quinta-feira, 22 de julho de 2021

Lembrete: Não esquece de viver!



Foram tempos de confronto, tonto, a sensação do chão ruindo sob meus pés, o mundo desabando, mas não era bem assim, eram apenas esperanças de um tolo chegando ao fim; ah, quantos lindos dias ensolarados e noites estreladas que não tiveram a menor graça, doloridos tempos ingratos que não dei à natureza o seu devido louvor, a dor era minha e só minha a dor, ferido e amargamente egoísta, escamas obstruindo minha vista do presente diário da vida, céus, até no mar eu gemia enquanto nadava, o pesadelo de ser obrigado a lembrar a todo instante, pesadelo que vivi até o sangramento da alma estancar, cara, como eu quis, como eu implorei pela liberdade do que já não era ou talvez nunca tenha sido amor, clamei pra me reerguer de um fracasso até que pude novamente sentir o frescor...das calmas ondas acarinhando meus pés cansados, abraços de brisa, beijos de sol e sal na pele, assim era um homem reestruturado, sensível e de gratidão renovada, cessando esperas do que não mais viria, assim era um "nada" convertido novamente em "alguém" e agora eventualmente volto há três anos atrás e é inevitável não sorrir, voltar não por nostalgias de momentos ou estúpidas sensações de prazer, mas simplesmente pra lembrar de onde consegui sair, unicamente pra lembrar....de viver.

sábado, 17 de julho de 2021

Filhos & pets...

 


Filhos e pets, pais que não tenho mais, a inocente alegria que já nem imagino, sobre estar só em meio à multidão, arte que mui domino; tudo que se nomeia "feliz" no meu caminho ficou pra trás ou não aconteceu por um triz, tudo de realmente legal já faz um bom tempo passado e a nostalgia baila, cirandando ante meus olhos cansados nesse voo solo num céu sem novidades, tudo tão calmo e tranquilo aqui de cima, tão melhor de lidar, visão panorâmica da cidade, talvez em algum lugar lá embaixo alguém esteja rindo às minhas custas, talvez haja alguém que eu nunca soube que gosta, com certeza alguém que esquece ou fala pelas costas, ah, sei lá, o entusiasmo eu deixei em algum lugar da pista e voo baixinho na minha imaginação de cronista, mais um ano se vai, quatro décadas e a solidão se repete e desse lado menos iluminado da noite sorrio tolamente testemunhando a liberdade de filhos e pets...

sábado, 3 de julho de 2021

Sobre não ter alem de ser...


Frio entardecer, aquele de uma pálida tonalidade laranja prestes a escurecer e foi num desses belos tristes fins de tarde que parei de cutucar antigos cortes, uma velha colcha de retalhos, assim minha alma é e hoje eu escolhi ir na fé ao invés da vã espera da sorte, sorte, tão cruel e friamente sorte pra quem não tem, à nós desprezo ao passo que o crepúsculo gentilmente encara a noite, um beijo, beijo de entardecer frio, daqui eu vejo intenções de fazer acontecer, olhares em quaisquer direções que não a minha, o amor, cara, teoricamente ele não foi feito para bolsos vazios...

terça-feira, 22 de junho de 2021

Terapia do entardecer


Entardecer de maré cheia, entardecer de maré calma, olha quantos felizes, outros tantos em cacos, band aid pra alma, cura natural para muitas tristezas e mágoas, eu sei, sob o pôr do sol dos vencedores cá um vencido saindo da água, então nadei; dias tais que pareço não pertencer à essa cidade, sei lá, na verdade à nenhum lugar, estranho, deslocado, indesejável, cara, pra melancolia não há mesmo imunidade, eu poderia estar me afogando numa crise existencial, eu poderia estar submerso em prantos, mas hoje eu preferi ser diferente no mundo e não desejar tudo e tanto, hoje estou livremente me equilibrando na linha do horizonte, "falando sozinho", pra eles é o que parece, mas aqui há um louco se dando em preces, flutuando, agradecendo, encarando o céu aqui do mar, despojado de posses e status, desprezível, dispensável, ora veja, definitivamente não sou quem tu queres que eu seja, até hoje o tal do amor não me encontrou, mas tudo bem, talvez ano que vem, hoje sou só uma criança maltrapilha com os pés descalços na areia correndo em prol da minha paz interior....

domingo, 13 de junho de 2021

Bailas...

Inevitável ou como há muito tempo atrás cantou o trovador, "fundamental amor", oi, olá, meu nome é "dispensável", fere, ainda que se tratando de mera pele, ah, como fere! Outra vez presumi gentil e sem querer, querendo ela mudou a vida de direção e fingiu que nunca mais me viu, aqui lembrando o rei Davi que após a dura aflição da perda, refrescou-se, alimentou-se e sorriu, fazer o que, né, cá estava eu fitando o interior da velha mochila repleta de tantos "nadas" , foi perambulando sozinho pela cidade como de praxe que Deus devolveu-me o ânimo na simplicidade, agora sob as sagradas águas do chuveiro a cabeça raspada, um frescor além do corpo, coração suavemente alegre ao invés de morto, disse-me o reflexo no espelho, dançar, mesmo sem saber resta dançar, bailas, ó filho da puta, que essa merda de vida é de desacostumar...

terça-feira, 8 de junho de 2021

Lembrete daquilo que preciso urgentemente esquecer....

 


Cruas, rimas cruas, ontem um colírio, hoje um martírio, fotografias tuas; já nem olho mais, mas quando ainda me atrevia, sempre dizia à tua imagem imóvel e muda que nunca soubestes realmente o que pra mim foste, hoje só me resta deixar o povo rir de mim, mas na minha amargura preciso ser meu próprio bobo da corte, sorrindo e falando sozinho, lá fora ó que lindo dia primaveril e aqui dentro um silencioso mundo invernal, mar de sal, honestamente saudade de amar, sob o pálido azul da cálida praia a planejar um afogamento, ah, o entardecer, daqui já vejo os primeiros esboços da lua, um profundo mergulho como batismo, deixar submerso todos os resquícios daquele velho sentimento e o incômodo de qualquer memória tua...

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Quem fui eu, quem eu fui?

 


A noite e seus brilhos naturais quase que imperceptíveis, estrelas semi invisíveis por conta das luzes artificiais da cidade, avança a idade, eu sou aquele livro há muito lido e esquecido na estante, eu sou um sonho ambulante de quem acordou e esqueceu com o que sonhou, ali antes era eu devaneando não tão alto, agora somos só minha bicicleta e eu desacostumando pelo asfalto, uma criança perdida em algum lugar da sagrada esfera sem novas esperanças ou esperas, esta noite olhos e mais olhos me esquecem, fantasmas do passado me saúdam enquanto cenários desaparecem...