quarta-feira, 8 de junho de 2016

Nostalgia do idiota






Faz já algum tempo atrás,
antes dos amores se tornarem tão inacessíveis
e eu tão insignificante, quando os sentimentos eram
visíveis a olhos nus, sim, uma vez eu fui importante;
havia uma menina que magicamente se debruçava na
janela como uma flor no cabelo da tarde e enfeitava o
vazio do meu peito, fazendo-me sentir menos covarde,
aos olhos daquela mulher eu não era um qualquer, um
perigoso lunático sujeito à cuidados, desconfianças, à vista
daquele olhar simples eu era um estranho interessante, uma
criança problemática e singular digna de um cuidar e me entoava
canções de alento no silêncio da sua presença constante por onde
eu andava porque ela realmente andava comigo, com ela eu não tinha
o ego maltratado de um reles rejeitado, perto dela eu nem era mais
esse mendigo sentimental, o que tínhamos era doce e inocente porque
do contrário do mundo, ela me tratava feito gente, segundos que flutuei
e os anos passaram, rosas murcharam, hoje em dia amores custam tão,
tão caro, restaram-me só as memórias para entender que "raro" não se
encontra em qualquer esquina, era uma vez um anjo que virou menina
e me protegeu de mim mesmo, era uma vez, mas só uma vez...

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