terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Pela estrada afora...



Invernais, olhos invernais, eu sou a chuva espessa que em algum peito desabou, o acorde triste que o violonista sonhou, sedentos, em minhas perambulanças no decorrer dos anos ó quantos sedentos e quantos laços desfeitos, cá pranteando com meus sonhos imperfeitos e o mundo cada vez mais se abstendo dos meus abraços sob noites meigas e como um dia infeliz cantou Elis, "No mundo deserto de almas negras", ao redor o vasto nada e tantos de nós falando sozinho à beira da estrada, gente traída, gente deixada, gente esquecida, cujas feridas expostas ardem sob o sol castigante da realidade, as mãos nos bolsos do jeans surrado, a barba esbranquiçada, o tempo implacável passando tão rápido na nitidez de amargas memórias, sonhos desfeitos por gente falha almejando o utópico "perfeito", pois é, desclassificados agora desclassificavam e só Deus sabe quantas vezes pensei em desistir, ó quão pouco era meu tudo até entender que na verdade era o meu suficiente e foi voltando ao básico da gratidão que então deixei de envelhecer assim tão rapidamente...

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