terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Sorrisos finitos





De mãos atadas e amordaçado me lamento,
aqui do porta-malas deste automóvel lento eu tenho
uma visão limitada da calçada; daqui eu vejo uma garota
com dentes à mostra, sorridente, parece bem apaixonada
e assim segue uma avenida com muitas luzes e pessoas
"inabaláveis", é uma visão que me cansa desde criança,
"Ei, vocês aí, super felizes, tem um suburbano aqui com
dificuldade de respirar!", mas eles me ignoravam como
a escória dos animais, estavam radiantes e querendo mais,
mal sabiam eles que eu já não sou como era antes, tive que
me acostumar à estar preso, tive que aprender à me conformar
com o desprezo já que não era permitido um salto para sumir
no espaço, não podia desistir, não podia deixar de sorrir nem
que fosse debilmente, estava escrito, a gente deveria se virar nesse
universo restrito, bem, ainda tinha meus versos, aplicava I Am A
Rock de Simon como filosofia, "Escondido em meu quarto, seguro
em meu quarto, eu não toco em ninguém, ninguém toca em mim", ah,
vida, nunca descobrirei porque vim, um choro preso, fico sem fala, mas
sabe, nem que eu me arrebente na fuga deste veículo em movimento, um
dia eu salto deste porta-malas!

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