quinta-feira, 24 de abril de 2014
O último à sair da lanchonete...
Estou mudo e mudando,
tô vendo através de tudo
porque não vejo graça em
nada por agora; abandonei
meu lanche pra dar uma volta
lá fora com a mente à divagar,
o reflexo do meu semblante distante
na pequena poça de refrigerante deixada
na mesa enferrujada dessa lanchonete esquecida,
olha ali a vida tentando atravessar a avenida, um
trânsito caótico, mas eu espero que desta vez ela
consiga alcançar esse cara outrora neurótico, agora
sereno, a paz de sentir-se pequeno, quase um invisível
entre tantos rostos estranhos, era tudo que eu queria,
brincar disfarçadamente de decifrar olhares, imaginar
a causa de certos sorrisos, alegrar-me indiretamente,
tá pertinho de escurecer, eu vou torcer, eu vejo fome
em algum canto desse mundo diferente, do lado oposto
sinto desgosto em ver cinzas de cigarro apagado sobre
um pudim desprezado, eu vejo gente enfadada de tanta
atenção, e "farrétempo" que já não tenho um coração
assim só pra mim, escrevo versos pra alguém que talvez
nunca conheça, são quinze para meia-noite, quase terça...
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