sábado, 10 de janeiro de 2015

Dia lúcido





Sem café, cigarros ou pílula alguma,
acordei muito cedo, dividindo a beliche
com o medo que ainda dormitava aquelas
horas, as mãos em volta do pescoço em
suave estrangulamento, os olhos cheios de
lamento, entre o desassossego e as falsas
promessas de desapego estava em protesto
contra meu eu mais ingênuo, naquele dia monótono
me dei à um monologo; acordei em meio às amargas
memórias de andarilho, lembrando das incontáveis
vezes que prestei-me ao débil papel de suposto
resgatador de corações feridos, os mesmos que
não me deixaram entrar quando sarados, e restando
como de praxe aquela velha aceitação, em um ode
à insatisfação raspei toda a cabeça afim de afugentar,
querendo o máximo de desistências de atenções da
minha existência, naquele dia eu descobri que não era
impossível tornar-me invisível, era só desistir de tentar
cativar, lembrei do meu local favorito de retiro após cada
rejeição e novamente fui lá, a própria tristeza em caricatura,
naquele dia tranquilo finque uma bandeira em algum lugar no
fundo do mar, e enquanto isso o cheiro bom de chuva subia
em frente à floricultura...

Nenhum comentário:

Postar um comentário