domingo, 21 de fevereiro de 2016

Uma mísera memória





Respire fundo, inale-me,
eu não preciso que fale, eu
não espero que repare em mim,
sim, sou só mais um voando só
pela cidade, eu vi a felicidade na
calçada oposta à minha, as aventuras
ciclísticas de um viajandão em suas
incansáveis batalhas contra a solidão;
sorrindo assim do nada, sendo ninguém
para ninguém, parte integrante do cenário
de noites dominicais, o vento que percorre
as avenidas já semi vazias sussurra meu nome
no exato momento que meu rosto some de mais
uma mente estupidamente feliz, bem, quem sabe
do amanhã, Bolero de Satã, suavemente Elis e
sigo pela interminável ciclovia da melancolia, só
os amigos desafortunados ainda lembram da minha
reles existência e vêm numa de me acordar no chão
frio da insignificância onde fui deixado, um pedinte,
às vezes até bom ouvinte, na maior parte do tempo
aquele companheiro facilmente dispensável às voltas
com a utopia de um amor durável, meus lábios solitários
começam à gargalhar com as lembranças de respostas
ríspidas, com o afastamento de outras tantas, acabo achando
engraçado, pensando aonde isso vai dar, quase um náufrago
urbano em sua invisível ilha deserta particular, e espero que
todos os medíocres parem de me procurar, é, eu não me
importo em ser dado como morto, um feio, um torto, tudo
que o desprezo alheio me define e não me defendo, uns só
pensarão em mim como um estranho, outros como uma
espécie de ameaça,  quer saber, hoje eu não choro, esqueci
até aonde moro mas me abrigo naquele lar gratuito chamado
"Graça"...

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