segunda-feira, 20 de junho de 2016
O mar não quis me levar
Mar de sal, saudade de amar,
um lamento pela desértica praia
de cinco e trinta, sob o pálido azul
planejava um afogamento, até já podia
sentir as tintas da minha alma espalhando
pela água enquanto flutuava e descoloria,
idiota, quem diria que um dia a falta de vontade
de viver bateria minha porta! Era um dia tão bonito
e eu tão feio, todas as coisas pareciam funcionar bem
para quase todo mundo e outra vez sentia-me aquele
velho inútil sem direção, pensava em diversos rostos
de rejeição aos meus versos e tanta gente fútil sendo
amada sem muito esforço, queria ter tido uma filha,
queria muito ter formado uma família, ao longe a cidade
já se agitava e nessa pressa de viver ninguém notava que
eu estava de partida, mas o sorriso tranquilo da minha mãe
falecida há mais de dez anos me fazia desistir da ideia, a paz
que um ilusório amor nunca me trouxe, "As rosas vão murchando
e o que era doce acabou-se", subitamente esqueci incontáveis
desprezos, já não tinha mais nenhum sentimento preso, aquele
brilho no olhar voltou, agora parava de me importar, amém,
aquele samba de Chico Buarque me salvou...
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