gente falha almejando o utópico "perfeito", pois é, desclassificados agora desclassificavam e só Deus sabe quantas vezes pensei em desistir, ó quão pouco era meu tudo até entender que na verdade era o meu suficiente e foi voltando ao básico da gratidão que então deixei de envelhecer assim tão rapidamente...
segunda-feira, 13 de janeiro de 2020
Alma obesa...
Trânsito lento, vida "engarrafada", à beira do asfalto parecia sonolento, mas era só vontade de nada, felicidade, todos a postos e mesmo que em rumos opostos, hoje "miséria" bem rima com histeria; o sol refletia no mar, enchendo a cidade de calma, mas hoje essa luz em mim efeito não surtia, dada a opacidade da minha aura, eu não queria falar, sorrir não me apetecia, tudo que eu queria era uma visão panorâmica do mundo além da nuvens e decepcionantes "poréns", um filme sem som em um dia nada bom, hoje eu não seria um morcego, nem tampouco borboleta, tomada já pela amarelidão, hoje eu seria uma antiga carta ao vento, o capricho da letra que tanto se diz, hoje eu seria apenas a nostalgia de um longínquo tempo feliz....
quarta-feira, 8 de janeiro de 2020
À isolar-se...
Fim de tarde na vida do menino, sem destino entrou no metrô e o olhar rapidamente perdeu-se nas paisagens em movimento, nunca foi lá de muitas viagens, previsível, invisível, tão convidativo agora parecia o confinamento; estático ante um mundo histérico, por quase toda vida melancólico agora colérico, na mente ecos de indesejadas vozes involuntárias, emotivo, implosivo e quase rosto, a velha solidão em plena multidão, um janeiro com ares de agosto e o crescente desejo de pertencer à lugar nenhum, mais um que adoecia, desceu numa estação qualquer, lá fora já escurecia, seguiu a pé falando sozinho com o pesaroso peito em açoites e de sua melhor confidente, oportunos amplexos teve da sua amiga noite...
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