sábado, 14 de abril de 2012

Desaparecido cada vez menos parecido












Há um menino no mundo
com uma nova feição à cada
aparição, desaparece quando
seu corpo desfalece de tristeza,
jaz sob a mesa, aos pés do acaso,
no banquete dos céus, pra não
ser alcançado pelo sol;
lá embaixo existe uma passagem
secreta que dará em uma gruta
bem no meio do oceano, salvo de
enganos, e disposto à dormir pra
sempre, acorda à contra-gosto
pra tornar à viver, ninguém o
pode ver, onde a luz não alcança,
e a natureza descansa os olhos,
tendo-o longe da vista, talvez até
nem insista mais no amor, talvez
preste um grande favor ao dia,
tomando a porção da invisibilidade,
tentar se conformar em ser só mais
uma sombra na escuridão da cidade,
anda cansado de tanto sincronismo
barato, de viver à deparar-se em
cada esquina com aquela moça
chamada mediocridade, de olhar
sempre alerta, e o menino do mundo
nunca chega na hora certa...

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