quarta-feira, 19 de abril de 2017

Talvez eu não insista, talvez eu nem exista...







Gentis, olhos gentis contra olhares vis da estranha noite,
chegará ao fim, sim, a solidão um dia acabará e a mente
que atualmente não dá por minha falta não será mais uma
inquietação pra mim; o surto, a sorte, a morte que seja, ah,
maravilhoso será deixar de procurar, até mesmo mendigar
por sensações de pele que há muito não tenho, anos sem toque,
não importará mais de onde venho, por onde estive, o que não 
tenho e o que nunca tive, frustrações de desejos, nem dor mais
ferirão minha carne triste, esperança já nem existe, pois do meu 
inverno particular eu sempre via primavera por toda parte, ó moça
que não vem, desisti de querer ir contigo à marte, desisti de querer
amar-te, não sei, talvez eu seja só um devaneio ambulante, o fruto
da imaginação da garota amável que sempre sonhei, vis, olhares vis
da noite estranha contra olhos gentis...

sábado, 15 de abril de 2017

De volta ao solo(Descolorindo-se)








Quanta saudade da primavera,
outra vez o anil do céu azul sumiu
sobre mim, mais um sonho perdido,
escondido em algum cantinho da vida,
e nesse ínterim, entre outono e inverno,
inferno; achei que fosse uma nova estação
no coração, mas verão que não era, sério,
quanta saudade da primavera, okay, oh, well,
deixe-me ver, me deixe viver, ah não, outra vez
vai chover,  e eu fique sem ação, tão, tão sem,
lá vem, lá vem frustração...

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Ah, que um dia colidirão!







Já faz algum tempo que o teto da noite
desabou sobre meu pobre florescer, esquecer?
Já tive até demais, peles desperdiçadas, pétalas
despedaçadas sob escombros do meu mundo desolado
sem você ao lado, soterrado, tudo soterrado, ai de mim
que te escrevi e vi meu mais puro sentimento na lixeira
do teu esquecimento, e não há quem se importe realmente
com o choro de um tolo, morrem árvores, crescem jardins
assim, vindo com bem mais força, a terra gira, conspira
o universo para o teu regresso, tímidos dedos em alta velocidade,
mudanças e mais mudanças na arquitetura da cidade, tanto tempo 
até que mãos se dão intencionalmente, palavras soltas e muitas voltas 
depois, finalmente nós dois...

terça-feira, 11 de abril de 2017

Ciclovia particular





Ah, como mente pra mim
essa minha mente quando
esperançosamente te vejo 
passar ali sozinha, com tua 
alma nua como uma cestinha 
cheia de vida e alegrias em tom 
de verde primavera, é mesmo uma pena,
ah, quem dera, morena, tua companhia 
em meu doce vagar de bicicleta por ruas 
de estradas tão incertas, do meu abismo
devaneio olhos de arco íris e voz rouca,
instantes do meu paraíso distante sob
o céu da tua boca...

domingo, 9 de abril de 2017

Supostamente calma manhã...





Uma folha amarelada despenca de uma árvore antiga 
com a singela cantiga de brisa, agora o soprar do vento, 
um veículo calmamente em movimento avisa que seu guia 
traz o peito cheio de nostalgia com as mudanças na arquitetura 
da cidade, tudo mudando à medida que os anos transitam pela avenida 
e uma grande porcentagem da vida é aprendendo à deixar alguém partir, 
ó céus, já é outro amanhecer, alguns acordaram para sorrir, muitos dormiram 
no desespero de tentar esquecer...

quinta-feira, 6 de abril de 2017

O penar de uma prece





Oi, você, duvidoso prazer, meu nome é rancor, 
tudo que é belo e feliz me têm deixado sem cor, 
bilhetes, assobios, melodias, ramalhetes, vivo me escondendo, 
pois não suporto mais tanto sol, o intenso azul me fere a pele 
por dentro, meu reino por um pouco da certeza que há na frieza, 
minha insana oração por um fim de semana que seja sem lembrar 
que tenho coração, angústias convertidas em astúcias, e daí se seria 
a morte do meu "eu" sentimental, foda-se se agora invejo o homem 
mal, ah, vida de merda sem dó, dormir sempre foi melhor, outra vez 
acordei em meio à uma queda, o dia continuava lindo lá fora e o vazio
não tinha ido embora...
 

domingo, 2 de abril de 2017

Desespero de cores!





Poeira e silêncio, olhos fixos na estrada que se estende 
até o fim da tarde, ao longe vejo aconchego, agora o marasmo 
invade a casa do desapego, sou vagabundo, caroneiro já de certa 
idade, outro ano inteiro sem novidades, ah, esse coração dominical 
entre estranhos sorrisos alheios, nada em minha direção, emoções 
ou receios; conversas inúteis na mesa de jantar me fazem implorar 
aos céus por uma colisão de mundos, uma explosão de cores, em vão 
senti, amores tolos que sequer vivi e me impaciento com silêncio em 
excesso, mais ainda quando escasso, e eu não sei mais o que faço pra 
não ser vencido pelo tédio, o meu peito é um cômodo desabitado, escuro 
e frio, mais um ano vazio, segue a saga, sempre que prestes à sorrir com 
uma nova possibilidade, alguma força invisível na cidade se manifesta 
e estraga...